A (DES)LEGITIMAÇÃO POLÍTICA DO TRABALHO DOCENTE NO ENSINO MÉDIO: um estudo comparado das Reformas Educacionais do Brasil e do Chile a partir das orientações do Banco Mundial
Política Educacional no Brasil e no Chile; Trabalho Docente; Organismos Internacionais
Esta dissertação, vincula-se à linha de pesquisa Processos Formativos e Políticas Educacionais do Programa de Pós-Graduação em Educação do Instituto Federal Catarinense - Campus Camboriú teve como objetivo geral: Analisar os impactos das reformas educacionais ocorridas a partir dos anos de 1990 no Brasil e Chile sobre o trabalho docente. Seus objetivos específicos são: a) Identificar a influência dos organismos internacionais/multilaterais na elaboração e implementação das políticas educacionais no Brasil e no Chile a partir dos anos de 1990; b) Apresentar os principais aspectos das diretrizes do ensino médio do Brasil e do Chile na atualidade e suas repercussões sobre o trabalho docente como exemplificação da materialização das orientações dos organismos internacionais/multilaterais e c) Discutir, a partir das orientações do Banco Mundial, os impactos das reformas educacionais sobre o trabalho docente no Brasil e Chile. Metodologicamente, a investigação pauta-se por uma abordagem qualitativa de caráter interpretativo, explicativo e comparativo, utilizando-se de pesquisa bibliográfica e documental. Entre os principais autores para esta discussão estão: Shiroma, Moraes e Evangelista (2007), Krawczyk (2003, 2012), Gentili (2004), Maués (2018). Em que pese a análise documental, os documentos analisados foram: “Prioridades e Estratégias para a Educação (1996)”, “Professores Excelentes: como melhorar a aprendizagem dos estudantes na América Latina e no Caribe (2014)” e “Um ajuste justo: análise da Eficiência e Equidade do Gasto Público no Brasil (2017)”; todos produzidos pelo Banco Mundial. Quantos aos resultados deste estudo destacamos que o processo de deslegitimação do trabalho docente a partir das orientações do Banco Mundial sobre as políticas educacionais ocorre de diferentes formas, dentre as quais destacamos: as avaliações em larga escala implementadas no Brasil e no Chile constituem-se em mecanismo de medição da qualidade da educação, que desconsideram as múltiplas realidades escolares; o resultado das avaliações em larga escola estão sendo compreendidos como instrumentos de culpabilização dos/as professores/as pelo falta de êxito das políticas educacionais, repercutindo na gradativa perda de força política e social da categoria docente; as orientações dos organismos internacionais/multilaterais corroboram para o enfraquecimento e precarização dos vínculos de trabalho dos docentes por meio de contratos temporários e estímulo à meritocracia como forma de progressão na carreira; reforçam o controle da formação e do trabalho docente através de reformas curriculares para formação dos trabalhadores/as da educação educação básica; utilizam-se da formação e do trabalho docente para conformarem uma nova subjetividade da classe trabalhadora de acordo com os interesses e as necessidades do capital.