PERFIL SANITÁRIO DE JAVALIS (SUS SCROFA) EM VIDA LIVRE ABATIDOS PARA CONTROLE POPULACIONAL NO ESTADO DE SANTA CATARINA, BRASIL
amostras, agentes, patógenos, necropsias, saúde pública.
Os javalis representam potencial fonte de disseminação de agentes patogênicos de importância para a saúde pública e animal, uma vez que podem ser reservatórios de diversos patógenos. O objetivo deste trabalho foi avaliar o perfil sanitário de javalis abatidos para controle populacional no estado de Santa Catarina, situado na região sul do Brasil. Para a realização desse estudo foram colhidas amostras de tecido e soro sanguíneo de 61 javalis de vida livre, abatidos para controle populacional, no período de outubro de 2017 a novembro de 2018. As 61 amostras de soro sanguíneo foram submetidas à pesquisa de anticorpos por diferentes ensaios, obtendo-se a seguinte soroprevalência: circovírus suíno tipo 2 (52%), Mycoplasma hyopneumoniae (20%), vírus da Influenza A (10%), Leptospira spp. (21%) e vírus da Hepatite E (14%). Para Brucella spp. e Peste Suína Clássica não houve sororreagentes. Nas necropsias, as principais lesões observadas foram evidências de parasitas pulmonares (metastrongilídeos), linfonodos hemorrágicos e manchas brancacentas no fígado. As análises histopatológicas evidenciaram principalmente pneumonia intersticial, broncopneumonia e hiperplasia de BALT. Houve associação significativa entre parasitismo pulmonar por metastrongilídeos e hiperplasia de BALT. Os achados patológicos dos javalis indicam que os indivíduos avaliados não foram expostos à patógenos/doenças notificáveis, que causam prejuízos econômicos por barreiras comerciais não tarifárias, como Peste Suína Clássica, Peste Suína Africana e Febre Aftosa. Contudo, a detecção de anticorpos, contra PCV2 e Mhyo, patógenos que impactam a produção comercial, indica a circulação desses agentes, variando em frequência, nas populações selvagens, o que caracteriza potencial risco de transmissão de doenças/patógenos entre as populações de suínos domésticos e de vida livre em ambas as direções. A detecção de anticorpos contra agentes zoonóticos como vírus da hepatite E, vírus da Influenza A e Leptospira spp., além de caracterizarem a circulação dos agentes nessas populações, sugerem potencial risco à saúde pública e/ou à suinocultura, dependendo das interações que estabelecem com o ambiente, seres humanos e suínos domésticos. Com os resultados deste trabalho recomenda-se o incremento na biossegurança de granjas comerciais, bem como cuidados na manipulação das carcaças destes animais e o aprofundamento de estudos do perfil sanitário dos javalis no estado de Santa Catarina e no Brasil e suas implicações ao ambiente, pecuária e saúde pública.