Discência Líquida? Os processos formativos na perspectiva de formandos(as) dos cursos superiores de Tecnologia da Informação (TI) do Instituto Federal Catarinense (Campus Camboriú)
Educação; Processos Formativos; Formação Inicial; Modernidade Líquida; Tecnologia da Informação.
O sociólogo polonês Zygmunt Bauman (2010) afirma que hoje vivemos no contexto da Modernidade Líquida. Para o autor, neste arranjo social líquido-moderno consumista e individualista, a ideia de ‘educação para toda a vida’ foi preterida e dissipada. Em se tratando do tema ‘trabalho’, a narrativa atual é de que a educação possui como objetivo “preparar” o sujeito para atender às expectativas do mercado de trabalho, ou seja, o conhecimento passou a ser valorizado de acordo com a sua utilidade. A partir dessa hipótese, este estudo, que faz parte da linha de pesquisa Processos Formativos e Políticas Educacionais, no grupo de pesquisa GEPEFOPPE, do Programa de Pós-Graduação em Educação, do Instituto Federal Catarinense (IFC) – Campus Camboriú, partiu da seguinte questão-problema: Como os(as) formandos(as) dos cursos superiores de Tecnologia da Informação (TI), do IFC - Campus Camboriú, experienciam os processos formativos e a relação educação e trabalho no suposto contexto da Modernidade Líquida? De abordagem qualitativa, de perspectiva analítico-descritiva, com característica interpretativa, esta pesquisa apresentou os seguintes objetivos específicos: a) Caracterizar o perfil dos(as) formandos(as) dos cursos superiores de TI do IFC - Campus Camboriú; b) Descrever como se efetivou o processo de escolha do curso superior pelos formandos(as); c) Identificar os apontamentos dos formandos(as) acerca da organização curricular do curso e suas percepções sobre o 'bom' professor, a 'boa' aula e a relação teoria e prática; e d) Descrever as expectativas dos formandos(as) acerca do ‘trabalho’ e da atuação profissional. Como instrumentos de pesquisa utilizou-se o questionário semiestruturado e o grupo focal. O procedimento de análise dos dados foi baseado na técnica de análise de conteúdo de Bardin (2011). A discussão teórica foi embasada, dentre outros, em Bauman (1999, 2001, 2005, 2009, 2010, 2013), Antunes (2007, 2020), Cunha (2010), Demo (2000) e Vanzuita (2017). Os resultados apontam que, majoritariamente: os formandos(as) acreditam que a escolha pelos seus respectivos cursos foi uma decisão própria, sem influência de terceiros; que a formação na graduação, por si só, não apresenta um real alinhamento com sua atuação no mercado de trabalho; que a organização curricular e as disciplinas de seus cursos são, em sua maioria, pouco atualizadas para a prática profissional; que o ‘bom’ professor é aquele que apresenta características como a empatia, por exemplo; que a ‘boa’ aula é aquela que desenvolve-se a partir das práticas profissionais; e que, em relação à prática profissional, os formandos(as) se mostraram inclinados à preferência de uma atuação mais sólida e segura.