A EDUCAÇÃO PARA AS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS DE FLORIANÓPOLIS: PERCEPÇÕES DE ESTUDANTES NEGROS/AS DO NÚCLEO CONTINENTE II SOBRE O CURRÍCULO CRIADO (2020-2022)
Educação de Jovens e Adultos. Educação para as Relações Étnico-Raciais. Florianópolis. Estudantes Negros(as).
O presente trabalho objetivou investigar em que medida os/as estudantes negros/as do Núcleo Continente II da Educação de Jovens e Adultos do Município de Florianópolis perpassaram as discussões de Educação para as Relações Étnico-Raciais no currículo que construíram através da pesquisa enquanto princípio educativo. A pesquisa se insere nos esforços de refletir sobre a educação brasileira, principalmente no que diz respeito a espaços escolares antirracistas. A metodologia utilizada foi do Estudo de Caso, tendo como fontes produções bibliográficas e legislação sobre o tema, além de questionários, entrevistas e produções dos/as estudantes negros/as do Núcleo Continente II. Como aporte teórico, enfatizamos Passos e Santos (2018) abordando a relevância de se trabalhar a Educação para as Relações Étnico-Raciais na Educação de Jovens e Adultos; Hall (2011) com o conceito de identidades; Oliveira (2004) abordando a pesquisa enquanto princípio educativo; Arroyo (2010) pontuando o currículo enquanto um campo de disputas de poder; Muryatan Barbosa (2008) conceituando eurocentrismo; Aníbal Quijano (2009) e Pratt (1999), colonialidade; e Boaventura de Souza Santos (2001), racismo epistêmico. Três recortes foram realizados: racial, temporal e espacial. O racial com objetivo de compreender e dialogar com os/as estudantes negros/as sobre as percepções que construíram em seus percursos escolares entrelaçando discussões sobre educação, desigualdades sociais e racismo; o temporal, entre os anos de 2020 e 2022, pensando no marco dos 20 anos da promulgação Lei federal nº 10.639/03; e o espacial, do Núcleo EJA Continente II, por atender regiões periféricas da cidade de Florianópolis, espaços majoritariamente de população negra e caracterizados pela resistência à colonialidade. A conclusão é que a Educação para as Relações Étnico-Raciais perpassou o currículo criado pelos/as estudantes, estando presente em todas as pesquisas realizadas e em suas vivências no Núcleo, com professores/as e demais estudantes. Busca-se contribuir com histórias, memórias e produção de conhecimentos não colonizados sobre a Educação para as Relações Étnico-Raciais, a Educação de Jovens e Adultos e a vida de seus estudantes.