O marreco-de-Pequim (Anas Boschas) é a principal linhagem explorada para a indústria global de produção de carne de pato e outras aves. No continente asiático exerce significativo protagonismo, sendo uma das fontes de carne mais importantes para alimentação humana. No Brasil a maior parte da produção se concentra na região Sul, sendo o estado de Santa Catarina o maior produtor e consumidor. Considerando a importância da espécie para a economia e consumo mundial, foi objetivado nessa dissertação: analisar a curva de crescimento e as concentrações de cálcio e magnésio sérico em marrecos-de-Pequim do nascimento a fase de pré-postura; e avaliar o efeito da inclusão de diferentes níveis de maltodextrina no período final de incubação em ovos sobre parâmetros de incubatório, metabolismo e morfometria intestinal. Foram realizados 2 experimentos, o primeiro avaliou 1.370 aves, sendo 1.100 fêmeas e 270 machos durante 21 semanas. As aves foram pesadas (10% do plantel – 100 fêmeas e 25 machos) ao nascimento e nas semanas 1, 2, 4, 5, 7, 9, 12, 14, 16, 18 e 21. As coletas de sangue foram realizadas nas semanas 1, 7, 14 e 21 sendo compostas por 40 aves de ambos os sexos. Foram realizadas as análises de cálcio e magnésio séricos e determinadas a mortalidade e viabilidade ao final do experimento com 21 semanas de idade. Os dados foram submetidos às análises de variância e regressão utilizando o software Statgraphics 18 ®. Houve efeito do sexo sobre o peso médio das aves (P<0,05) aos 6, 13, 23, 64, 80, 94, 111, 126 e 146 dias de idade, sendo observado o maior ganho de peso nos machos, com 62, 129, 102, 194, 440, 417, 397, 544 e 419 g, respectivamente (P<0,01). As aves permaneceram com a taxa de crescimento acelerada até os 10 dias de idade e após este período o ganho de peso foi menos intenso até as 21 semanas de idade. Machos apresentaram maior taxa de mortalidade em comparação com as fêmeas (18,40% vs. 7,78%). Houve interação entre sexo e idade das aves sobre os níveis séricos e cálcio (Ca) e magnésio (Mg) (P<0,01). Na semana 14 foram observados maiores níveis de Ca em machos em comparação as fêmeas. Maiores níveis de Mg foram observados em machos com 21 semanas de idade. No segundo experimento, foram incubados 1.080 ovos de matrizes de marrecos-de-Pequim entre 34 e 42 semanas de postura, em incubadora de estágio múltiplo. Em cada semana foram incubados 120 ovos. No dia 22 de incubação os ovos foram pesados individualmente e selecionados 80 ovos com peso entre 75 a 85 gramas, distribuídos de forma casualizada entre os quatro tratamentos experimentais, 0; 1,5; 3,0 e 4,5% de maltodextrina. Aos 25 dias de incubação, os ovos foram higienizados e inoculados com 250 µL de solução nutritiva a base de solução salina associada à maltodextrina nas concentrações de 0, 1,5; 3 e 4,5% no líquido amniótico de acordo com o tratamento. O orifício de inoculação foi vedado com parafina fundida e os ovos transferidos para o nascedouro. No nascimento, aos 28 dias de incubação, os marrecos foram pesados individualmente, sendo desclassificados os com desenvolvimento anormal e umbigo mal curado. Nas semanas 35, 39 e 42 foram eutanasiadas 5 aves por tratamento e realizadas as coletas de sangue, fígado e porções de duodeno e íleo, além das pesagens de proventrículo, fígado e moela. Os dados foram submetidos à análise de variância utilizando o software SAS. Houve interação entre maltodextrina e semana de produção sobre o peso ao nascimento e os pesos de proventrículo e moela (P<0,05). Os maiores pesos ao nascimento foram observados na semana 41 com a inclusão de 1,5% de maltodextrina e na semana 42 com a inclusão de 3,0% de maltodextrina. A inclusão de 3,0% de maltodextrina in ovo resultou em maior taxa de eclodibilidade e menores superfícies de absorção tanto de tanto do duodeno quanto do íleo. Com o presente estudo foi possível determinar a curva de crescimento e perfil de cálcio, além de estabelecer a maltodextrina como carboidrato eficaz na nutrição in ovo de marrecos-de-Pequim.

A avicultura brasileira se destaca por seu sistema de integração, e competitividade e crescente incorporação de altos níveis tecnológicos em suas granjas. O objetivo deste estudo foi comparar os resultados zootécnicos e econômicos entre duas tecnologias de aviários de frango de corte, a convencional (ventilação positiva) e a climatizada completa (ventilação negativa), e determinar qual é o sistema mais sustentável. A análise estatística foi conduzida sobre um banco de dados de 20.443 lotes de frangos pesados, produzidos por uma agroindústria em oito regiões do Brasil entre os anos de 2020 e 2021. Para a avaliação zootécnica, as variáveis respostas consideradas foram conversão alimentar, peso vivo no abate, mortalidade na granja, condenação total e parcial de carcaças. Para a avaliação econômica, foram calculados os custos anuais de produção para cada tecnologia, considerando os seguintes itens de maior impacto: ração; mão de obra; energia elétrica; lenha; depreciação do capital investido; e a manutenção das instalações e equipamentos. O efeito do tipo de tecnologia foi significativo nas variáveis zootécnicas avaliadas, e as médias ajustadas foram sempre favoráveis à granja climatizada. O custo total considerado por tonelada de produto entregue, descontando as perdas por condenações totais e parciais, também indicaram uma vantagem econômica das instalações climatizadas completas. Em conclusão, temos uma maior sustentabilidade econômica para produção de frangos de corte em granjas climatizadas, tanto na visão dos os produtores, quanto a da agroindústria.

Na suinocultura, doenças entéricas como a enterite proliferativa são profilaticamente tratadas através da adição de antimicrobianos em doses subterapêuticas na ração fornecida aos animais. No entanto, a utilização de antimicrobianos em larga escala contribui para o surgimento de bactérias multirresistentes. Nesse sentido, a vacinação pode destacar-se como uma importante medida de prevenção da enterite proliferativa em suínos, com potencial contribuição para reduzir o uso de antimicrobianos na produção animal e, consequentemente, para promover os princípios da saúde única. Portanto, o objetivo deste trabalho foi avaliar a vacinação intramuscular para Lawsonia intracellularis em suínos como estratégia para a remoção do uso de antimicrobianos contra este agente, via ração, ao longo das fases de creche, crescimento e terminação. Para isso, foram selecionados 900 leitões machos desmamados aos 28 d de idade, os quais foram pesados individualmente e, de acordo com o peso, distribuídos nos seguintes tratamentos: T1: não vacinado medicado (leitões não vacinados para L. intracellularis e alimentados com ração com adição de antimicrobianos contra o agente); T2: vacinado medicado (leitões vacinados para L. intracellularis e alimentados com ração com adição de antimicrobianos contra o agente); T3: vacinado não medicado (leitões vacinados para L. intracellularis e alimentados com ração sem adição de antimicrobianos contra o agente). A vacinação ocorreu por via intramuscular no segundo dia de alojamento utilizando a Porcilis ileitis® (MSD Saúde Animal). Os animais foram acompanhados ao longo da fase de creche (n=900) e crescimento e terminação (n=792), e subamostras de cada tratamento (n=30) foram avaliadas quanto à concentração sérica de IgG anti-L. intracellularis (aos 29, 49, 65, 98, 128 e 175 d de idade) e à excreção do agente nas fezes (qPCR; aos 49, 65, 98, 128 e 175 d de idade). Além disso, foram avaliadas variáveis como ganho de peso médio diário (GPD), conversão alimentar (CA), ocorrência de intervenções medicamentosas, consumo e custo de antimicrobianos via ração e mortalidade. Durante o abate, o índice de pneumonia e pleurisia (IPP) foi registrado. Não se observou diferença entre os tratamentos quanto à excreção fecal de L. intracellularis e, conforme o esperado, os grupos T2 e T3 apresentaram maior percentual de soroconversão. O GPD dos leitões do grupo T3 durante a fase de creche foi menor (350,1 g) em relação aos demais grupos (T1: 387,5 g e T2: 385,0 g; P<0,01), contudo, sem diferenças na fase de crescimento e terminação (P=0,37). A CA não diferiu entre os tratamentos nas fases de creche (P=0,56) ou crescimento e terminação (P=0,23). O percentual de animais medicados bem como a mortalidade em ambas as fases não diferiram entre os tratamentos (P≥0,13). No grupo T3 o consumo e o custo de antimicrobianos via ração nas fases de creche, crescimento e terminação foi 70% menor em relação aos grupos T1 e T2. Em relação ao IPP, todos os grupos apresentaram pneumonia, mas sem significativa ameaça ao plantel (índices de 0,56 a 0,89). Conclui-se, portanto, que a vacinação contra L. intracellularis pode ser considerada como uma efetiva e potencial estratégia para substituir o uso profilático de antimicrobianos na produção de suínos, sem prejuízos à sanidade ou ao desempenho dos animais.

A compreensão do impacto da contaminação dos ejaculados suínos e produtividade atrelada a fatores extrínsecos é fundamental para o desenvolvimento de medidas de controle. Isso pode resultar na melhoria da qualidade das doses de sêmen e na minimização do uso de antibióticos. O objetivo do presente estudo foi avaliar o efeito da origem, local de alojamento, idade e lavagem prepucial sobre a contaminação bacteriana e produção de doses de ejaculados suínos. No experimento 1, foram utilizados 24 machos suínos (186,6 ± 7,6 d) de linhagem genética comercial distribuídos em um delineamento fatorial 2 x 2, sendo: duas multiplicadoras de origem dos reprodutores, origem A (n=12) e origem B (n=12), e, dois galpões de alojamento da unidade de disseminação de genes (UDG), galpão 1 e galpão 2. Os machos foram mantidos em quarentena (30 d), depois transferidos para os galpões principais (1 e 2), da UDG. O galpão 1 tinha climatização baseada em pressão de ar negativa, piso vazado nas gaiolas dos machos e piso compacto nos corredores, enquanto o galpão 2 tinha pressão de ar positiva, piso totalmente vazado e ventiladores auxiliares alocados nas fileiras dos machos. Durante a permanência dos machos nos galpões da UDG foram realizadas 5 coletas de swab e fluído prepucial, bem como do ejaculado puro e dose diluída. Os machos permaneceram em regime de coleta semanal de ejaculado na UDG por 196 d, cujo manejo foi realizado pela mesma pessoa durante todo o período. Foram realizadas análises espermáticas (motilidade e morfologia) em sistema CASA (AndroVision®, Minitub, Alemanha) e quantificação de unidades formadoras de colônias (UFC). Machos da origem B alocados no galpão 2 tiveram menor contagem de UFC (P<0,05) quando comparados aos machos da origem A, independentemente do galpão (1,4 ± 0,2 vs 1,9 ± 0,1 Log10, respectivamente). Além disso, foi observada uma correlação negativa (r= -0,27) entre a idade do macho e a contaminação da amostra de esperma cru (P<0,01; considerando a variação da idade durante o estudo). Além disso, a qualidade do ejaculado e a produção de doses de inseminação, os machos da origem A alocados no galpão 1 apresentaram maior taxa de descarte devido à má morfologia (P<0,0001), menor motilidade total do ejaculado puro (P<0,01), menor concentração/ejaculação (P<0,05) e como consequência um menor número de doses produzidas (P<0,01). Por fim, os machos da origem A apresentaram maior chance (4,4 vezes) de necessitar de intervenção medicamentosa (antibiótica e anti-inflamatória) quando comparados aos da origem B. No experimento 2, ejaculados (n= 201), provenientes de 144 machos da mesma linhagem genética foram divididos aleatoriamente em 2 grupos: sem lavagem prepucial (G1, n= 81 ejaculados) e com lavagem prepucial (G2, n= 120 ejaculados). Os machos foram alojados no mesmo galpão e submetidos à coleta de sêmen pela mesma pessoa. A lavagem prepucial consistiu na infusão de 120 ml de solução de NaCl 0,9% dividido entre o canal prepucial e divertículo, a lavagem foi realizada imediatamente antes de cada coleta. Para todos os machos, foram obtidas amostras de ejaculado fresco e dose diluída. E para parte dos machos (n= 47) a porção pré-espermática foi coletada independente do grupo. Em relação às UFC, foi observado diferença (P<0,0001) ao comparar o ejaculado puro entre os grupos com e sem a lavagem prepucial (1,72 ± 0,08 vs 2,47 ± 0,14 Log10, respectivamente). Em relação aos dados de motilidade não foi observado diferença (P>0,05) entre os grupos com e sem lavagem prepucial. Na comparação do nível de contaminação entre a porção pré-espermática e o restante do ejaculado puro, a porção pré-espermática apresentou UFC mais elevada quando comparada ao restante da porção do ejaculado (2,85 ± 0,16 vs 2,02 ± 0,07, respectivamente; P<0,001). Em conclusão, a origem ao nascimento e o galpão de alojamento e a idade dos machos tiveram um efeito na produtividade da contaminação do ejaculado puro, das doses de inseminação e das intervenções medicamentosas. A lavagem prepucial e a porção do ejaculado influenciam no nível de contaminação bacteriana do ejaculado puro.

O processo de urbanização é uma tendência global e um dos desafios das áreas urbanas é assegurar alimentos aos habitantes. É necessário buscar alternativas para garantir alimentos em qualidade e quantidade suficientes para atender a demanda dos habitantes destas regiões. Neste sentido o FLOCponic, é uma alternativa viável, pois caracteriza-se como por otimizar espaço, recursos hídricos e nutrientes possibilitando produzir em um único sistema espécies de diferentes níveis tróficos, como peixes e hortaliças. Este trabalho buscou aprimorar a eficiência da produção sustentável de alimentos através da otimização do uso de nutrientes na piscicultura em biofloco de forma integrada ao cultivo de hortaliça. Realizou-se o cultivo de hortaliça com os nutrientes excedentes da alimentação e excreta dos peixes, desta forma otimizando os nutrientes que anteriormente seriam inutilizados, ou que até mesmo poderiam ser causadores de desequilíbrio no sistema de cultivo. Foram utilizados 12 unidades experimentais, compostas por duas caixas circulares com capacidade de 500L e 100L, sendo que, 4 unidades tilápia-do-nilo e alface (Lactuca sativa L.), 4 unidades (tilápia-do-nilo (Oreochromis niloticus) + rúcula (Eruca sativa)), e 4 unidades apenas com tilápis-do-nilo (controle), cada unidade experimental recebeu 80 alevinos de tilápia- do-nilo com peso médio de 3,39g. Para controle de qualidade da água foi mensurado oxigênio dissolvido, temperatura, condutividade da água, concentração de amônia (NH3), nitrito (N-NO2), nitrato (N-NO3), ortofosfato (PO4), alcalinidade (CaCO3), pH e sólidos suspensos totais (SST). A inserção de hortaliças no sistema elevou a absorção de Nitrogênia ( N ) e Fósforo ( F ) do sistema.

O objetivo do trabalho foi avaliar dietas de inverno suplementadas do ALL-PROTM, um aditivo alimentar rico em DHA (126 g kg−1 de peso seco) e nucleotídeos (5 g kg−1 de peso seco), para peixes produzidos a campo no município de Rio Negrinho – SC, durante o período de outono ao verão. Foram formuladas duas dietas isoenergéticas para atender às exigências nutricionais da tilápia, a primeira simulando uma ração comercial e a segunda, suplementada com 1,7% do aditivo. Juvenis de tilápia-do-nilo, 16.09 ± 0.13 g foram estocados em 12 tanques-rede (1,6 m3), dispostos em um tanque escavado, na densidade de 45 peixes por m3 e alimentados por 245 dias, com a água apresentando temperatura média na faixa de 20.00 ± 4.39°C. O delineamento usado foi o totalmente casualizado, distribuindo dois tratamentos (teste e controle) e seis repetições. O teste t de Student foi utilizado para comparar todos os dados obtidos neste projeto e adotado um nível de significância de 5%. A taxa de alimentação diária foi de 3-6% de biomassa durante a fase inicial de crescimento e temperatura média superior de 19°C. Em temperaturas inferiores foi realizada a redução gradual para 0,75%. Durante o período experimental, a temperatura mínima da água foi 11°C, ocasionando grande redução no consumo alimentar dos peixes e afetando seu crescimento. Neste período os peixes apresentaram comportamento alimentar visando somente sua manutenção, sem ganho de peso. Diante o aumento nas médias diárias na temperatura, superior a 19°C e no crescimento dos animais, a taxa de alimentação passou para 1,3-3% e seguiu até o final do experimento. O índices de ganho no peso final, conversão alimentar, taxa de crescimento específico, rendimento de filé, peixe eviscerado e tronco limpo (peixe eviscerado sem a cabeça) ocorreram nos animais alimentados com a dieta teste. Os peixes alimentados com a dieta controle apresentaram maior ingestão alimentar em porcentagem de peso vivo diário. Em conclusão, a adição do aditivo rico em DHA e nucleotídeos, na taxa de 1,7%, mostrou-se eficiente para fornecer aos juvenis de tilápia-do-nilo, condições nutricionais para uma melhor termorregulação diante de baixas temperaturas.

Este trabalho teve como objetivo avaliar a resistência e os parâmetros hemato-imunológicos do Litopenaeus vannamei diante do desafio do vírus da mancha branca (WSSV) associado ao estresse térmico, após a suplementação alimentar com 0, 1, 2, 3 e 4% de inclusão da microalga Aurantiochytrium sp. Os camarões foram criados em tanques de 400 L em triplicata, durante o período de 63 dias em temperatura subótima (22°C), em sistema de água clara. Os animais foram alimentados quatro vezes ao dia, e a quantidade de ração foi calculada pelo método de conversão alimentar programada. Para o desafio com WSSV, 14 animais por tratamento foram transferidos para tanques de 50 L, aclimatados por 48h, e então infectados oralmente com carga viral total de 2,6x106 por grama de animal. Após a infecção, os camarões foram mantidos por 108 h sob temperatura subótima (22°C), seguidos por 12 h de elevação da temperatura até atingir 28 °C (0,5 °C h-1) e mais 48 h sob temperatura ótima (28°C), totalizando 7 dias. A mortalidade foi monitorada a cada 3h ao longo de toda infecção. As amostras de hemolinfa foram coletadas 96 h e 168 h após a infecção viral. Os dados foram testados quanto a normalidade e homogeneidade, para atender os requisitos da ANOVA e MANOVA. Os tratamentos com suplementação de 3% e 4% de Aurantiochytrium sp. apresentaram menor mortalidade durante o período sob temperatura subótima e ao final do bioensaio apenas o nível de 4% resultou em menor mortalidade (p<0,5), porém não foi observado diferença nos parâmetros hemato-imunológicos entre os tratamentos (p>0,05). Ao utilizar a análise multivariada para avaliar os diferentes parâmetros e condições, observou-se que o T0 durante o período sob temperatura de 22°C diferiu dos demais tratamentos, em decorrência do expressivo aumento da mortalidade neste período, bem como dos reflexos sobre a atividade da PO e do título de aglutinação. Deste modo, os resultados sugerem que a suplementação de Aurantiochytrium sp., em particular o nível de 4%, pode ser benéfica para produção de camarões sob temperatura subótima e na mitigação dos efeitos de estresses por variação térmica e infecção viral.

O frango de corte após o nascimento não é imunocompetente e depende da transferência de anticorpos maternos via ovo para que desenvolva proteção contra patógenos nos primeiros dias de vida, como por exemplo, contra o reovírus aviário. Atualmente, pouco se sabe sobre como a idade da matriz influencia na transferência de imunoglobulinas na progênie. Dessa forma, o estudo teve por objetivo avaliar o efeito da idade de matriz sobre a imunidade e o desempenho de frangos e sua relação no desenvolvimento de artrites por reovírus. Foram utilizados 3.600 frangos de corte machos, ROSS 95, provenientes de matrizes pesadas de idades diferentes, sendo os tratamentos, T1: 31 semanas; T2: 33 semanas; T3: 37 semanas; T4: 44 semanas. Os frangos foram distribuídos em 72 boxes, com 50 aves em cada box, totalizando 900 aves para cada tratamento. Foram realizadas as análises de desempenho no dia 1, 7, 14, 21, 28, 35 e 42 de idade dos frangos, para obtenção do peso médio (PM), ganho de peso (GP), conversão alimentar (CA) e mortalidade (MT). Foram coletadas amostras de sangue dos frangos nas idades de 1, 21 e 42 dias para a avaliação do perfil imunológico através da técnica de imunócrito e titulação por ELISA para o diagnóstico sorológico de reovírus. Os dados foram analisados utilizando o software SAS (SAS Inst. Inc., Cary, NC, v.9.4). Para os resultados de desempenho, o PM dos frangos aos 21 dias, o GP de 15 a 21 dias; GP de 22 a 28 dias e o GP de 29 a 35 dias apresentaram um efeito quadrático (P<0,05). Os frangos do T3, apresentaram maior PM aos 21 dias de idade (1052,890g) e GP de 15 a 21 dias (479,833g) em relação aos demais tratamentos (P<0,05). O GP de 22 a 28 dias e o GP de 29 a 35 dias foram maiores para os frangos oriundos de matrizes mais jovens (T1) com 31 semanas de idade, sendo estes resultados de 853,667g e 719,833g, respectivamente quando comparado aos outros tratamentos (P<0,05). Os valores de CA e a MT dos frangos não apresentaram diferença entre as idades das matrizes de cada tratamentos (P>0,05). Os resultados de taxa de imunócrito e das titulações de anticorpos para reovírus dos frangos nas idades de 1, 21 e 42 dias foram semelhantes independentemente da idade da matriz (P>0,05). No entanto, foi observado diferença significativa para estes dois parâmetros dos frangos em idades diferentes (1, 21 e 42), mas provenientes da mesma idade de postura de matriz (P<0,05). O presente estudo demonstrou que a idade da matriz influenciou no peso médio dos frangos na fase de crescimento (21 dias de idade), sendo maior naqueles oriundos de matrizes com 37 semanas, porém, o ganho de peso entre fase crescimento/final (22 a 35 dias) foi maior para frangos oriundos de matrizes mais jovens, com 31 semanas. De acordo com a taxa de imunócrito e a titulação de anticorpos contra reovírus, não houve influência da idade da matriz sobre a imunidade dos frangos.

O farelo de milho é um coproduto obtido pela degerminação do grão de milho etapa onde se retira a casca e é extraído o germe do milho, passa por peneiramento que é responsável por purificar, reduzir e extrair todo o farelo possível. O presente trabalho avaliou a viabilidade do uso de um coproduto do milho, gerado e/ou produzido na indústria (moinho), como agente aglutinante final para rações peletizada de bovinos. Para este fim foi selecionado uma formulação na linha de bovinos de leite, ração peletizada com 22% de proteína, que é o carro-chefe nas vendas de produtos da empresa. Foram incluídos diferentes níveis de farelo de milho na formulação (5%; 7,5%; 10%; e 12,5%); para avaliar o que melhor representaria um nível satisfatório de aglutinação do pellet e sua qualidade, e observar o efeito do transporte sobre a integralidade do pellet até a propriedade rural. O experimento foi realizado nas dependências da fábrica de rações e nas propriedades rurais. Foram coletadas amostras em três pontos específicos: silo de produto acabado; saída balança a granel; e no silo do cliente, totalizando 30 amostras mensais, contemplando 10 meses de coleta. Apesar da inclusão de farelo de milho não ter influenciado o PDI, houve melhoria na qualidade bromatológica da ração para gordura, fibra bruta e fósforo. As variáveis dureza, matéria seca e umidade foram influenciadas pelo local de coleta da ração, sendo que quanto mais distante da fábrica, menor a umidade maior a dureza e MS. Esse resultado corrobora a relação observada entre distância da propriedade e dureza do pellet, sendo que nas propriedades mais distantes o pellet apresentou maior durabilidade. As estações do ano tiveram influência em todas as variáveis estudadas, sendo observado o melhor pellet na estação de verão devido aos maiores valores de dureza e PDI. A inclusão do farelo de milho não melhorou a qualidade da peletização da ração.

A qualidade da carcaça e consequentemente da carne bovina é dependente de vários fatores intrínsecos e extrínsecos aos animais. Entre os fatores extrínsecos pode-se citar a nutrição que o animal recebe na terminação. Estes fatores isolados ou em conjunto definirão a qualidade físico-química, tecnológica e sensorial da carne. Portanto, o objetivo do presente estudo foi avaliar o efeito do sistema de terminação sobre o perfil lipídico do músculo longissimus thoracis em carcaças de novilhos certificados. O experimento foi conduzido em plantas frigoríficas com inspeção e com certificação de raça. As amostragens das carcaças foram realizadas por seleção deliberada, sendo selecionadas apenas a carcaça de machos abatidos com idade entre 18 a 24 meses da raça Hereford terminados a pasto, em semi confinamento ou em confinamento. Assim, foi um delineamento inteiramente casualizado com três tratamentos e 12 repetições. Foram avaliados o peso de carcaça quente e fria, a idade, o acabamento, o pH, a área de olho de lombo (AOL), o comprimento, a altura e a espessura de gordura da AOL, a cor da carne e da gordura e o marmoreio. Serão avaliados os teores de umidade, cinzas e proteína bruta, bem como a quantificação e identificação do perfil lipídico do musculo longissimus thoracis de cada carcaça. Os dados foram analisados no programa SAS. Houve correlação positiva entre o peso de carcaça quente e o peso de carcaça fria dos animais (r=0,95), entre o pH e a cor da carne (r=0,52), entre a cor da gordura e a idade (r=0,83) e entre espessura de gordura da AOL e o marmoreio (r=0,45). Houve efeito do sistema de terminação sobre todas características da carcaça e da carne dos bovinos de corte certificados avaliadas (P<0,005), exceto sobre o pH, a espessura de gordura da AOL e o marmoreio (P>0,05). Os dois componentes principais explicaram 53,60% da variação nas características da carcaça e da carne de bovinos de corte certificados. Espera-se que os animais terminados a pasto apresentem carne com maiores teores de ômega-3 e ácido linoleico conjugado (CLA) que os animais terminados em semi confinamento e confinamento trazendo benefícios à saúde humana.

São inúmeras as causas de condenações nas linhas de inspeção de frangos, dentre elas, as contusões e as fraturas são causas relevantes, ocasionando prejuízos ao setor. Além das perdas financeiras em decorrência das condenações parcial e total de carcaças e destinações à industrialização, as contusões e fraturas caracterizam-se como problemas de manipulação ou técnica, pois, em algum momento, houve falhas humanas ou tecnológicas. Objetivou-se avaliar o risco microbiológico relacionado às contusões e fraturas em partes de carcaças de frango que são removidas, condenadas ou destinadas à industrialização. Foram avaliadas as contusões e fraturas recentes, classificadas como falhas tecnológicas nas etapas de processamento industrial. As avaliações de contusões foram divididas em amostras de peito (n=18), de asa (n=18) e de perna (n=28), totalizando 64 amostras. As amostras foram classificadas em quatro subgrupos de acordo com o grau de lesão (controle, discreto, moderado e grave), considerando o aspecto macroscópico da peça e coloração. As fraturas foram avaliadas em amostras de asa (n=22) e de perna (n=15), totalizando 37 amostras. As amostras foram classificadas em três subgrupos (controle, fratura branca e vermelha) de acordo com o tipo de lesão (presença ou ausência de hemorragia). Para cada peça coletada, tanto para contusões como para fraturas, inclusive no grupo controle, foram realizadas cinco análises microbiológicas para a contagem de Salmonella spp., aeróbios mesófilos, Escherichia coli, Staphylococcus aureus e Clostridium perfringens. Após a realização das coletas e análises estatísticas dos dados, constatou-se que não houve crescimento microbiano de S. aureus, C. perfringens e Salmonella spp. em qualquer amostra analisada. Houve crescimento de aeróbios mesófilos e E. coli., que são indicadores de higiene e manipulação, porém em níveis equivalentes aos encontrados nos grupos controle, ou seja, não houve aumento de contagem bacteriana nas amostras com contusão ou fratura. Conclui-se que as partes acometidas por contusões e fraturas recentes, de acordo com os resultados obtidos, tendem a ser seguras ao consumo, desde que adotadas as medidas corretas de boas práticas de fabricação que evitem a contaminação cruzada dessas partes.

O objetivo do presente estudo é verificar a influência da mastite subclínica sobre os marcadores zootécnicos e inflamatórios em vacas leiteiras da raça Jersey. Foram coletados dados zootécnicos, amostras de sangue e leite de 59 vacas leiteiras da raça Jersey mantidas em sistema semi-extensivo de uma propriedade leiteira localizada em Braço do Norte - SC. As amostras de leite foram coletadas a partir do uso do copo coletor individual, encaminhadas refrigeradas para laboratórios da rede brasileira de controle de qualidade do leite, para análises das características de qualidade: contagem de células somáticas (CCS), lactose (lact), proteína, gordura, extrato seco total e desengordurado (ESD), caseína, ponto de congelamento e nitrogênio ureico (Nul). A colheita de sangue foi realizada após a ordenha, por punção do complexo arteriovenoso coccígeo. Amostras da dieta total fornecida e das pastagens foram encaminhadas para análises bromatológicas. As amostras para análise dos biomarcadores inflamatórios (Paraoxonase-1, albumina e proteínas plasmáticas totais) foram enviadas para o laboratório Nupeec da Universidade Federal de Pelotas - RS. Dos dados zootécnicos foram analisados o escore de condição corporal, número de lactações, produção, dias em lactação, intervalo entre partos, número de inseminações até concepção, intervalo parto concepção e dias de gestação. As vacas foram categorizadas pela contagem de células somáticas (CCS) em um grupo com mastite subclínica (Gsub) com resultados de CCS maiores ou iguais a 200.000 céls/ml e um grupo controle (GC). Os dados das variáveis metabólicas, qualidade do leite e dados zootécnicos foram submetidos a regressão multivariada e análise de variância one-way, utilizando o programa SAS. Na análise de regressão multivariada, vários marcadores influenciam na composição do leite, explicando quase 99% dos dados, como na lactose, proteína total e caseína. Na análise de variância foi demonstrado que o GSub reduziu as concentrações de lact (4,37 vs 4,47 %; P= 0,0002), de Nul (20,55 vs 23,85 mg/dL; P = 0,02) e de ESD (9,24% vs 9,50%; P = 0,02). Foi observado que os animais do Gsub possuíam maiores números de lactações em relação ao GC (4,30 vs 2,69; P=0,0039). A partir dos dados obtidos em nosso estudo concluímos que vacas Jersey com mastite subclínica possuem menor teor de lactose, ureia e extrato seco desengordurado no leite, apresentando também maior número de lactações. A lactose se mostrou um bom marcador no leite para diagnóstico de mastite subclínica em vacas Jersey.

O objetivo deste estudo foi avaliar o uso de suplemento glicoeletrolítico sobre o desempenho, parâmetros sanguíneos e morfologia intestinal de leitões no período pós-desmame. Foram utilizados 240 leitões Agroceres PIC desmamados com idade de 22,60 + 1,10 dias e peso inicial médio de 6,30 + 1,0 Kg. O grupo controle (n=120) recebeu somente água e o grupo tratamento (n=120) recebeu o suplemento glicoeletrolítico oral diluído em água (0,75%) em cochos acessórios durante os três primeiros dias após o desmame. Foram avaliados os parâmetros como consumo de ração, ganho de peso diário, peso final, conversão alimentar e taxa de mortalidade aos 3, 7 e 49 dias após o desmame. A análise de glicemia foi realizada em todosos leitões no terceiro dia do experimento. Foi realizada a coleta de sangue de 12 leitões de cada tratamento no terceiro dia após o desmame para análise de hemograma. Após, os leitões foram eutanasiados para coleta de fragmentos de duodeno e jejuno para as avaliações anatomopatológicas e de morfometria intestinal. A ocorrência de diarreia e o escorre de fezes foi verificada em todos os leitões durante o fornecimento do glicoeletrolítico. A análise estatística dos dados de desempenho, parâmetros sanguíneos e morfometria intestinal foi realizada por meio de ANOVA com comparação entre médias pelo Teste F, a um nível de significância de 5%. De acordo com os resultados, foi observada melhor conversão alimentar (1,29) para o grupo de leitões suplementados com glicoeletrolítico e maior consumo de líquidos (0,639 L/dia) no terceiro dia após o desmame (P<0,05). O grupo de leitões suplementados obtiveram índice glicêmico (80,78 mg/dL), volume corpuscular médio (67,35 fL) e hemoglobina corpuscular média (20,46 pg) superiores ao grupo de leitões controle (P<0,05). A avaliação da integridade intestinal e a probabilidade de ocorrência de diarreia foi semelhante entre os grupos (P>0,05). O suplemento glicoeletrolítico oral pode ser uma opção para leitões logo após o desmame, pois melhorou a conversão alimentar e o consumo de líquidos, além de aumentar a glicemia sem a ocorrência de diarreia, reduzindo assim a desidratação e o déficit energético.

Staphylococcus aureus é um dos principais causadores de contaminações alimentares em todo o mundo, ocasionadas por enterotoxinas estafilocócicas pré-formadas em carnes processadas e ou laticínios. Uma característica importante das enterotoxinas estafilocócicas é sua grande resistência ao calor, congelamento, secagem, enzimas proteolíticas e baixo pH, isto permite que estas persistam após o processamento e tratamento dos alimentos, mesmo quando as bactérias produtoras da toxina tenham sido inativadas. No presente estudo, foi examinada a frequência de enterotoxinas estafilocócicas em produtos cárneos prontos para consumo. Para isso, foram avaliadas 130 amostras de produtos prontos para consumo (presunto, apresuntado, salame, lombo defumado, linguiça calabresa e patê), pratos prontos (frango defumado, pizza, lasanha, strofonoff e macarrão), matéria prima (carne mecanicamente separada (CMS) de frango) e linguiça frescal. As amostras foram submetidas à contagem de estafilococos coagulase positiva, utilizando placas de contagem rápida (PetrifilmTM Staph Express 3M) e a detecção de enterotoxinas estafiolocócicas empregando um método imunoensaio enzimático (RIDASCREEN®). No total, 26 amostras (20%) apresentaram contagens de Estafilococos coagulase positiva. E nenhuma das amostras (0%) apresentou positividade para enterotoxinas estafilocócicas. Essa baixa incidência evidencia o baixo risco de infecção a partir do consumo deste tipo de alimentos, desde que seguidas as medidas de higiene e controle na produção.

A gestão do plantel de reposição de um sistema de produção de suínos é um fator limitante para se atingir os alvos de cobertura e produção de leitões. Taxas anuais entre 40 e 50% de reposição de fêmeas são comumente praticadas. Em ruminantes o uso da suplementação exógena de progesterona (P4) é utilizada para a indução de puberdade bem como ao retorno da ciclicidade após o parto ou início da estação reprodutiva. No entanto, essa abordagem não foi ainda testada em suínos. O objetivo do trabalho foi avaliar o efeito da utilização de progesterona injetável de longa ação (iP4) para indução da puberdade em leitoas e no desempenho reprodutivo. O trabalho foi conduzido em uma unidade quarto sítio com capacidade de alojamento de 2300 leitoas, localizada no alto vale do Itajaí, estado de Santa Catarina, Brasil. A primeira etapa foi caracterizar o metabolismo da iP4 em leitoas contemporâneas pré-púberes (153 d). Foram formados quatro grupos sendo administrado via intramuscular 150mg, 300mg e 600mg de P4i (Sincrogest Injetável, Ourofino, Brasil) e no grupo controle 1ml solução salina. A dosagem sérica de P4 foi feita nos dias D0, D2, D4, D8, D12, D16. A segunda etapa foi avaliar o uso de de P4i para indução de cio em leitoas. Foram utilizadas duas repetições, na primeira, foram utilizadas leitoas com 179±5 d divididas em dois grupo: Controle (n=108), receberam 2,0 ml de sol salina IM; iP4 (n=106): receberam 300 mg de iP4. Na segunda repetição foram utilizadas leitoas pré-púberes com 148±5 d divididas em dois grupo: Controle (n=110), receberam 2,0 ml de sol salina IM; iP4 (n=108): receberam 300 mg de iP4. A estimulação do cio com macho adulto ocorreu uma vez ao dia iniciando no dia do tratamento para o primeiro e aos 184 d para a segunda repetição. As leitoas quando atingiram idade mínima de 230 d e peso de 130 kg eram submetidas ao protocolo de inseminação artificial intracervical com doses heterospérmicas e concentração de 2,5 x 109 espermatozoides viáveis. As fêmeas em anestro foram abatidas e seus tratos reprodutivos avaliados para avaliação de estruturas ovarianas. Os dados reprodutivos de retorno ao cio, prenhez, parto e tamanho de leitegada foram registrados. Em relação a curva de metabolização de P4 nas leitoas houve efeito do tratamento, assim como do dia após a aplicação da iP4 e da interação tratamento*dia (P<0,05). Os tratamentos iP4 300 e iP4 600 mg mantiveram níveis plasmáticos de P4 acima de 5 ng/ml pelo menos por 8 dias. Na segunda etapa na primeira repetição, a suplementação de progesterona aos 179 d interferiu no intervalo indução iP4 e o primeiro estro (17,12±1,27 vs. 23,08±1,38; P=0,0018). No entanto na segunda repetição quando a iP4 foi fornecida aos 148 d não foi observado diferença entre os tratamentos (P>0,05. Os parâmetros reprodutivos (TN, NV, NATI, MUM) não foram impactados pelo tratamentos controle e iP4 (300 mg) nas duas repetições. Da mesma forma as frequências (expressão de estro, prenhez e parto ajustado), não foram impactadas pelos tratamentos das duas repetições do estudo (P>0,05). O percentual de fêmeas cíclicas na inspeção ao abate foi de 39,32%, sem diferença entre os grupos (P>0,05). A utilização de iP4 de longa ação não possui efeito indutor de ciclicidade em leitoas, porém retarda a manifestação do estro em fêmeas possivelmente púberes suplementadas aos 179d.

A inseminação artificial (IA) é considerada uma prática indispensável para disseminação de material genético e alcance de bons índices reprodutivos e, apesar das vantagens relacionadas, ainda existem limitações principalmente voltadas ao manejo técnico e mão de obra demandadas. A partir deste cenário, a tecnologia Pulse-flow® foi desenvolvida buscando sanar os pontos críticos e dificuldades relacionadas a padronização do manejo de inseminação artificial. O equipamento de inseminação semiautomatizado opera digitalmente com a deposição de sêmen em frequência e pressão similar a monta natural, aproximando a IA da fisiologia reprodutiva natural da fêmea, melhorando os resultados reprodutivos. Assim, o objetivo do presente trabalho foi comparar a tecnologia Pulse-flow® (grupo Tratamento) de inseminação artificial com a metodologia manual tradicionalmente utilizada para IA (grupo Controle). O experimento foi constituído por 455 fêmeas, com ordens de parto entre 2 e 6, ao longo de 12 semanas. Após o desmame os animais foram alocadas em gaiolas e distribuídos nos grupos experimentais levando-se em consideração a ordem de parto, número de desmamados da leitegada anterior e o escore de condição corporal. A identificação de cio foi feita diariamente através do reflexo de tolerância ao homem na presença do macho duas vezes por dia. As fêmeas foram inseminadas de acordo com o protocolo de intervalo de inseminação artificial da granja, através da técnica de IA pós-cervical. Para isto, 233 fêmeas foram inseminadas com o Tratamento Pulse-flow® e 222 fêmeas foram inseminadas no grupo Controle, tendo sido distribuídos igualmente entre os grupos os inseminadores e os machos utilizados. Após as inseminações, as variáveis tempo de inseminação, incidência de refluxo, qualidade do sêmen (crescimento bacteriano, motilidade e defeitos espermáticos), taxa de parição, número de nascidos totais e porcentagem de nascidos vivos foram avaliadas. Conforme esperado, ao analisar os dados de ordem de parto, número de desmamados da leitegada anterior, condição corporal, número de inseminações por fêmea e machos utilizados, os resultados demonstraram que não houve diferença entre os grupos (P > 0,05) denotando distribuição homogênea entre os tratamentos. Os dados de tempo de inseminação, presença de refluxo, percentual de prenhez, porcentagem de nascidos vivos, natimortos e mumificados não apresentaram diferença significativa entre os tratamentos (P > 0,05). No entanto, para a variação de tempo de IA, o Tratamento apresentou menor variação que o grupo Controle (P < 0,001). Para as taxas de nascidos, foi verificada diferença entre os grupos experimentais (16,2 ± 3,5 e 17,2 ± 2,8 leitões, respectivamente para os grupos Tratamento e Controle; P = 0,03). Portanto, a utilização da tecnologia Pulse-flow® através da pistola de inseminação artificial apresentou maior padronização no tempo de inseminação artificial em comparação a metodologia de IA tradicionalmente utilizada no entanto, foi observada queda nos resultados de nascidos vivos, demonstrando que ainda são necessários estudos para padronização de protocolos para sua utilização de forma rotineira nas granjas de suínos.

Os eventos sanitários são responsáveis por grandes impactos econômicos na suinocultura, dentre eles a enteropatia proliferativa e Salmonelose, causados pela Lawsonia intracellularis e sorovares enteropatogênicos de Salmonella, respectivamente. Entre as ferramentas de controle de doenças, a vacinação tem contribuído substancialmente para a redução do efeito negativo de patógenos nas diferentes fases da produção de suínos. Nesse sentido, a proposta deste estudo foi avaliar o efeito da vacinação contra Salmonella e Lawsonia no desempenho zootécnico de suínos no crescimento e terminação. Para tanto, 2.500 suínos foram distribuídos em cinco tratamentos (n=500 animais/tratamento subdivididos em 50 baias), sendo a baia a unidade experimental. No desmame, os suínos foram identificados, pesados e na chegada na creche foram distribuídos nos seguintes tratamentos: T1 vacina oral para Lawsonia intracellularis, T2 vacina injetável para Lawsonia intracellularis e Salmonella Typhimurium, T3 vacina injetável para Lawsonia intracellularis, T4 vacina injetável para Salmonella Typhimurium e T5 sem vacina, constituído o grupo controle. A segunda pesagem foi realizada na transferência da creche para a terminação e a terceira no pré-abate. Durante o experimento foi registrado a ocorrência de evento clínico, intervenção medicamentosa, mortalidade, desclassificação de animais e a presença de diarreia nas baias. Comparando-se os tratamentos, não foi observada diferença estatística (P>0,05) para ganho de peso diário, mortalidade/desclassificação de animais e intervenções medicamentosas. A incidência de diarreia nas baias e prevalência de baias com diarreia também não afetada pelos tratamentos. Na condição estudada os tratamentos afetaram as variáveis de interesse analisadas.

A necrose da cabeça do fêmur está presente em grande parte dos plantéis avícolas, impactando tanto o campo quanto a indústria, tendo em vista alguns fatores de risco potenciais no surgimento da lesão em aves de corte, como desafio sanitário e baixo desempenho zootécnico. Com o objetivo de quantificar o aparecimento da lesão de necrose femoral nos frangos pesados e analisar quais variáveis associadas com a qualidade sanitária e zootécnica dos lotes têm maior impacto para ocorrência dessa patologia, foram avaliados 229 lotes de frango de corte no intervalo de 12 meses. Os dados coletados foram examinados e submetidos a uma classificação de escores de 0 a 3, conforme grau de lesão apresentado, sendo escore 0: sem lesão; escore 1: lesão leve unilateral ou bilateral; escore 2: lesão grave unilateral; e escore 3: lesão grave bilateral. Na sequência, foi realizada uma avaliação por meio de técnicas de análise multivariada, e as médias dos grupos foram comparadas pelo teste de DSCF, com nível de significância de 5%. A variação entre classes foi investigada usando uma análise canônica (Candisc). A condenação total e a condenação parcial por artrite foram as variáveis categóricas que se apresentaram com interferência no escore de lesão de necrose de cabeça de fêmur com nível de significância (p ≤ 0,05). Os demais indicadores sanitários e zootécnicos, quando comparados aos diferentes escores, não tiveram diferença significativa, o que sugere que essa interferência pode estar relacionada a fatores genéticos ou nutricionais, não mencionados neste estudo, mas dignos de nota e que podem ter um importante papel para ocorrência dessa patologia osteoarticular.

Os óleos essenciais são compostos secundários extraídos de plantas com potencial para modulação de fermentação ruminal. Desta forma o objetivo do trabalho foi avaliar o uso de um blend de óleos essenciais como alternativa a monensina para bovinos de corte confinados e seus efeitos na fermentação ruminal, parâmetros sanguíneos e desempenho dos animais. Foram utilizados 60 machos castrados de padrão racial braford, peso vivo médio inicial de 250 kg e idade 9,05 meses. Em um delineamento inteiramente casualizado, com 20 animais por tratamento, divididos em 12 currais de confinamento, sendo os seguintes tratamentos: controle (CTL, ração sem aditivos); monensina (MON, ração com inclusão de 40 mg/Kg de MS) e alternativa (ALT, ração com inclusão de 300 mg/Kg de MS). Os animais foram alimentados ad libitum com uma dieta contendo 794,3 g de ração/kg de MS e 205,7 g de silagem/kg de MS. Os resultados demonstram que o pH dos grupos monensina (MON) e alternativa (ALT) foram iguais (P>0,05) e menores do grupo controle (CTL) (P<0,05). A concentração ruminal de NH3-N foi igual para os grupos CTL e MON (P>0,05) e maiores que o grupo ALT (P<0,05). Neste estudo não houve diferenças significativas na concentração e produção total de AGVs bem como relação acetato propionato entre os tratamentos. As concentrações de albumina e AST não apresentaram diferenças significativas entre os tratamentos. Entretanto o valore de ureia do grupo CTL foi maior comparado aos grupos MON e ALT (P<0,05). O colesterol apresentou-se aumentado para os animais do grupo ALT, seguido do tratamento MON e CTL. Para os valores de GGT o grupo ALT apresentou valores reduzidos comparados a MON e CTL. A concentração de LDH foi diferente entre os tratamentos CTL e MON e apresentou uma resposta similar de ALT para ambos. Houve diferença entre consumo de matérias seca (CMS,Kg/dia) (P<0,001) similar entre CTL e ALT e maior do que o grupo MON. Para ganho médio diário (GMD Kg) e conversão alimentar (CA) houve diferença entre os tratamentos (P<0,05), no entanto o grupo ALT apresentou resultado semelhante em relação a MON e CTL. O peso vivo ao abate, peso de carcaça quente (PCQ kg) e rendimento de carcaça não diferiram entre os tratamentos (P>0,05), no entanto o PCQ foi maior nos animais alimentados com ALT e CTL comparado aos que receberam dieta MON (260, 259 e 255 kg, respectivamente). As variáveis de carcaça avaliadas por ultrassom AOL (cm2), AOL/100Kg, RCF, Marmoreio (%) EGS (mm), EGS/100Kg, Picanha (mm) não apresentarem diferença significativa (P>0,05).

Com o intuito de avaliar zootecnicamente as fazendas de um Software de gestão, utilizamos o banco de dados dos usuários do JetBov®. As informações coletadas foram classificadas de acordo com o ciclo pecuário (Cria, Recria, Recria e Terminação, Completo), o estado da federação, o tempo de uso do Software JetBov®️ (a partir de 6 meses), a quantidade de animais (a partir de 500 cabeças). Para a interpretação e análise dos índices zootécnicos (baixo, médio e alto), realizou-se a comparação com referenciais teóricos (artigos e anuários, publicados nos principais meios de informações). A base de dados possuía 2236 propriedades, porém somente 797 destas atenderam a todos os critérios estabelecidos, onde o principal motivo de exclusão foi o baixo número de animais cadastrados. Desse total, 214, 227, 194 e 162 eram de cria, recria, recria/terminação e ciclo completo, respectivamente. O ciclo de cria com taxas de desmama, natalidade e mortalidade dos bezerros, apresentaram grande variação entre as fazendas. Muitas destas possuíam uma média negativamente elevada, levando provavelmente a um menor desempenho econômico. Nas fazendas de recria identificamos um menor tempo de uso do software e maior fluxo de animais, maior variação de lotação e ganho de peso quando comparado com os outros ciclos pecuários. Contudo foram as fazendas de recria/terminação que apresentaram melhores indicadores produtivos gerais e em média maior tempo de uso dessa tecnologia, porém não foi possível correlacionar esses dados.

O vírus da Influenza A (IAV) é um vírus RNA causador de doenças respiratórias e de caráter zoonótico, é considerado endêmico nos rebanhos comerciais de suínos no Brasil. Frente as diversas variações antigênicas e linhagens geneticamente distintas (subtipos H1N1, H1N2, H3N2) no país, ferramentas de diagnóstico rápido e preciso são necessárias para conhecer os subtipos presentes em cada plantel, a fim de monitorar e controlar a doença de forma mais assertiva. Esse estudo tem como objetivo o uso da RT- qPCR para detecção do vírus da Influenza A e multiplex de subtipagem através da identificação das mutações nos genes das glicoproteínas de superfície: Hemaglutinina e Neuraminidase. Foram analisados no laboratório de Saúde Animal um total de 1988 amostras de suínos em duas fases produtivas, crechário e terminação. Coletadas em quatro unidades diferentes de integração de uma agroindústria nos Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, através de matrizes de suabe nasal e pulmões provenientes de casos clínicos, entre abril e dezembro de 2021. Se detectou a presença do IAV em 16,65% das amostras. O tipo de amostra com maior positividade foi pulmão (84,21%), comparativamente ao suabe nasal (16%). Foram elegíveis para RT-qPCR de subtipos 99 das amostras positivas, destas, 57,57% tiveram ao menos uma glicoproteína de superfície identificada (HA ou NA), das quais se detectou 2 subtipos: H1panN1pan (3,51%) e uma amostra do subtipo H1huN1pan. Este estudo foi capaz de identificar a presença de IAV utilizando a RT-qPCR e detectar ao menos uma glicoproteína de superfície das amostras positivas. Porém, se faz necessário realizar um estudo mais aprofundado através de sequenciamento genético, para avaliar a filogenia das linhagens mais geneticamente distintas entre si e das que não foram possíveis identificar subtipos.

Mesmo a compostagem sendo uma técnica extensivamente estudada, diversos fatores continuam dificultando a sua eficiência e aplicabilidade. Adicionalmente, não há numerosos estudos com carcaças de aves poedeiras, em escala real, utilizando inoculação e trituração como parte dos tratamentos. Desta forma, os objetivos deste trabalho foram: Avaliar, em termos físicoquímicos e microbiológicos, a eficiência de diferentes condições de compostagem quanto a degradação e estabilização de diferentes biomassas de carcaças de aves poedeiras, considerando inoculação específica e trituração mecânica facilitadores do processo. Foram utilizadas 600 aves, sendo 40 em cada tratamento contendo aves inteiras (tratamentos 1 e 2, sem e com inoculação bacteriana, respetivamente) e 60 nos tratamentos com aves trituradas (tratamentos 3 e 4, com e sem inoculação bacteriana, respectivamente). Cada tratamento continha 115 kg de maravalha úmida (55%), e aproximadamente 75 kg (T1 e T2) e 110 kg (T3 e T4) de carcaças. As células (alvenaria, 1 m3), foram dispostas em ambiente protegido com tela e coberto. Temperatura, umidade, pH e a atividade microbiológica (hidrólise do diacetato de fluoresceína - DFA), foram mensurados semanalmente. Mensalmente, outros parâmetros foram avaliados, como Coliformes Escherichia coli, Coliformes Totais, Clostridium perfrigens e Salmonella spp., teor de cinzas e alguns nutrientes. Foi identificado que os tratamentos T3 e T4 apresentaram uma taxa de decomposição mais elevada que T1 e T2, considerando o comportamento da temperatura das leiras. Todos os tratamentos arrefecem cerca de 0,5 °C/dia, conforme dados da linearização das temperaturas na fase termofílica dos tratamentos. Neste mesmo período, T3 e T4 mantiveram-se 5 °C acima de T1 e T2, respectivamente. T3 atingiu a maturidade antes dos demais tratamentos, seguido por T4 e T2, conforme resultados de temperatura e relação C/N. A trituração mostrou-se conveniente para a compostagem de carcaças de animais, mas o processo de aeração das células precisa ser revisado, sendo limitante para o sucesso do tratamento. Ao final, os compostos foram analisados com base em alguns parâmetros da Instrução Normativa (IN) n° 27/2006, alterada pela IN 7/2016 (ANEXO V) e IN 25/2006 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, sendo que a recolonização de microrganismos após a fase termofílica inviabiliza o atendimento da legislação vigente relacionada ao registro de fertilizantes. 

Atualmente, o modelo intensivo adotado na cadeia de produção de suínos em grande escala predispõe o desenvolvimento de doenças de caráter enzoótico, envolvendo muitas vezes um complexo de agentes etiológicos e causando síndromes que cursam com diminuição dos índices de produtividade e frequentemente aumento da taxa de mortalidade dos plantéis. O vírus da Influenza A (IAV) é um agente etiológico que faz parte do chamado complexo de doenças respiratórias dos suínos (CDRS), podendo cursar com sinais clínicos inespecíficos tais como febre, apatia, tosse, prostração, inapetência, perda de peso e frequentemente associado a lesões de pneumonia responsáveis por condenação de carcaças no abatedouro. A possibilidade de rearranjos virais com variantes da influenza aviária, humana e de suínos, aumenta a importância do vírus no que diz respeito a um evento pandêmico, reiterando a importância do monitoramento da prevalência do agente. A adoção de boas práticas de produção (BPP) e sistemas de biosseguridade adequados está descrita como uma forma de evitar a propagação do vírus, reduzindo sua possibilidade de disseminação. Diferentes modelos de produção (em tamanho e níveis de biosseguridade) podem estar ligados a prevalência do IAV e devem ser monitorados para que se desenvolvam estratégias de controle efetivas para reduzir o prejuízo nos rebanhos comerciais. O trabalho foi desenvolvido em uma agroindústria no meio oeste catarinense através de um checklist aplicado em 385 granjas em sistema vertical de suínos em terminação, caracterizando-as quanto ao nível de biosseguridade e BPP adotados. Uma amostragem de 35 granjas foi submetida a coleta de suabes nasais para detecção do IAV através de técnica de reação em cadeia da polimerase (RT-PCR), um total de 529 amostras foram submetidas à técnica. Também foi utilizada uma técnica de coleta de material para diagnóstico através da utilização de lenços nasais para avaliação do método, totalizando 80 amostras. Após a realização do checklist nas granjas, foram caracterizados quatro grupos de acordo com os níveis de biosseguridade e BPP adotadas no sistema: G1 – granjas com menos de 700 animais e com baixo padrão de biosseguridade (145 granjas); G2 – granjas com menos de 700 animais e alto padrão de biosseguridade (56 granjas); G3 – granjas com mais de 700 animais e baixo padrão de biosseguridade (74 granjas) e G4 – granjas com mais de 700 animais e alto padrão de biosseguridade (110 granjas). Foram realizadas 30 amostras de suabes nasais e lenços nasais em uma granja para um teste piloto, resultando em 86,6% de animais positivos para IAV através da coleta tradicional de suabes nasais e 83,3% de positividade utilizando a técnica dos lenços nasais. Como resultado das coletas do experimento foram obtidas 15 amostras positivas para IAV, sendo 12 através da coleta a partir de suabe tradicional e 3 através do método do lenço nasal. Foi realizado a análise de variância para comparação dos métodos, evidenciando diferença estatística (p≤0,05) entre eles, sendo que o método de suabe nasal apresentou valor menor de “ct”.

Os probióticos são suplementos alimentares à base de microrganismos vivos capazes de ajustar o equilíbrio da microbiota intestinal e aumentar a capacidade produtiva dos suínos. Avaliou-se os efeitos da suplementação de probióticos sobre a qualidade do colostro para matrizes em estágio final de gestação. Na metodologia do experiemento, o probiótico foi oferecido para as matrizes via ração, por 40 dias. Foram formados dois grupos de matrizes: Controle e Tratamento. Ao parto, foi coletada uma amostra de sangue da matriz e os leitões foram pesados. Após 24 horas os leitões foram pesados novamente e foi coletada uma amostra de sangue de cada leitão para determinação da concentração de imunoglobulinas através da técnica de imunócrito. Na análise, com relação as matrizes, não houve diferença do grupo tratamento em relação ao grupo controle (P>0,05). Porém, houve efeito da ordem de parto sobre os níveis de Ig (P<0,05). Já para as amostras de sangue dos leitões, comparando todos os leitões do grupo tratamento e controle, não houve diferença na quantidade de Ig (P>0,05). Porém, analisando separadamente o grupo de leitões que nasceram ao final do parto, destes, os filhos das matrizes suplementadas com probióticos tiveram uma queda menor da taxa de imunócrito em comparação com o grupo controle (P<0,05). Também houve diferença significativa (P<0,05) no ganho de peso dos leitões nas primeiras 24 horas de vida e na quantidade de imunoglobulinas observadas do sangue de leitões considerando a ordem de nascimento e ordem de parto da mãe. Conclui-se então, que probióticos são capazes de melhorar os níveis de imunoglobulinas no sangue e promover um maior ganho de peso em leitões recém nascidos.

Escherichia coli patogênica aviária (APEC) é responsável por diversos quadros anatomopatológicos nas aves, os quais acarretam grandes prejuízos para o setor avícola. Conhecer a epidemiologia desta bactéria é fundamental para realizar um controle efetivo deste patógeno, para tanto, o objetivo do trabalho foi avaliar a patogenicidade das cepas de Escherichia coli isoladas de frangos de corte e realizar testes in vitro das cepas classificadas como APEC para identificar a sua capacidade de formação de biofilme e susceptibilidade a antimicrobianos e sanitizantes rotineiramente utilizados no processo de criação das aves. Neste estudo foram utilizados 60 isolados de Escherichia coli provenientes de um banco de cepas do laboratório de Saúde Animal, obtidos de casos clínicos de colibacilose em frangos de cortes de granjas localizadas no Oeste de Santa Catarina, no ano de 2020. No teste de Reação em Cadeia Polimerase em tempo real identificou-se que 100% dos isolados apresentavam os genes hlyF e ompT, 98,3% os genes iroN e iss e 83,33% o gene iutA, sendo todas as cepas avaliadas classificadas como APEC. Nas avaliações in vitro quanto à formação e caracterização dos biofilmes, as amostras de APEC foram caracterizadas como 71,66% fracamente formadora de biofilme e 28,33% não apresentaram formação de biofilme bacteriano. No teste de susceptibilidade a antibióticos, através da técnica de disco-difusão, os percentuais de maior resistência foram encontrados nas moléculas de oxitetraciclina 33% e doxiciclina 31,66%. Enquanto que no teste de sensibilidade a sanitizantes, as cepas de APEC multirresistentes avaliadas, foram sensíveis aos desinfetantes a base de amônia quaternária + glutaraldeído e ao composto fenol.

O Brasil é o país do continente americano que mais notifica casos positivos de Hantavirose, sendo Santa Catarina o estado com maior número de notificações de acordo com o último levantamento realizado pelo Ministério da Saúde. Diante disso, faz-se necessário um estudo aprofundado para entender estes números e buscar soluções. O objetivo desta pesquisa é conhecer as características epidemiológicas e identificar os fatores associados à ocorrência de óbito por Hantavirose em Santa Catarina baseado no banco de dados do Ministério da Saúde. No presente trabalho foram analisadas as notificações constantes no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), através de análises executadas. A população desta pesquisa foram todos os casos positivos de Hantavirose notificados de 2009 a 2019 no estado de Santa Catarina. Estes dados foram analisados através de um estudo de série de casos, descritivo. Foram analisadas variáveis: sociodemográficas, antecedentes epidemiológicos, dados clínicos, procedimentos terapêuticos, oportunidade de atendimento e evolução. Para o estudo longitudinal retrospectivo, aplicou-se as análises demediana, média, desvio padrão, coeficiente de variância e intervalo utilizando os softwares Symbolab. Com resultado deste estudo observou-se que o perfil do paciente de Hantavirose em Santa Catarina é masculino, em idade laboral, baixa escolaridade, residente em área rural. A maior ocorrência de casos está localizada nas regiões Oeste, Meio Oeste e Serra, diretamente associadas às atividades de perfil agrícola. Sua taxa de letalidade se mostrou alta em pacientes de 15 a 19, independente da zona de residência. Quadro clínicos que apresentaram sintomas respiratórios, hematócritos aumentados, uso de ventilação mecânica e RX pulmonar infiltrado apresentaram maior fator de risco para o óbito. Pacientes que buscaram atendimento nos primeiros dias de sintomas apresentaram maior taxa de letalidade que pode estar associado a dificuldade no diagnóstico diferencial para outras doenças virais com sintomatologia semelhante, dificultando a conduta clínica adequada. Regiões com maiores taxas de notificação mostraram menores taxas de letalidade, sinalizando a sensibilidade da vigilância clínica e epidemiológica de casos nestes locais e a importância desse fator na diminuição da letalidade. Estudos que se utilizam da base dados do Ministério da Saúde mostram-se indispensáveis na adoção de estratégias de saúde pública que permitam melhor controle e vigilância deste agravo nas áreas clínicas e ambientais, promovendo a diminuição da sua letalidade.

A Encefalomielite aviária (EA), é caracterizada como uma doença que acomete galinhas, perus, codornas e faisões. Em animais jovens, costuma causar sinais neurológicos como ataxia e tremores. Nas aves de postura, manifesta-se com queda acentuada na produção de ovos e baixa eclodibilidade. O objetivo deste trabalho foi, identificar fatores que influenciam na ocorrência de falhas vacinais para EA, em cadeias produtivas de avicultura de corte. Para isso, foram analisadas informações de um banco de dados de 65.535 amostras de soro de aves, colhidas ao longo dos anos de 2015 à 2019 e testadas através do ensaio de imunoabsorção enzimática (ELISA) indireta. Avaliou-se informações como: status imunitário, idade das aves, ano de coleta da amostra, tipo de cadeia produtiva, cidade de origem e fases de postura de ovos. A avaliação dos dados foi realizada por análises de qui-quadrado, análise de variância e razão de probabilidade (odds ratio). Foi possível determinar diferença estatística entre a frequência de animais soroprotegidos, e o tipo de cadeias produtivas, idade das aves, bem como dentro da cadeia de matrizes, onde observou-se que algumas localidades apresentaram 2,10 vezes mais chances de apresentar aves não protegidas contra EA, evidenciando possíveis problemas de manejo. Além disso, verificou-se que houve uma melhora progressiva na imunidade dos plantéis ao longo dos anos e que as fases pré-postura e início de postura, são as que apresentam melhores índices de imunidade humoral para EA em relação as demais. O presente estudo, demonstrou que vários fatores podem estar envolvidos com as falhas vacinais para AE, e que ações são necessárias para melhorar a resposta humoral.

A intensificação na produção de ovinos, com foco no aumento da prolificidade, implica em maior incidência de transtornos metabólicos, principalmente no período de transição, podendo levar a perdas produtivas com reflexos na saúde dos animais. O objetivo deste estudo foi avaliar o perfil metabólico em ovelhas da raça Lacaune no período de transição e sua influência na qualidade do colostro e imunidade dos cordeiros. Foi realizado em uma fazenda escola no município de Bento Gonçalves – RS, de julho a agosto de 2019. Foram utilizados 19 ovelhas da raça Lacaune mantidas em sistema semi extensivo recebendo a mesma dieta. Nos dias -14, -7, -4 da data prevista do parto e nos dia 1, 4, 7 e 14 dias após o parto foram feitas as coletas de sangue, escore de condição corporal (ECC) e pesagem dos animais. Dos marcadores metabólicos sanguíneos, serão avaliados nas ovelhas as concentrações de séricas de proteínas plasmáticas totais (PPT), albumina, aspartato amino transferase (AST), gama glutamil transferase (GGT), betahidroxibutirato (BHBA), ácidos graxos não esterificados (NEFA), paraoxonase (PON1), cálcio (Ca) e magnésio (Mg). Nos cordeiros os parâmetros sorológicos avaliados foram às PPT, albumina e GGT. O colostro foi coletado até 06 horas após o parto, para determinar o percentual brix®. As coletas de sangue dos cordeiros foram realizadas 48 horas após o nascimento. O plasma dos cordeiros foi usado para estimar a eficiência da colostragem e imunidade pelo % brix e proteínas plasmáticas totais (PPT). Os dados zootécnicos, das variáveis metabólicas pré e pós-parto das ovelhas, dos cordeiros e aos relacionados à qualidade do colostro foram testados quanto à normalidade da distribuição e homogeneidade dos resíduos através dos testes de Shapiro-Wilk e de Levene respectivamente utilizando o programa SAS. O ECC teve redução no pós-parto, sendo evidenciado nas coletas 7 e 14 (2,88 e 2,73, p<0,001), o BHBA apresentou no pré-parto as maiores concentrações detectadas para ovelhas que pariram trigêmeos, desde o dia -14 e para as ovelhas de parto gemelar no dia -4 (p=0,0245). O NEFA demonstrou o maior valor no dia 14 em prímiparas (1,07; p=0,0042). O Ca teve as menores concentrações dia 1 (8,85 mg/dl p< 0,01) e o Mg no dia 3 (1,79 mg/dl, p<0,001) pós-parto. As multíparas de dois cordeiros tiveram maiores percentuais brix (30,5%) e nas primíparas o menor valor foi nas ovelhas que tiveram um único cordeiro (27,06%; p= 0,0395). Os cordeiros nascidos de trigêmeos tiveram o menor peso (3,73 kg) e o melhor % brix foram maiores nos nascidos de parto gemelar (10,29%, p=0,0307). A partir dos dados obtidos em nosso estudo concluímos que ovelhas demonstraram metabolização lipídica e cetose subclínica em alguns períodos no período de transição e o colostro das ovelha lacaune do estudo apresentou boa qualidade. O PPT e o brix dos cordeiros foram melhores indicadores de transferência de imunidade passiva nas ovelhas que tiveram dois cordeiros.

O desenvolvimento de modelos matemáticos visando predizer a curva de crescimento de bovinos em confinamentos, a partir do monitoramento comportamental, pode reduzir o tempo e os riscos de adoção de novas dietas e permitir estimar o resultado de desempenho zootécnico, bem como predizer o tempo de saída ideal para o abate. O objetivo dessa dissertação foi desenvolver um sistema automatizado de avaliação em tempo real do desempenho zootécnico de bovinos de corte em confinamento. O projeto foi desenvolvido no Instituto Federal Catarinense, Campus Araquari, Santa Catarina. Doze bovinos machos castrados com peso médio de 342 kg, mestiços de raças europeias foram confinados em galpão fechado. Todos foram pesados na entrada e três deles identificados na orelha com um beacon antes de entrarem no confinamento, ao longo do processo receberam duas dietas distintas (engorda e acabamento), além das dietas de transição. Um dos bovinos permaneceu em uma baia individual, onde a ração foi pesada antes do fornecimento assim como as sobras presentes no cocho, a cada 15 dias o animal da baia individual foi pesado e trocado aleatoriamente. O cocho foi colocado sobre uma balança de bancada com bluetooth, permitindo acompanhar o consumo da dieta. Ao lado do bebedouro da baia individual foi instalado um microcomputador raspberry que identificava o animal e quantificava a frequência com que ele ia ao cocho. Utilizou-se a linguagem Python para desenvolver o sistema de coleta das informações, as plataformas Google Drive para armazenar os dados e Bubble.io para criação do dashboard. Duas pesagens intermediárias, além das de entrada e saída no confinamento foram realizadas. Ao final do período experimental (abate dos animais), os pesos mensurados foram correlacionados com os pesos estimados pelo modelo com auxílio do programa estatístico JMP, versão 15, cujo nível de significância adotado foi de 5%. O peso vivo de saída para o abate de 459,4 kg. O ganho de peso diário médio do lote no período todo foi de 1,266 kg/dia. Após o abate as médias para peso de carcaça quente e rendimento de carcaça quente foram de 242 kg e 52,7% respectivamente. Para peso de PCQ os valores foram de 199,2 kg a 308,4 kg, e para o RC variaram entre 51,1% e 55,7%. Os modelos matemáticos que melhor simularam o desempenho dos bovinos confinados foram: linear, quadrático, logístico 3P, Gompertz 3P, exponencial 2P, exponencial 3P e Growth. O aplicativo apresentou as informações na forma de dashboard, apresentando o desempenho zootécnico, data de abate e sugere animais que apresentam algum problema, havendo necessidade de verificar sua condição sanitária. Esta ferramenta está pronta para ser utilizada comercialmente para acompanhar o desempenho animal.

Esse estudo avaliou a eficiência do processo de estabilização do dejeto líquido em unidades de armazenamento em 10 propriedades com suinocultura, localizadas no município de Presidente Castello Branco (SC), Brasil. O trabalho foi realizado em dois ensaios: no primeiro, investigou-se a eficiência na redução de Escherichia coli e Salmonella sp. em condições ideais de manejo (Tempo de Retenção Hidráulico = 60 dias), bem como a resistência dos isolados aos antimicrobianos. As amostragens foram realizadas nas esterqueiras em três níveis de profundidade, nos tempos T0 e T60. No ensaio 2, investigou-se a concentração de coliformes totais e fecais (EC) em condições reais de manejo. Em relação às bactérias indicadoras, a profundidade da coleta não interferiu na concentração, mas o TRH foi significativo na redução dos níveis dessas populações. A multirresistência bacteriana frente aos antibióticos foi observada. Em campo, a concentração de EC em condições ideais de manejo, foi menor quando comparada às condições operacionais. O manejo do dejeto suíno quando realizado em desacordo com as normas sanitárias pode implicar em riscos de propagação de microrganismos patogênicos, da mesma forma que a resistência das bactérias aos antibióticos gera prejuízos à homeostase da saúde única.

Atualmente, o mercado consumidor de proteína animal está mais exigente com as práticas de manejo que são adotadas durante o ciclo produtivo. A prática de debicagem é comum na criação de galinhas poedeiras e consiste na remoção da parte inferior e superior do bico e pode ser aplicada através de diferentes métodos como o corte e cauterização por lâmina quente ou por radiação infravermelha. Apesar de trazer benefícios do ponto de vista produtivo, a debicagem submete as aves ao estresse, questionando as práticas de bem-estar. Portanto, o objetivo deste estudo foi realizar uma revisão sistemática (RS) e meta-análise (MA) através dos dados disponíveis na literatura das formas de debicagem e seus efeitos sobre a mortalidade, a produção de ovos, a bicagem das penas e os níveis de corticosterona. A estratégia de busca foi aplicada em três bases de dados eletrônicas – Scopus (Elsevier), MEDLINE/PubMed e Web of Science (Clarivate Analytics) e os critérios de inclusão envolveram estudos que avaliaram a população (galinha, pássaro, poedeira, pinto), a intervenção (bico, corte) e a resposta (mortalidade, bicagem, produção, corticosterona). A pesquisa bibliográfica identificou 1.775 publicações, sendo que 16 estudos, relatando 19 ensaios sobre a mortalidade, 20 sobre a produção de ovos, 6 sobre a bicagem das penas e 6 sobre os níveis de corticosterona foram considerados elegíveis para a RS final e incluídos na MA. O total de aves avaliadas foi de 4.133, 3.642, 1.330 e 124 para mortalidade, produção de ovos, bicagem das penas e níveis de corticosterona, respectivamente. As aves submetidas a debicagem por lâmina quente, independente dos milímetros aparados, apresentaram maior mortalidade em comparação as aves do grupo controle sem debicar (p= 0,054) com uma heterogeneidade alta entre os estudos (I2= 95,07%; IC95%; 0,16 a 1,01). Ao associar o uso de lâmina quente e a radiação infravermelha em idades diferentes, aumenta em 4,3 a predição de morte em relação a intervenção somente com lâmina quente. O aumento de uma unidade na idade de debicagem aumenta o valor predito na produção de ovos a um nível de 0,99. Não foi observado associação entre a produção de ovos e os níveis de corticosterona com a debicagem. Dessa maneira, conclui-se que nos estudos avaliados, a debicagem das aves provocou uma maior mortalidade e não influenciou a produção de ovos e os níveis de corticosterona em relação ao grupo controle com bico intacto.

Ovos com elevados níveis de contaminação podem resultar em perdas consideráveis sobre a taxa de eclodibilidade, e consequentemente gerar aumento nos custos produtivos. O objetivo foi avaliar o sistema de desinfecção de ovos férteis com o uso de oxicloreto de cálcio a 200 ppm, sobre a contaminação e embriodiagnóstico dos ovos com a associação do uso de probióticos no pós-eclosão sobre o desempenho zootécnico de frangos provenientes de matrizes pesadas. Após o nascimento, 4.132 pintos foram divididos em dois grupos, onde o primeiro recebeu probiótico via spray juntamente com a vacina de Bronquite Infecciosa das Galinhas e o segundo recebeu somente a aspersão da vacina. O delineamento utilizado foi o fatorial 2x2, sendo formados quatro grupos: T1, T2 T3 e T4. A segunda etapa foi realizada no aviário onde foram avaliados os parâmetros zootécnicos (mortalidade, peso médio (PM), e conversão alimentar (CA) aos 7, 21, 28 e 42 dias de idade dos frangos. A contagem de bactérias totais não foi influenciada pelo sistema de desinfecção. A mortalidade das aves não foi influenciada, independente do sistema de desinfecção ou uso de probiótico nas fases avaliadas (P>0,05). O peso inicial das aves foi maior no sistema com o uso de paraformaldeído e a conversão alimentar melhor aos 7 dias com o uso combinado de desinfecção com oxicloreto de cálcio a 200 ppm dos ovos e probiótico via spray para os pintos (P<0,05). O peso médio dos frangos aos 7, 21 e 42 dias de idade foi dependente tanto do sistema de desinfecção quanto pela administração do probiótico, bem como a conversão alimentar aos 28 e 42 dias de idade. Portanto, a substituição de paraformaldeído por oxicloreto de cálcio 200 ppm como sistema de desinfecção de ovos férteis, pode ser promissora mediante a administração de probiótico pós-eclosão para frangos de corte.

O mercado consumidor vem cada vez mais exigindo melhorias nas práticas de produção, com especial ênfase no bem-estar animal, sendo um dos requisitos para esse desafio a busca de mecanismos de melhoria do conforto térmico dos animais. O objetivo deste trabalho, foi avaliar duas temperaturas diferentes, buscando aliar o conforto térmico com o melhor desempenho zootécnico e econômico na fase de lactação. O delineamento foi realizado em blocos inteiramente casualizados em um grupo contemporâneo e divididas em duas salas com 108 fêmeas cada, contando com três replicações totalizando 648 fêmeas avaliadas. Cada sala de maternidade possuía 108 celas parideiras numeradas (2,40m x 2,80m) e igualmente distribuídas no galpão. As salas maternidades apresentavam sistema de ventilação e resfriamento adiabático transversal, com seis conjuntos de exaustores, possibilitando seis diferentes velocidades de deslocamento de ar, variando de 0 até 1,0 m/s. Foram utilizados dois parâmetros de controle de temperatura com variação de dois graus Alta (23°C) e Baixa (21°C). Não houve influência das diferentes curvas de temperatura no peso das fêmeas na saída da maternidade, bem como no desempenho das leitegadas (P>0,05). Foi observado diferença no consumo alimentar das fêmeas, sendo que aquelas mantidas em salas com temperaturas mais baixas apresentaram maior consumo total de ração na fase em relação àquelas mantidas em temperatura mais alta (6,14±0,10 vs. 5,95±0,10, P<0,001), independente da ordem de parto. O presente estudo é o primeiro a investigar a preferência por temperatura dentro da zona de conforto da fêmea suína lactante. Os resultados indicaram que temperaturas mais próximas a temperatura limite superior favorece o desempenho da fêmea, com a redução do consumo de ração, sem impactar no desenvolvimento da leitegada.

Na produção de suínos em fase de creche e terminação, vários fatores impactam o resultado zootécnico, apresentando proporção e linearidade variáveis. Após resgatar as informações de lotes encerrados nos anos 2017, 2018, 2019 e 2020, do software de gerenciamento interno de uma cooperativa de Santa Catarina, os dados foram compilados e correlacionados com os índices zootécnicos, totalizando 1.065 lotes de creche, abrangendo 2.713.620 animais e 5.296 lotes de terminação, que compreenderam 3.545.117 animais. Variáveis
como nutrição e genética dos animais não foram consideradas, pois são padronizadas no sistema de produção da cooperativa. As informações foram submetidas incialmente à análise descritiva das variáveis respostas e posteriormente, para as aquelas pressupostas com distribuição normal, foram realizadas as análises de regressão múltipla a fim de selecionar os fatores que melhor às explicassem, incluindo interações de interesse no modelo. Em relação à creche, mortalidade, conversão alimentar e ganho de peso diário sofreram efeito de dias de alojamento e número de origens. Já, a época do ano (inverno versus verão) e os dias de vazio sanitário afetaram a conversão alimentar e o ganho de peso diário, enquanto o peso médio de alojamento afetou o ganho de peso diário. Na fase de terminação, a época do ano impactou a mortalidade, enquanto o peso médio de alojamento afetou a mortalidade e a conversão alimentar. O número de origens impactou a mortalidade e o ganho de peso diário, ao passo que o vazio sanitário apresentou relação com mortalidade e conversão alimentar.

A avicultura de corte brasileira é destaque na produção e exportação de carne de frango, sendo de importância a detecção de Salmonella sp., pois interfere no mercado consumidor, por ser um dos principais micro-organismos envolvidos em doenças transmitidas por alimentos. Visando controlar e monitorar Salmonella sp. em estabelecimentos comerciais de frangos e abate, a Instrução Normativa Nº 20, de 21/10/2016 (MAPA), exige a realização de ensaios laboratoriais de swab de arrasto antes do abate, realizados de acordo com a Portaria 126 de 03/11/1995 (MAPA). Com o intuito de agilizar o processo de detecção, este estudo teve por objetivo otimizar do 3M^TM Molecular Detection Assay 2: Salmonella (MDS^®), conforme Portaria 126, para amostra de swab de arrasto. O desenvolvimento da metodologia seguiu-se a ISO 16140-2:2016, e foram analisadas 300 amostras de swab de arrasto contaminadas naturalmente, coletadas de aviários do oeste de Santa Catarina, e 30 amostras contaminadas artificialmente com salmonelas ATCCs nas diluições 10², 10³ e 10⁴ para cada protocolo, referência (Portaria 126) e alternativo (A e B). Das 300 amostras processadas no protocolo A, obteve-se 45 positivas para Salmonella sp., 242 negativas, 1 falso-positiva e 12 falso-negativas, enquanto das 300 amostras analisadas no protocolo B encontrou-se 40 positivas, 256 negativas, 1 falso-positiva e 3 falso-negativas. Resultando para o protocolo A, uma sensibilidade de 79%, especificidade de 100%, Valor Preditivo Positivo (PPV) de 98% e Valor Preditivo Negativo (NPV) de 95%; e no protocolo B obteve-se 93% de sensibilidade, 100% de especificidade, 98% de PPV e 99% de NPV. Além disso, o resultado do teste exato de Fisher em ambos os protocolos foi p-value < 0,05, demonstrando associação com o método referência, concluindo que o MDS^® pode ser utilizado como método de triagem. 

Com o intuito de detectar a presença da Ehrlichia canis e caracterizar sorologicamente sua cepa, foram coletadas amostras de sangue de uma população de 70 cães com suspeita de hemoparasitose na região Oeste e no Litoral do estado de Santa Catarina. O gene dsb5 foi utilizado como alvo da PCR para fins diagnósticos, sendo também realizada a Reação de Imunofluorescência Indireta (RIFI) para Ehrlichia spp., assim como ELISA específico para os peptídeos TRP19, TRP36 e TRP32 para avaliar a diversidade sorológica. A prevalência da doença foi de 14,29%, com limite de confiança variando entre 7,07% a 24,71%. Dos animais avaliados 3/70 (4,3%) foram positivos para a PCR, todos na região Oeste de SC, e 7/70 (10%) sorologicamente positivos na RIFI, sendo dois de Concórdia e cinco de Joinville. Ainda em relação à sorologia, o ELISA para TRP19, que detecta anticorpos específicos para E. canis, detectou três animais positivos (4,3%), dois no Oeste e um no Litoral, o ELISA para o peptídeo TRP36 genogrupo US foi positivo também para três cães (4,3%), todos de Joinville e o ELISA para o TRP36 genogrupo Brasileiro foi positivo em dois cães do Litoral (2,8%), sugerindo a existência de pelo menos dois genogrupos de E. canis no Litoral do Estado (US e Brasileiro). Em Concórdia os animais positivos para E. canis não reagiram para nenhum dos genogrupos, indicando a presença de outra cepa na região. Conclui-se que mesmo com uma menor incidência do que a relatada nos demais estados do Brasil, o conhecimento sorológico das cepas circulantes pode auxiliar em dados sobre a gravidade da doença, possibilidades de tratamento e até mesmo sobre desenvolvimento de vacinas. 

A síndrome da disgalaxia pós-parto (SDP) é um distúrbio comum e importante que afeta a fêmea suína, principalmente em sistemas de produção intensivos. A SDP é caracterizada por hipogalaxia no puerpério; seus sintomas podem variar como febre, redução do apetite, mastite na fêmea e sinais de fome nos leitões. Na maioria dos casos, a hipogalaxia não é claramente identificada, assumindo um aspecto subclínico. Nas últimas décadas, em muitos países, o ácido tolfenâmico, um anti-inflamatório não esteroidal (AINE), tem sido administrado com sucesso em várias espécies de animais, como gatos, cães, bovinos e suínos O ácido tolfenâmico é reconhecido por suas propriedades analgésica, antipirética e anti-inflamatória. O objetivo deste estudo foi avaliar o efeito do ácido tolfenâmico como tratamento profilático da síndrome da disgalaxia pós-parto sobre o desempenho zootécnico das leitegadas oriundas de leitoas. Foram selecionadas um total de trezentas e trinta e duas (n=332) leitoas, distribuídas aleatoriamente em dois grupos de tratamento, o grupo tratado (n = 157) e o grupo controle (n=162). Deste total foram excluídas durante o processo de seleção treze leitoas. O grupo tratado recebeu uma injeção intramuscular única (1 ml/20 kg do ácido tolfenâmico/Tolfedine CS) após o parto, o grupo controle não recebeu tratamento. Todos os leitões (n=4.466) foram pesados no primeiro, quarto e décimo oitavo dia de vida. Todas as leitegadas (n=2.198 e n=2.268 leitões para o grupo tratado e controle, respectivamente) foram avaliadas quanto ao ganho de peso, ocorrência de diarreia, e taxa de mortalidade entre 4° e 18° dia de vida. Os dados foram analisados usando o programa SAS (2012), e as diferenças foram consideradas significativas a um nível de 5% (P <0.05). As médias de peso dos leitões foram analisadas por covariância, considerando o efeito do peso inicial e a presença de diarreia. As variáveis categóricas foram analisadas por regressão logística. O grupo tratado apresentou mortalidade 0,41% menor até o 18º dia de vida (p = 0,0285). Essa taxa aumenta para 4,5% (4,3% e 8,8% para o grupo tratado e controle, respectivamente) entre as leitegadas não afetadas pela diarreia (p = 0,0005). Este resultado mostra um efeito positivo do tratamento nas leitegadas sem diarreia. As leitoas com temperatura corporal acima de 39,5 ° C ou secreção vulvar mucopurulenta foram caracterizadas com SDP. No geral, a média de peso aos 18 dias em leitões sem diarreia foi superior, 4.949g, em comparação com 4.593g, do que em leitões com diarreia. Especificamente para leitegadas sem diarreia, o total de ganho de peso no grupo tratado foi 9,0% (p <0,05) maior que o grupo controle. O ácido tolfenâmico administrado de forma profilática em leitoas após o parto reduziu a mortalidade dos leitões durante a fase de amamentação e aumentou o ganho de peso em leitegadas não afetadas pela diarréia. A redução da dor e do desconforto nos primeiros dias de lactação contribui para um melhor desempenho das leitegadas.

A taurina é considerada um aminoácido condicionalmente essencial para peixes e sua biossíntese, a partir da metionina e cistina, difere entre as diversas espécies de peixes e também é afetada pela presença ou não nos ingredientes utilizados na fabricação das rações, de modo que sua suplementação pode melhorar a eficiência alimentar. O presente trabalho avaliou a suplementação da taurina no desempenho zootécnico, parâmetros hematológicos e imunológicos e na sobrevivência de juvenis de tilápias-do-nilo (Oreochromis niloticus) cultivados em dois tipos de sistema, RAS e bioflocos. Foi elaborado uma dieta controle com 360 g/kg de proteína bruta sem farinha de peixe e sem suplementação de taurina (Controle). A partir da dieta controle foi produzida uma outra dieta suplementada com 9,7 g de taurina por kg de ração (Taurina).  No sistema de cultivo RAS, os peixes foram alimentados manualmente, cinco vezes por dia, sete dias por semana. As tilápias (n= 200, com peso médio de 13,3 g) foram distribuídas em 8 caixas de polietileno de 800 L cada, 25 peixes por caixa, em delineamento inteiramente casualizado com 2 tratamentos e 4 repetições, com duração de oito semanas. No sistema de bioflocos, as tilápias (N= 150, com peso médio de 18,3 g) foram distribuídos em 6 caixas de polietileno de 250 L cada, 25 peixes por caixa, em delineamento inteiramente casualizado com 2 tratamentos e 3 repetições, com duração de quatro semanas. Os animais foram alimentados manualmente, três vezes por dia, sete dias por semana. Em ambos os cultivos, biometrias foram realizadas semanalmente para ajuste no manejo alimentar. O tratamento taurina obteve menor ganho de peso médio diário e peso médio final em relação ao controle (p < 0,05), porém, no sistema de bioflocos os peixes que receberam a suplementação de taurina obtiveram maior índice hepatossomático (p < 0,05). Foi observado que não houve influência da taurina no fator de condição dos peixes e nos parâmetros sanguíneos, mas, houve um aumento no índice VCM e uma maior retenção de N nos peixes do tratamento controle criados no RAS (p < 0,05). Conclui-se que, independente do sistema de cultivo, juvenis de tilápia-do-nilo não se beneficiam da suplementação de taurina, mesmo quando alimentados com dietas contendo fontes vegetais com base proteica. 

A celulite aviária é caracterizada pela formação de placas fibrinonecróticas subcutâneas e pela inflamação da pele, levando à sérios prejuízos econômicos devido às condenas parciais no abate. Escherichia coli (APEC) é o principal agente isolado de casos de celulite. As APEC’s são classificadas em E. coli extraintestinais (ExPEC) e apresentam similaridade com cepas humanas, sugerindo um potencial zoonótico. A capacidade de migração da APEC para sítios extraintestinas envolve inúmeros fatores de virulência, dentre eles a protectina (iss) e as fímbrias F11 (felA). Com o objetivo de caracterizar o agente envolvido nos casos de celulite, realizou-se o isolamento bacteriano e a detecção molecular destes fatores de virulência em 130 carcaças com lesões típicas de celulites, provenientes de um frigorífico sob inspeção federal no Oeste de Santa Catarina. Cepas de E. coli foram isoladas da pele e fígados por meios de triagem e identificadas por testes bioquímicos. O agente foi detectado em 62,3% das carcaças, sendo 52,3% a partir de celulite, 55,3% de fígado e 46,1% em ambas as amostras. Das amostras confirmadas, obteve-se 253 cepas de E. coli, as quais foram triadas para os genes de resistência sérica (iss) e capacidade de adesão (felA) por meio da PCR. O percentual de positividade do gene iss na pele e fígado foi de 73,6% e 85,6% respectivamente. A frequência encontrada do gene felA na pele foi de 27,3% e no fígado de 13,6%. A maioria (82,6%) das cepas apresentou ao menos um dos fatores de virulência, e em 17,4% detectou-se ambos os genes nas cepas testadas. O isolamento do agente e a frequência dos genes encontrados, indicam que cepas de E. coli provenientes de celulite são possíveis causadoras de septicemia e uma importante fonte de contaminação alimentar, sugerindo a reavaliação dos critérios de condenação frente a lesão, reduzindo assim potenciais riscos à saúde pública.

Especialmente nos últimos anos a avicultura brasileira tem alcançado índices elevados de crescimento, tornando-se o terceiro principal produtor mundial de carne de frango e líder de exportações, atingindo 142 países. Fatores como saúde e bem-estar animal, qualidade e preço contribuíram para aperfeiçoar a produtividade no setor. Diante disso, a preocupação com a sanidade dos animais é um dos grandes desafios do mercado, sendo que o controle da Bronquite Infecciosa das galinhas (BI) e a erradicação do Mycoplasma synoviae (Ms) em granjas de reprodução são questões de enorme relevância sanitária. A BI, causada por um coronavírus, o Vírus da Bronquite Infecciosa (IBV), trata-se de uma doença viral aguda e altamente contagiosa. Já a micoplasmose, causada pela menor bactéria existente, o Mycoplasma synoviae (Ms), possui uma grande capacidade de disseminação no lote de matrizes sendo que, uma vez positivo, o lote permanece com esse status até o fim da sua vida. Ambas as doenças apresentam sinais clínicos semelhantes afetando a parte respiratória, tornando-se secundária uma à outra. No presente estudo, foram avaliados os títulos vacinais de Bronquite Infecciosa a fim de verificarmos a existência de interferência na resposta sorológica frente ao IBV pela positividade de Ms. Para isso, foram verificados os resultados de 326 amostras de soro coletadas no período de 2014 à 2018, em lotes de matrizes de uma agroindústria do Oeste catarinense. Para avaliar o efeito da presença de Micoplasma Sinoviae sobre o titulo médio de bronquite foi aplicado o teste t para comparação de dados não pareados. Através da presente análise verificou-se que não houve interferência de Ms nos títulos de anticorpos frente ao vírus da Bronquite Infecciosa (IBV).

Salmonella enterica sorovar Heidelberg (SE) frequentemente é isolada em coletas de amostras a campo de frango de corte, sua elevada resistência ao ambiente é um fator que traz prejuízos a toda cadeia produtiva. Mesmo com a intensificação de procedimentos de biosseguridade nas granjas, há pressão por parte da indústria para a eliminação deste patógeno. Comercialmente há diversos produtos, a base de amoníacos, utilizados para a limpeza e desinfecção do galpão, contudo, são de alta toxicidade tanto para o ambiente e os animais quanto para as pessoas que aplicam. A busca por agentes desinfetantes alternativos aos usuais faz com que diversos estudos avaliem a ação de óleos essenciais (OE) frente a distintas bactérias. Por conta disto, o objetivo deste trabalho foi avaliar, in vitro, o efeito do óleo essencial de Thymus vulgaris (TEO), popularmente conhecido como tomilho, em cepas de SE isoladas de frango de corte. O óleo essencial utilizado possuía como componentes majoritários timol (47,3%), p-cinemo (26,8%) e linalol (5,2%). Para os ensaios antibacterianos in vitro foi utilizada a técnica de quantificação de células planctônicas viáveis. Foram utilizadas quatro diferentes concentrações do óleo essencial de TEO (0,1%, 0,2%, 0,4% e 0,8%) em cinco cepas de SE isoladas de frango de corte e ATCC 8623. Além disto, foi avaliado também a atividade do monoterpeno timol nas concentrações de 0,023%, 0,047%, 0,071% e 0,094%. Para a avaliação da citotoxicidade, foi utilizada a técnica de MTT em células intestinais IEC-6 e fibroblastos NCTC em concentrações de 0,0625%, 0,125%, 0,25% e 0,5% de TEO e timol, em 24h, para a avaliação do IC₅₀. RESULTADOS OMITIDOS. PEDIDO DE PATENTE EM ANDAMENTO.

Leitoas de reposição livres de Mycoplasma hyopneumoniae proporcionam maior segurança sanitária ao plantel de destino. Entretanto quando introduzidas em rebanhos onde este patógeno está presente, podem apresentar maior risco na transmissão vertical ao primeiro parto, uma vez que a transmissão do agente é lenta e excreção ocorre por longo período. Este estudo teve como objetivo avaliar a dinâmica da infeccção pelo M. hyopneumoniae em leitoas de reposição negativas, introduzidas em plantéis brasileiros endemicamente positivos. Para isso, noventa e oito leitoas, negativas para M. hyopneumoniae, foram alojadas em três granjas comerciais positivas para o agente. Os animais foram dispostos em baias coletivas, as quais permitiram o contato com baias de leitoas anteriormente alojadas na granja, por um período de 21 dias. A dinâmica de infecção foi avaliada pela detecção de M. hyopneumoniae por qPCR e pela detecção de anticorpos através de ELISA, a partir de amostras de suabe laríngeo e sangue, respectivamente. As amostras foram colhidas no momento do alojamento (150 dias de idade; ddi), 165, 180, 210, 240, 270, 300 ddi e pré parto. Observou-se que a transmissão ocorreu de forma rápida nas granjas A e B, sendo necessário 25,2 e 23,9 dias para que 95% das leitoas fossem positivas na qPCR. Não houve influência do número de seeders no momento da exposição, porém a ausência destas (granja C) estendeu o período de transmissão para 69,4 dias. Foram necessários uma média de 162,2 dias após a primeira detecção por qPCR para que 85% das fêmeas parassem de excretar o agente. Não houve efeito significativo da granja (p>0,05) na dinâmica de infecção, evidenciando uma característica intrínseca do agente. Os resultados da sorologia foram similares aos da curva de infecção do rebanho, entretanto como esperado a detecção de anticorpos ocorreu posteriormente à detecção do agente. No momento do pré parto 100% das leitoas soroconverteram e 36,7% das leitoas permaneciam positivas na qPCR. Para avaliação de possível transmissão porca-leitão, próximo ao desmame foram colhidos suabes nasais de 75 leitões de 15 leitegadas de matrizes negativas e de 75 leitões de 15 leitegadas de matrizes positivas na qPCR no pré parto. Somente 1,33% dos leitões foram positivos ao desmame, sendo filhos de fêmeas positivas na qPCR no pré parto e no desmame, ambas de uma mesma granja. Contudo, não foi possível detectar diferenças significativas (p>0,05) para essa variável. Nas condições deste estudo a aclimatação por exposição natural ao M. hyopneumoniae se mostrou eficiente, e que possivelmente outros fatores (carga bacteriana, imunidade cepa-específica, virulência das cepas, etc...) possam limitar a transmissão do agente da fêmea para a sua leitegada e desta forma mitigar o aparecimento da doença no campo.

O presente trabalho desenvolveu um aplicativo para estimar o peso corporal de bovinos de corte. O projeto avaliou 91 animais oriundos de três confinamentos, todos os animais eram machos de raças taurinas e suas cruzas, com peso médio variando entre 255 e 506 Kg. A pesagem dos animais foi realizada em balança eletrônica sem jejum prévio. A medida do perímetro torácico foi realizada caudalmente a escapula passando pelo esterno e pelos processos espinhais das vértebras torácicas, através do uso da fita torácica de pesagem. Após a pesagem, com a câmera do celular da marca Samsung, modelo A5, fotografou-se os animais a uma distância média de 5 metros. Com o auxílio do programa ImageJ, mensurou-se a área corporal, comprimento do corpo tomada lateralmente entre a extremidade ventral da espádua e a ponta do ísquio e altura do dorso medida na linha do dorso até a curva do cilhadouro atrás da pata dianteira. O aplicativo foi desenvolvido na linguagem Python 3.7, utilizando framework Kivy. Utilizou-se os frameworks Keras com Tensorflow para criar o modelo de identificação do bovino e o Mask R-CNN para a segmentação da imagem. Os dados foram submetidos ao teste de normalidade de Shapiro-Wilk, teste de correlação de Pearson e análise de regressão múltipla com o método stepwise para detecção do melhor modelo preditivo através do Índice de Informação de Akaike. As análises estatísticas foram realizadas no programa estatístico R e o nível de significância adotado foi de 5%. O modelo preditivo selecionado pela análise estatística foi o que incluiu apenas a área corporal como variável preditora. Ela apresentou correlação de 0,83 (p<0,01). Neste sentido, sugere-se utilizar esta equação preditiva: Peso Corporal = 293,2 + 0,27 * Área Corporal (r² = 0,68; p<0,01).  A estimativa do peso corporal de bovinos de corte pela área corporal mensurada a partir da imagem fotográfica demonstrou-se ser viável.

O objetivo deste trabalho foi avaliar os parâmetros reprodutivo e BEA de fêmeas suínas submetidas a diferentes alojamentos coletivos e formas de arraçoamento durante o período de gestação. O experimento foi realizado em granja de produção de leitões desmamados localizada no sul do Brasil. Foram utilizadas 1.080 fêmeas distribuídas em esquema fatorial 2 x 2, sendo realizadas 10 repetições ao longo do tempo. O fatorial consistiu em dois momentos de transferência (alojamento) para a baia coletiva (imediatamente após o protocolo inseminação ou aos 35 dias de gestação) e dois modelos de arraçoamento (sistema drops em “Y” ou minibox). Durante as repetições as fêmeas foram distribuídas entre os tratamentos de maneira equitativa por ordem de parto (40 fêmeas de ciclo 1 (OP1); 16 fêmeas de ciclo 5 e 16 fêmeas de ciclo 6 (OP5&6) e 36 leitoas). As inseminações artificiais (IA) foram realizadas com doses intrauterinas heterospérmicas de 45 ml, na concentração de 1,25 bilhões de espermatozoides viáveis. Do período de gestação ao parto foram avaliados parâmetros reprodutivos: retorno ao cio, confirmação de prenhez aos 28 dias, total de nascidos, peso médio da leitegada. A análise do BEA durante o período de gestação foi embasado no protocolo Welfare Quality®, sendo avaliados o comportamento e a saúde das fêmeas em momentos estratégicos do alojamento coletivo. Os dados de comportamento foram coletados em 16 momentos diferentes (dias 1, 8, 15, 22, 29, 36, 42, 49, 56, 63, 70, 77, 84, 91, 99 e 106 após a IA). Já a avaliação de saúde foi realizada em todas as fêmeas nos dias 5, 31, 40 e 101 após a IA. O comportamento durante o arraçoamento foi avaliado em leitoas e primíparas semanalmente durante a gestação.Não houve diferença na taxa de parto e no total de nascidos quando comparado método de alojamento, sistema e interação (P>0,05) nem para leitoas, OP1 e OP5 e 6). Na avaliação de comportamento das leitoas e primíparas durante o arraçoamento não foi encontrado diferença (P>0,05) para comportamento agonístico e ativo quando comparado sistema, semana de gestação e interação (P>0,05) nem para leitoas, OP1 e OP5 e 6). O comportamento das fêmeas não foi influenciado na interação sistemavsalojamento (P>0,05) em nenhuma das categorias. Fêmeas suínas pode ser manejadas em grupos coletivos pequenos (9 animais) sem a divisão em minibox. O manejo de formação das baias coletivas pode ocorrer imediatamente após a cobertura ou aos 35 dias.

Este trabalho avaliou o desempenho zootécnico, retenção de nutrientes e índices corporais em tilápia-do-Nilo (Oreochromis niloticus), submetida a diferentes manejos alimentares (horários e quantidades de alimento fornecido). O experimento foi realizado no Centro de Desenvolvimento de Aquicultura e Pesca (CEDAP) na Unidade de Piscicultura de Itajaí, localizado na Estação Experimental de Itajaí, com duração de 40 dias, no ano de 2019. Foram utilizados 360 alevinos de tilápia-do-Nilo, com peso médio inicial de 23,38±0,24 g, distribuídos em 18 tanques-rede experimentais de 1,0 m³ (1,0 m x 1,0 m x 1,0 m) de capacidade volumétrica, instalados num viveiro de 300 m² com aerador. O delineamento foi um bi-fatorial (2 horários vs 3 formas de ofertar) casualizados em blocos com três repetições, totalizando 6 tratamentos. Todos os tratamentos receberam a mesma quantidade diária de dieta, alterando apenas o horário e as taxas de alimentação em cada refeição.  Os tratamentos são: T1= peixes alimentados nos horários 08:00, 11:00, 14:00 e 17:00 horas, com taxas de alimentações  iguais de 25%; T2= peixes alimentados nos horários 08:00, 11:00, 14:00 e 17:00 horas, com taxas de alimentações de 10, 20, 30 e 40%; T3= peixes alimentados nos horários 08:00, 11:00, 14:00 e 17:00 horas, com taxas de alimentações 10, 40, 40 e 10%; T4= peixes alimentados nos horários 11:00, 14:00, 17:00 e 20:00 horas, com taxas de alimentações iguais de 25%; T5= peixes alimentados nos horários 11:00, 14:00, 17:00 e 20:00 horas, com porções crescentes de 10, 20, 30 e 40%; T6=tratamento 6, peixes alimentados nos horários 11:00, 14:00, 17:00 e 20:00 horas, com taxas de alimentações de 10, 40, 40 e 10%. Oxigênio dissolvido e temperatura da água foram monitorados diariamente. Amônia, nitrito, pH, transparência, alcalinidade e dureza, assim como a realização de biometrias para acompanhar o crescimento dos animais e ajuste da quantidade de ração foram realizadas semanalmente. Os dados foram submetidos a análise de Levene para verificar homocedasticidade. Posteriormente, submetidos a análise bifatorial (2X3). Todas as análises foram realizadas com nível de significância de 5%. Após 40 dias, os peixes permaneceram 24 h de jejum e todos foram pesados e medidos para avaliar peso final, ganho de peso diário, eficiência alimentar, sobrevivência e produtividade, que foram em média de 127,25 ± 4,46 g, 2,60 ± 011 g.dia^-1, 1,05 ± 0,03, 99,72 ± 0,48 % e 2537,93 ± 99,73 g.m^-³, respectivamente. Além disso, quatro peixes por unidade experimental (72 no total) foram anestesiados com óleo de cravo (50 mg.L^-1) até cessar os movimentos operculares para posterior eutanásia por comoção cerebral e avaliação do índice de gordura visceral de 1,96±0,19% e coleta de amostras para análise da retenção e excreção de nitrogênio, nos valores de 54,15±2,90% e 24,66±2,17 kg.ton de peixe^-1, respectivamente. Não houve diferença significativa entre os tratamentos para nenhum dos fatores analisados. Conclui-se que nas condições experimentais avaliadas o horário e as diferentes distribuições da quantidade de alimento por alimentação não interfere os índices produtivos, corporais, assim como a capacidade de reter nitrogênio de juvenis de tilápia submetidos aos mesmos parâmetros de qualidade de água.

Listeria monocytogenes é uma bactéria que infecta humanos e animais, podendo causar uma doença zoonótica caracterizada por encefalite, septicemia e abortos. Além disso, a listeriose resulta em perdas econômicas significativas pela morte ou sacrifício de animais. O objetivo deste trabalho foi comparar a técnica de imunofluorescência direta (IFD) e imunohistoquímica (IHQ) para diagnóstico de L. monocytogenes em tecidos fixados e parafinizados. Foram selecionados 25 blocos de tecidos de animais com histórico e/ou lesões compatíveis com listeriose. Para a imunohistoquímica, foi utilizado anticorpo primário policlonal anti-L. monocytogenes sorotipo 1 e 4 diluído, seguido de kit com anticorpo secundário acoplado a polímero. Para a imunofluorescência, foi utilizado o mesmo anticorpo primário, seguido de anticorpo secundário anti-IgG de coelho marcado com fluoresceína. Cada amostra foi classificada quanto à presença e intensidade de imunomarcação. Das 25 amostras, 10 foram positivas em pelo menos uma das técnicas, sendo oito amostras positivas em ambas IHQ e IFD com a mesma intensidade. Houve forte imunomarcação tanto em amostras de bovino experimentalmente infectado com L. monocytogenes ATCC 7644, como em amostras de tecido nervoso de ruminantes naturalmente infectados. O estudo demonstrou que as duas técnicas foram eficientes para detectar L. monocytogenes em tecidos fixados e parafinizados. O uso de materiais biológicos processados para IFD, ao invés de tecidos frescos, é algo inovador, uma vez que existem poucos protocolos descritos. Porém, a IFD não apresentou diferença na sensibilidade quando comparada com a IHQ, sendo esta última de menor custo e maior facilidade na interpretação dos resultados.

O presente estudo teve como objetivo avaliar o Propofol (2,6 - diisopropilfenol) como anestésico no Catfish (Ictalurus punctatus) e seus efeitos sobre a fisiologia do peixe. O projeto foi dividido em duas fases. Fase I: a) Determinação da concentração anestésica ideal. Fase II: Avaliação do efeito do anestésico sobre as respostas fisiológicas (cortisol, glicose, lactato) e alterações histopatológicas em brânquias e fígado. Para determinação da dose ideal foram utilizados 60 juvenis com peso médio de 96,60 ± 27,70 g, submetidos a diferentes concentrações do anestésico: 1,5; 2,0; 2,5; 3,0; 4,0; 5,0; 6,0 mg/L. A concentração de 2,5 mg/L foi considerada como a concentração ideal, proporcionou uma indução anestésica e uma recuperação em menor tempo. A avaliação do efeito do anestésico sobre as respostas fisiológicas e alterações histopatológicas mostrou que a exposição dos juvenis de catfish a concentração de 2,5 mg/L de propofol foi suficiente para causar alterações nos valores das variáveis: cortisol, glicose, lactato e histológicas de fígado e brânquias. No entanto, não houve diferença significativa nos níveis plasmáticos de cortisol (P > 0,05) entre os grupos controle e tratamento. O estudo histopatológico revelou alterações leves a moderadas nas brânquias (congestão nos vasos lamelares e veia central, elevação epitelial), moderadas e severas no fígado (congestão e degeneração). Não foram observados índices de mortalidade. Este estudo indica que a dose de 2,5 mg/L de propofol proporciona anestesia segura em I. punctatus e suprime o aumento do nível de cortisol.

Experimento que avaliou produção e qualidade de silagens e determinou caracteres
agronômicos das variedades de milho com polinização aberta (VPA) da Empresa de
Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri). O delineamento
experimental foi de blocos ao acaso com esquema fatorial 2x3, sendo o primeiro fator o
espaçamento entre linhas (EEL) - 0,7 m ou 0,8 m - e, o segundo, a cultivar (SCS-154
Fortuna, SCS-155 Catarina ou SCS-156 Colorado), com 04 repetições (blocos). O estande
final foi fixo (55.000 plantas.ha -1 ). Os dados foram submetidos a testes de normalidade e
análise de componentes principais, seguidos de análise de variância e teste de Tukey para
comparação das médias (p<0,05). O tempo da emergência ao florescimento masculino
(VT) e ao ponto de corte para silagem (PCS) foi de 70 e 101 dias, respectivamente, para o
SCS-154 Fortuna e SCS-156 Colorado; e de 73 e 105 dias para o SCS-155 Catarina. Fortuna
apresentou maior participação de folhas na estrutura da planta. Não houve diferença
estatística para diâmetro de colmo e comprimento de espiga. O maior diâmetro de espiga
foi observado em Catarina a 0,7 m de EEL. A cultivar Colorado teve menor altura de planta
e de inserção da espiga. A maior produção de massa verde e massa seca foi para Fortuna
e Catarina. Fortuna em EEL de 0,7 m apresentou o maior potencial de conversão em leite.
O custo de produção estimado foi maior na cultivar Colorado. Por chegar ao ponto de
ensilagem 04 dias antes, e apresentar produção, qualidade bromatológica e custos
similares a Catarina, a cultivar mais indicada para produção de silagem é a SCS-154
Fortuna.

O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da temperatura (T) de peletização (60°C ou 90°C) e do tipo de palatabilizante (PTB); açúcar ou melaço, sobre as características físico-químicas da dieta, o desempenho zootécnico e metabólitos sanguíneos de leitões na fase de creche e a digestibilidade dos nutrientes da dieta. Foram utilizados 32 leitões (machos e fêmeas) recém-desmamados, distribuídos aleatoriamente nos tratamentos experimentais em arranjo fatorial 2x2. Todos os animais receberam a mesma dieta basal, fornecidas à vontade. Após adaptação, foram realizadas as coletas parciais de fezes durante cinco dias, para análises de digestibilidade. Para avaliação de desempenho, os animais foram pesados aos 28, 35 e 40 dias de idade. A coleta de sangue foi realizada no início e final do experimento. Os dados foram submetidos a análise de variância para testar o efeito do tipo de PTB, da T de peletização, suas interações e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro. A peletização a 90°C aumentou o índice de durabilidade do pelete no tratamento com melaço. Houve interação entre o tipo de PTB e a T de peletização sobre o teor de finos, que reduziu nos tratamentos com T 90°C e aumentou nos tratamentos com melaço (P<0,05). Houve maior gelatinização do amido nos tratamentos com açúcar, ao invés do melaço à T 90°C. Também no processamento com maior T, houve aumento da gelatinização do amido nas dietas com açúcar. Não houve interação entre o tipo de PTB e T de peletização sobre os teores de amido resistente e não resistente (P>0,05). O tipo de PTB e a T de peletização não influenciou os índices de amido resistente e amido não resistente. O índice de amido total foi maior nos tratamentos utilizando o açúcar. O uso do melaço promoveu maior digestibilidade da energia bruta e da matéria mineral e a peletização à 90°C, aumentou a digestibilidade do Ca, P e matéria mineral (P<0,05). Não houve interação entre o tipo de PTB e T de peletização sobre o ganho médio diário de peso, o ganho de peso total, metabólitos sanguíneos, nem efeito do tipo de PTB ou da T de peletização sobre esses parâmetros. Embora a T de peletização não tenha efeito sobre a concentração sérica da enzima GGT, o uso de melaço reduziu os níveis de GGT na dieta peletizada à 60°C. O melaço pode substituir o açúcar como palatabilizante das rações em leitões de creche, sem prejuízo do desempenho zootécnico dos animais, promovendo maior digestibilidade de energia bruta e da matéria mineral, embora prejudique as características físico-químicas da dieta. O melaço permitiu explorar maiores temperaturas de peletização (90°C) no processamento da ração, aumentando a digestibilidade de cálcio, fósforo e material mineral das dietas, em relação as rações submetidas a temperatura de 60°C.

O objetivo do presente estudo foi caracterizar o perfil socioeconômico e tecnológico dos produtores da mesorregião sul do estado de Santa Catarina. Seguindo uma amostragem de 6,5% sobre o total de propriedades por município, nível de confiança de 95%, erro amostral de 5% e heterogeneidade no grupo, foram coletados dados de 308 propriedades, sendo que 22 delas foram excluídas por apresentarem dados insuficientes. Os produtores foram selecionados de forma aleatória e as informações extraídas através de um formulário eletrônico, abrangendo questões sociais, econômicas, técnicas e tecnológicas. Os dados foram analisados pela análise fatorial, significante, discriminante e de agrupamento. As propriedades apresentaram como principal atividade a bovinocultura leiteira, possuem área média de 20,79 hectares e uma produção individual de 12,18 litros por animal por dia. Na análise fatorial, o primeiro fator esteve relacionado com a área e produtividade das propriedades e o segundo fator com controle sanitário e a variedade alimentar dos animais. A análise de agrupamento formou três clusters, o primeiro e o segundo, compostos por propriedades com áreas e produtividade maiores e outro constituído por propriedades de menor porte, sendo esse último o que envolveu mais produtores. As propriedades são caracterizadas por baixa produção, existindo claramente uma deficiência no acompanhamento técnico aos produtores.

No Brasil desde 2009 são relatados frequentes surtos de doenças respiratórias agudas em suínos causados pelo vírus influenza A (FLUAV). Os vírus pandêmico H1N1 (pH1N1), vírus de influenza de origem sazonal, H1N2 e H3N2 são subtipos comuns em rebanhos de suínos no Brasil, onde continuam a evoluir. A maior parte dos estudos realizados até agora foram na terminação de suínos. Entretanto, doenças do complexo respiratório suíno, como a influenza, são responsáveis pela maioria das perdas e pelo uso de medicamentos em creches. Os objetivos deste estudo foram avaliar a prevalência de FLUAV e detectar a infecção dos subtipos FLUAV em crechários de suínos. O estudo foi realizado na região Oeste de Santa Catarina, maior estado produtor e exportador de suínos do Brasil. Os crechários abrigavam o total de 60 mil leitões. Para o cálculo da amostragem, foram considerados um nível de confiança de 95%, nível de precisão de 5% e uma prevalência de 40%, totalizando 423 amostras. Em todos os 11 crechários, a infecção do FLUAV foi identificada pela detecção de RNA viral por RT-qPCR em amostras de secreção nasal (67,4%), bem como pela presença de anticorpos produzidos contra FLUAV por Elisa, confirmado por HI. Entre as propriedades, a porcentagem média de leitões soropositivos para FLUAV foi de 66,9%. O teste HI revelou maior prevalência de anticorpos em leitões contra o vírus H3N2 (38,0%), seguido por pH1N1 (23,8%) e H1N2 (3,23%). Dos 33 vírus amostrados por swabs nasais subtipados por RT-qPCR, 18 (54,5%) foram positivos para o vírus H3N2 (de seis crechários), nove (27,0%) foram positivos para pH1N1 (de dois crechários) e seis (18,0%) amostras de três crechários não puderam ser subtipadas, provavelmente devido à baixa carga viral. Nossos dados revelam ainda que 10,3% dos suínos amostrados foram expostos a pelo menos dois antígenos, sendo que diferentes estirpes virais de influenza infectam o rebanho suíno analisado, causando infecções mistas e possivelmente contribuindo para rearranjos genéticos virais. Nossos resultados corroboram a necessidade de compreender a evolução dos subtipos de FLUAV em crechários para melhor controle da infecção e futuros rearranjos de vírus que podem causar novos surtos.

A ocorrência de doença vesicular em suínos associada ao Senecavirus A na região produtora de Santa Catarina causou um incremento no número de notificações ao serviço oficial de defesa sanitária animal em 2015. Diante das posteriores recorrências do evento, o objetivo do estudo foi avaliar a evolução do desempenho do sistema de vigilância sanitária animal estadual nos anos subseqüentes ao ano base da primeira manifestação do episódio. Para isto, a base de dados constante no Sistema Continental de Investigação e Vigilância Epidemiológica - SivCont (PANAFTOSA – OPS/OMS) foi utilizada para inferir indicadores de vigilância associados à sensibilidade do processo de notificação e à eficiência dos atendimentos oficiais de modo a se testar hipóteses de diferença de determinados parâmetros observados entre 2015 e anos subsequentes. Assim, quatro modelos estatísticos foram realizados para: testar o efeito do ano sobre o provável início da ocorrência; testar o efeito do ano sobre o tempo de reação do serviço oficial; avaliar se existe associação entre o ano com o tipo de desfecho da investigação oficial (caso provável e caso descartado de doença vesicular); avaliar se existe associação entre o ano com a detecção do RNA de Senecavirus A dentre as análises laboratoriais realizadas nas investigações classificadas como casos prováveis de doença vesicular. Os resultados demonstraram que, em geral, os indicadores avaliados pioraram após 2015 quando comparado com o ano base: as chances de ocorrer notificações com lesões vesiculares tardias (>3 dias) foram similares; o tempo médio de reação (9 horas) do serviço veterinário oficial à notificação aumentou em uma hora; as chances dos casos serem considerados prováveis aumentaram 32,3 vezes, mas a prevalência de casos com detecção molecular de Senecavirus A foi 78% menor. A piora nos parâmetros demonstrou a necessidade de aprimoramento nos procedimentos do sistema de vigilância para abarcar a endemicidade da manifestação de Senecavirus A, sem comprometer o foco sindrômico do seu caráter vesicular.

O raquitismo é uma patologia carencial que ocorre em animais jovens e em crescimento, levando a uma pobre mineralização óssea. O raquitismo tem sido relatado em várias espécies e causa inúmeras perdas econômicas. É uma doença causada pelo desequilíbrio nutricional de cálcio, fósforo e vitamina D. O objetivo deste trabalho foi relatar dois surtos de raquitismo em granjas comerciais produtoras de leitões no município de Seara, na região oeste de Santa Catarina, Brasil. Em agosto de 2016, o Laboratório de Patologia Veterinária (LPV) do Instituto Federal Catarinense (IFC) Campus Concórdia, diagnosticou surtos de raquitismo em duas granjas de suínos, na fase de creche do município de Seara, SC. A história clínica foi obtida do veterinário de campo e produtores rurais. Na anamnese, relataram que há três meses passaram a utilizar um produto para misturar na ração (premix) da mesma empresa e depois os suínos apresentaram os seguintes sinais clínicos: perda de posterior e perda de peso progressiva. Seis animais foram submetidos a necropsia e órgãos das cavidades abdominal e torácica; sistema nervoso central e ossos; foram coletados e fixados em formalina tamponada a 10%, processados rotineiramente, embebidos em parafina e corados com hematoxilina e eosina (HE) para análise histopatológica. Além disso, amostras do produto para misturar a ração contendo os minerais e vitaminas (premix) foram enviadas a um laboratório especializado para análise dos níveis de macroelementos através da metodologia de absorção atômica. Na propriedade 1, em um lote de 100 animais, a taxa de morbidade foi de 15% (15/100) e a letalidade de 5% (5/100). Na propriedade 2, entre 30 animais, uma taxa de morbidade e letalidade foi de 33% (10/30). Cinco animais da propriedade 1 e um da propriedade 2 foram submetidos à necropsia, mostrando fragilidade óssea e flexibilidade severa (6/6), descontinuidade da placa de crescimento (2/6) e aumento do volume das articulações costocondrais (rosário raquítico) e espessamento da cartilagem epifisária (2/6). Em relação ao premix utilizado, a informação do rótulo era de 110 g/Kg de Ca (mínimo), 62 g/Kg de P total e 38.400 UI/Kg de vitamina D. Entretanto, a análise do produto utilizado na mistura alimentar quantificou 74,33 g/Kg de Ca (mínimo), 22,20 g/Kg de P total e 40.098,90 UI/Kg de vitamina D. O diagnóstico de raquitismo foi estabelecido por meio da associação de histórico, sinais clínicos, macroscopia, lesões microscópicas e análises nutricionais. Os suínos afetados pesavam aproximadamente 20 Kg de peso vivo e consumiam em média 1,0 Kg de ração por dia. A quantidade recomendada de consumo de ração para esse estágio é de aproximadamente 953 gramas na literatura americana, enquanto a recomendação nacional é de 1036 gramas/animal. Comparando informações no rótulo do produto e análises laboratoriais, o nível real de Cálcio foi 32,4% (35,6 g/Kg) mais baixo no produto, assim como o nível total de fósforo, 64,2% (39,8 g/Kg) menor. Por outro lado, os níveis de vitamina D foram de 4,4% (1698,9 UI) acima do nível de garantia fornecido pela empresa. O raquitismo em suínos criados intensivamente no Brasil ocorre devido à não observância dos níveis mínimos na dieta de Ca, P e Vitamina D. Embora essa seja uma conclusão evidente, levando-se em conta a tecnificação da indústria no país, não é esperada atualmente um erro na formulação da dieta levando à mortalidade dos animais e uma séria perda econômica para os agricultores.

Na produção animal, o uso indiscriminado de antimicrobianos, somado a falhas de administração, determina a seleção de bactérias resistentes a uma ampla variedade de princípios ativos. Uma estratégia é utilizar produtos que podem promover a saúde dos animais reduzindo a necessidade do uso de antimicrobianos como: prebióticos, probióticos, ácidos orgânicos e óleos essenciais. O objetivo do trabalho foi comparar o uso de produtos alternativos com a antibioticoterapia preventiva convencional administrada na ração de suínos de crescimento/terminação. O experimento utilizou 1056 suínos de crescimento e terminação dos 65 aos 190 dias de idade alojados em 2 pavilhões com 48 baias cada. Os animais foram submetidos a seis tratamentos totalizando 16 repetições cada, sendo: T1: ração sem antibióticos; T2: ração com antibiótico; T3: ração com prebiótico; T4: ração com probiótico; T5: ração com óleo essencial; e T6: ração com ácido orgânico. A inclusão dos produtos, de acordo com o tratamento, foi realizada na fábrica de ração no momento da formulação das dietas. Foram realizadas pesagens individuais a cada troca de ração, para determinar o ganho de peso individual e ganho médio diário. Ao decorrer do experimento foram coletados dados da oferta e sobras de ração, ocorrências clínicas, mortalidade, índice de tosse e espirro e presença de diarreia. Os animais com sinais clínicos durante o tratamento foram identificados em uma ficha de ocorrências clínicas e submetidos a tratamento com antibiótico injetável. No frigorífico foi realizada avaliação de índice de pneumonia e pleurisia (IPP), índice de úlcera gástrica e tipificação de carcaça. Não houve diferença entre os tratamentos (P>0,05) para conversão alimentar. A média de ganho de peso foi de 107,06 ± 0,9 Kg, com ganho médio diário de 856,49 ± 7,7 g e peso médio de carcaça de 92,4 ± 0,7 Kg, sem diferença entre os tratamentos (P>0,05). Para índice de tosse e espirro, também não se obteve significância dentre os grupos testados (P>0,05). A necessidade de medicação injetável dos animais com sintomatologia clínica representou em média R$ 1,98 por animal, não sendo observado diferença entre os grupos (P>0,05). Ao decorrer dos 125 dias de experimento, 27 animais vieram a óbito (2,55%) por causas diversas sem diferença entre os tratamentos (P>0,05). Todos os tratamentos ficaram com alta frequência de IPP (>0,90). Os animais utilizados neste estudo eram procedentes do sistema de produção convencional da empresa, portanto, submetidos aos desafios de pressão de infecção. Ainda assim, o uso de antibioticoterapia via ração e o uso de alternativos aos antibióticos, não trouxeram benefício ao desempenho dos animais. Os resultados denotam que redução e/ou retirada de antibióticos na ração de suínos pode ser considerada uma perspectiva futura para a produção de suínos em crescimento e terminação.

Na suinocultura moderna, alguns parâmetros de produção têm papel fundamental, dentre eles podemos salientar a eficiência reprodutiva e o impacto de ter em produção machos que tenham uma boa fertilidade. O objetivo deste trabalho foi analisar a fertilidade de machos suínos da raça Landrace, através da taxa de parto (TP) e nascidos total (NT) e qual a relação com os dados obtidos na Unidade de Difusão Genética (UDG) através do sistema CASA. O estudo foi realizado em uma granja núcleo de fêmeas da raça Landrace localizada em Chapecó – SC, as doses de sêmen eram provenientes de uma UDG em Guarapuava – PR. Todas as inseminações foram homospérmicas com deposição intra-cervical na concentração de três bilhões de espermatozoides móveis por dose inseminante e acondicionadas entre 15-18ºC. Foi analisado um período de 24 meses e considerado somente machos que tenham tido ao menos 20 fêmeas inseminadas. No período houve 1506 fêmeas inseminadas e 1405 partos. Para qualidade seminal foi considerada as características de motilidade, concentração e patologia espermática, avaliadas pelo sistema CASA in natura e após 96 h, mantida as doses a uma temperatura de 17°C. Os resultados laboratoriais foram incluídos na análise para determinar o impacto no potencial reprodutivo dos ejaculados desses machos. Verificou-se a existência de indivíduos que apresentaram alta e baixa fertilidade. O macho FV00103520 apresentou uma TP de 94,73 ± 5,26 enquanto o NVSG5945 apresentou uma TP 56,66 ± 9,2 (P<0,05). Quanto ao NT o indivíduo FV00043961 apresentou 15,52 ± 0,69 enquanto o NVSG5945 5,82 ± 0,73 (P<0,05). Conclui-se machos de baixa fertilidade trazem grande impacto no sistema de produção. Portanto, trabalhar com dados de UDGs e até mesmo com números retroativos provenientes das granjas fornecem uma valiosa informação para a tomada de decisão sobre o momento de remover algum animal da reprodução, assim como aumentar a base de dados para que os geneticistas tomem suas decisões durante o processo de melhoramento animal desta raça/linhagem.

A salmonelose é uma das doenças transmitidas por alimentos mais comum em humanos, e entre os alimentos de origem animal a carne suína é a terceira fonte de contaminação. Diversos fatores estão relacionados à disseminação de Salmonella nas granjas, dentre eles a ração ocupa um importante papel. As fábricas produzem quantidades volumosas de ração, que abastecem muitas granjas. Portanto, uma partida contaminada tem um impacto potencial de distribuir a contaminação em diversas propriedades. Uma vez infectados, os suínos excretam altas concentrações do agente pelas fezes contaminando o ambiente e companheiros de lote. Neste contexto, a proposta do estudo é contribuir para o controle de Salmonella por meio da inclusão de produtos a base de formaldeído na ração de suínos em fase de creche. O estudo foi realizado em duas etapas. Na primeira delas quatro diferentes fórmulas comerciais, à base de formaldeído e blends de ácidos orgânicos tiveram sua eficácia testada frente a contaminação artificial por Salmonella Senftenberg. O produto composto por 30% de formaldeído e 5% de ácidos orgânicos foi o que a presentou melhor desempenho, obteve uma redução de 3 log10  e foi selecionado para inclusão dieta de leitões em diferentes concentrações 0% (controle), 1%, 2% e 3%. O que compreendeu e a segunda etapa do teste. Nesta, 336 suínos machos, da mesma linhagem genética, com idade média de 21 dias e peso médio 6,2 Kg, foram distribuídos em 28 baias através do delineamento de blocos ao acaso. Para cada tratamento foram realizadas 7 repetições com 12 leitões por baia. O produto líquido comercial foi aplicado à ração através de aspersão líquida. Para coleta de dados os animais e a sobra de ração foram submetidos a pesagem no dia do alojamento e a cada troca de fase de consumo de ração, 8, 17, 27 e 42 dias de alojamento. Nestas ocasiões foram avaliados ganho de peso, ganho de peso diário, consumo de ração e conversão alimentar dos suínos. Diferenças estatísticas (p<0,005) foram observadas entre grupos, sendo que o grupo controle apresentou melhores índices zootécnicos em comparação aos grupos que consumiram ração tratada com diferentes concentrações de formaldeído. Sugerindo desta maneira que apesar do significativo controle de Salmoenlla na ração, a inclusão de 1% até 3% formaldeído na dieta de suínos em fase de creche compromete seu desempenho. E desta maneira, as estratégias para controle de patógenos alimentares, precisam levar em consideração seus impactos negativos sobre o desempenho dos animais.

O objetivo do trabalho foi de avaliar o desempenho produtivo, características qualitativas da carne e a economicidade de bovinos de corte confinados com dieta controle e dieta soro de leite, em delineamento experimental inteiramente casualizado, com 2 dietas e 3 repetições. Foram utilizados 24 novilhos, de raças taurinas e suas cruzas, com peso vivo médio inicial de 319,3±11,4 kg e idade média de 11 meses, distribuídos em 6 baias e alimentados por 124 dias, as dietas ofertadas apresentaram relação volumoso:concentrado de 40:60, contendo 13% de proteína bruta e 68% de nutrientes digestíveis totais. As dietas foram compostas por silagem de milho e concentrado, diferenciando a dieta soro em que foi incluso 14,78% da matéria seca da dieta de soro de leite. Nos resultados apresentaram semelhanças (p>0,05) de 1,42 kg/dia no ganho de peso médio diário, no pesos de abate (497±19,94 e 504±21,36 kg), no peso das carcaças quente (279,15±12,54 e 287,77±13,16 Kg), no rendimento de carcaça quente (56,02±0,50 e 56,89 ±0,50%), na espessura de gordura subcutânea (5,25±0,92 e 6,50±1,35 mm), na temperatura das carcaças (7,17±0,27 e 7,08±0,29 °C), no marmoreio (8,42±0,99 e 7,58±0,62), nos valores na cor da carne (L*38,77±0,82 e 38,43±0,69; a*- 21,09±0,58 e 20,02±0,58; b* 12,44±0,35 e 11,45±0,44). Diferenças (p<0,05) entre os novilhos alimentados com a dieta controle e a soro de leite foram verificados no consumo de matéria seca valores de 9,39±0,15 e 8,40±0,14 kg/animal/dia e nos valores do pH observados 6,02±0,09 o 6,35±0,10, respectivamente. A economicidade da dieta soro de leite apresentou lucratividade superior ao da dieta controle, com valores de R$7.213,81 e R$3612,61. O soro de leite inserido na dieta dos animais ao nível de inclusão mencionado nesse trabalho, não afetou o desempenho produtivo e a qualidade do músculo longissimus thoracis e apresentou valores econômicos melhores. Podendo o soro de leite ser utilizado na dieta de bovinos de corte precoce confinados como alternativa para reduzir os custos com a alimentação.

Os javalis representam potencial fonte de disseminação de agentes patogênicos de importância para a saúde pública e animal, uma vez que podem ser reservatórios de diversos patógenos. O objetivo deste trabalho foi avaliar o perfil sanitário de javalis abatidos para controle populacional no estado de Santa Catarina, situado na região sul do Brasil. Para a realização desse estudo foram colhidas amostras de tecido e soro sanguíneo de 61 javalis de vida livre, abatidos para controle populacional, no período de outubro de 2017 a novembro de 2018. As 61 amostras de soro sanguíneo foram submetidas à pesquisa de anticorpos por diferentes ensaios, obtendo-se a seguinte soroprevalência: circovírus suíno tipo 2 (52%), Mycoplasma hyopneumoniae (20%), vírus da Influenza A (10%), Leptospira spp. (21%) e vírus da Hepatite E (14%). Para Brucella spp. e Peste Suína Clássica não houve sororreagentes. Nas necropsias, as principais lesões observadas foram evidências de parasitas pulmonares (metastrongilídeos), linfonodos hemorrágicos e manchas brancacentas no fígado.  As análises histopatológicas evidenciaram principalmente pneumonia intersticial, broncopneumonia e hiperplasia de BALT. Houve associação significativa entre parasitismo pulmonar por metastrongilídeos e hiperplasia de BALT. Os achados patológicos dos javalis indicam que os indivíduos avaliados não foram expostos à patógenos/doenças notificáveis, que causam prejuízos econômicos por barreiras comerciais não tarifárias, como Peste Suína Clássica, Peste Suína Africana e Febre Aftosa. Contudo, a detecção de anticorpos, contra PCV2 e Mhyo, patógenos que impactam a produção comercial, indica a circulação desses agentes, variando em frequência, nas populações selvagens, o que caracteriza potencial risco de transmissão de doenças/patógenos entre as populações de suínos domésticos e de vida livre em ambas as direções. A detecção de anticorpos contra agentes zoonóticos como vírus da hepatite E, vírus da Influenza A e Leptospira spp., além de caracterizarem a circulação dos agentes nessas populações, sugerem potencial risco à saúde pública e/ou à suinocultura, dependendo das interações que estabelecem com o ambiente, seres humanos e suínos domésticos. Com os resultados deste trabalho recomenda-se o incremento na biossegurança de granjas comerciais, bem como cuidados na manipulação das carcaças destes animais e o aprofundamento de estudos do perfil sanitário dos javalis no estado de Santa Catarina e no Brasil e suas implicações ao ambiente, pecuária e saúde pública.

O objetivo deste trabalho foi pesquisar a prevalência de condenações de carcaças suínas por doenças respiratórias no abate e associar o impacto dos fatores de risco climáticos e fatores relacionados as granjas. O trabalho compreendeu um estudo retrospectivo de 156 propriedades de crescimento e terminação de suínos integradas a uma agroindústria do sudoeste do estado de Goiás no período de outubro de 2016 a setembro de 2018. O período de trabalho foi dividido em ano 1 (outubro/2016 a setembro/2017) e ano 2 (outubro/2017 a setembro/2018), bem como as condições climáticas foram divididas em duas estações, estação de seca (de abril a setembro) e chuva (de outubro a março). Para análise do impacto dos fatores de risco sobre as condenações foram selecionadas a variável climática de acordo com a estação seca ou chuvosa e os fatores relacionados diretamente as granjas: vazio sanitário (intervalo entre lotes) e número de origens distribuídas em 1; 2-3; 4-5 e mais de 6 origens. Ainda foram avaliados os resultados dos índices zootécnicos como peso ao alojamento (Kg), peso ao abate (Kg), ganho de peso diário (Kg), mortalidade e conversão alimentar. Para análise estatística foi empregado o Software SAS® vs. 9.5. com um nível de significância de 5%. Verificou-se que as condenações de carcaças suínas foram superiores em épocas de seca (P<0,0001), sendo a pleurite úmida responsável por 60,38% das condenações. As condenações de carcaças foram maiores no ano 2 (P<0,0001) em relação ao ano 1, sendo pleurite úmida com 74,92% e pneumonia 61,96%. Um total de 99,51% das condenações por pleurite seca foram liberadas para o consumo, por pleurite úmida ou pneumonia, 99,65% e 99,58%, respectivamente, foram destinadas a produtos cozidos e 99,51% das carcaças condenadas por pleuropneumonia foram destinadas para graxaria (P<0,0001). De acordo com a origem dos leitões, os lotes provenientes de duas ou mais origens obtiveram maior número de carcaças condenadas (P<0,0001) em relação as granjas com uma única origem. Dessa forma, observou-se que os fatores de risco relacionados a condição climática e ao número de origens de leitões estão associados aos índices de prevalência de condenações de carcaças no abatedouro.

Anemia Infecciosa das Galinhas (CAV) é uma doença viral aguda, amplamente difundida ao redor do mundo
caracteriza-se por uma grave anemia aplástica temporal e imunossupressão severa, fazendo com que as aves
fiquem suscetíveis a doenças oportunistas. Apenas aves jovens apresentam doença clínica, porém aves adultas
podem desenvolver a forma subclínica. O objetivo desse estudo foi tentar padronizar uma técnica de titulação de
vacina de CAV por PCR em tempo real e correlacionar a quantidade de material genético presente na vacina à
resposta imune sorológica dos animais. 35 aves SPF, com 6 semanas, foram divididas em 6 grupos e vacinadas
com diferentes diluições de uma vacina comercial, para avaliação de produção de anticorpos. Foram realizadas 3
coletas de soro, com 7, 14 e 21 dias pós-vacinação e simultaneamente à última coleta as aves foram desafiadas
com uma dose de um vírus de CAV não atenuado, seguido por mais 3 coletas de soro e sangue inteiro para
avaliar padrão de anticorpos e presença de doença subclínica. Todas as diluições da vacina foram testadas em
qPCR e o resultado do CT foi comparado com a titulação de anticorpos. A soroconversão aconteceu efetivamente
com 21 dias pós-vacinação, sendo que apenas os grupos GC (sem vacinação) e G5 (diluição de 10-4)
permaneceram com titulação no grupo 0. Nenhuma ave apresentou quadro de anemia durante o período de
avaliação. Analisando a influência do CT da vacina na produção de anticorpos, os resultados mostraram que para
cada aumento de 1 unidade no CT ocorre redução de 26% na probabilidade de ocorrência de aves nos grupos
vacinais 3 e 4 e de 24% na ocorrência de aves nos grupos vacinais 1 a 4. O valor ideal de CT para que a vacina seja
efetiva é de 25,96 e 28,87 para que respectivamente 90% e 80% dos animais não estejam no grupo 0 e 16,63 e
19,29 para que as aves estejam nos grupos 3 e 4. Esses resultados demonstraram que é possível e viável utilizar-
se da PCR em tempo real para realizar a titulação de vacina de CAV e que existe, estatisticamente, uma
correlação positiva entre o CT encontrado na vacina e o título de anticorpos no soro das aves.

Este trabalho avaliou parâmetros físico-químicos da água, prevalência de ectoparasitos, caracterização hematológica e desempenho zootécnico de tilápias do Nilo (O. niloticus), cultivadas em três diferentes sistemas na região de Tubarão-SC. Foram utilizadas 149.360 tilápias, distribuídas em nove viveiros escavados, em uma área de 46.710 m². Os sistemas de cultivo avaliados foram: Sistema 1: integrado com suinocultura (utilizando o dejeto total), Sistema 2: integrado com suinocultura (utilizando a parte sólida do dejeto) e Sistema 3: sem integração com suinocultura (cultivo extensivo). As densidades médias iniciais dos cultivos foram de 3,05 ± 0,11; 3,59 ± 0,47 e 1,09 ± 0,54 peixes m^-2 nos sistemas 1, 2 e 3, respectivamente. As análises hematológicas e parasitológicas foram realizadas em 90 espécimes por tratamento (sistema de cultivo), totalizando 270 peixes. A temperatura, oxigênio dissolvido, pH, alcalinidade, sulfetos e ferro total não apresentaram diferença significativa (p>0,05) entre os sistemas de cultivo. Os compostos nitrogenados (amônia, N-nitrito, N-nitrato) foram significativamente menores no sistema extensivo (p<0,05). A sílica e o fenol foram maiores no sistema com dejeto total (p<0,05). A prevalência de tricodinídeos e monogeneas foi mais elevada nas brânquias dos peixes no sistema com dejeto sólido e no dejeto total, respectivamente (p<0,05). Não foram observadas alterações no hematócrito médio, eritrócitos, basófilos, eosinófilos e CGE entre os sistemas (p>0,05). Os neutrófilos apresentaram-se em maior número (p<0,05) no sistema extensivo. Trombócitos, linfócitos e monócitos apresentaram-se em menor número no sistema com dejeto total (p<0,05). O peso final, produtividade média e a taxa de sobrevivência foram menores no sistema extensivo (p<0,05). Não houve diferença no ganho de peso diário entre os cultivos. O sistema com dejeto sólido apresentou uma infestação de ectoparasitos moderada, não comprometendo os parâmetros hematológicos, obtendo os melhores índices zootécnicos, tornando-se desta forma, o mais eficiente do ponto de vista ambiental e zootécnico para a região de Tubarão. 

A preocupação mundial em relação ao uso indiscriminado de antimicrobianos empregados nas criações animais, e suas consequências devido a estes excessos são inquestionáveis. Com efeito, a atividade dos princípios ativos vem sendo prejudicada pelo aparecimento de superbactérias, que a cada dia mostram-se mais resistentes. Vários são os fatores relacionados ao aumento da resistência bacteriana, entre eles, é de fundamental importância destacar as bactérias que possuem capacidade de formar biofilmes. Inúmeros estudos apontam que, bactérias nesta formação, tendem a apresentar maior resistência, devido à sua estrutura altamente organizada e, consequentemente, sua maior proteção aos ataques externos. Diversos estudos buscam encontrar antimicrobianos com equivalente poder de eliminação das bactérias importantes no setor animal. Desta forma, o objetivo principal do presente estudo, foi encontrar um Óleo Essencial (OE), que apresentasse efeito bactericida relevante frente a isolados de Escherichia coli (E. coli) na forma planctônica e séssil (biofilmes). Para isso, foram selecionados dois OE extraídos por processo de hidrodestilação, e dois OE comerciais. Com estes OEs foram realizados testes para verificar a eficácia contra a bactéria na sua forma planctônica e séssil (biofilme). Os OEs foram testados em três concentrações: 0,4%, 0,8% e 1%, e controle (solução sem óleo). O presente estudo demonstrou a capacidade bactericida dos OEs, e com isso, um grande potencial de utilização como alternativa aos antimicrobianos em produção animal. 

O cenário mundial da produção de suínos tem evoluído em todos seus aspectos. A demanda do mercado por regulamentação relacionado ao bem-estar animal e melhorias nos processos produtivos aumenta significativamente a cada ano. É essencial conhecer a influência de novos sistemas de alojamento de matrizes suínas na gestação, sobre o desempenho reprodutivo destes animais e o bem-estar animal, o objetivo do presente trabalho foi avaliar o efeito dos sistemas de alojamentos de matrizes reagrupadas em baias coletivas e celas individuais recém inseminadas, sobre índices zootécnicos e parâmetros de bem-estar. Foram avaliados os sistemas de alojamento: cobertas e alojadas em baias coletivas após três dias (G3); cobertas e alojadas em baias coletivas após 35 dias de gestação (G35), permanecendo em celas individuais antes deste período. Para o estudo foram utilizadas um total de 524 fêmeas das linhagens Camborough 25 e TOPIGS TN70. O protocolo de inseminação foi o de 0h-24h-48h. A coleta de dados iniciou-se em maio de 2017 e finalizou em março de 2018.Ao longo do experimento até o parto, foram coletadas informações de: número de doses utilizadas, taxa de prenhez, taxa de parição e número de leitões nascidos vivos. Para avaliação de parâmetros de bem-estar das fêmeas foram realizadas observações individuais sobre indicadores adaptados do Welfare Quality® relacionados a fase de gestação. Na avaliação do total de nascidos, a média foi de 14,6 leitões não havendo diferença significativa dentre os tratamentos.Sendo que não houve influencia na ordem de parto no total de nascidos. Na avaliação da taxa de prenhez e parição, não houve diferença significativa dentre os tratamentos, ambas apresentando valores acima de 90%. Na distribuição de frequência dos resultados de bem-estar animal, os resultados obtidos demostraram mais parâmetros comprometidos no grupo G3 (reagrupadas pré-implantação), antes e após 35 dias de gestação.

O conhecimento referente aos parasitos dos animais domésticos no estado de Santa Catarina se encontra em evolução, com a presença de diversos estudos isolados sobre a área, realizados por órgãos de pesquisas estaduais e universidades. Desde o início das publicações até a atualidade, nenhum trabalho foi publicado, em âmbito estadual, revendo e sintetizando as informações disponíveis. Este trabalho teve como objetivo realizar uma revisão bibliográfica, baseada na literatura especializada, formando um documento referente aos parasitos dos animais domésticos no estado de Santa Catarina. Foram utilizados estudos que corresponderam ao critério de apresentar os primeiros relatos de parasitismo em animais domésticos no estado, sendo aceito artigos publicados, comunicados técnicos, trabalhos expostos em ciclos de atualizações ou semanas acadêmicas e dissertação de mestrado ou tese de doutorado. Nesta revisão, são abordados aspectos como: hospedeiro, espécie ou gênero do parasito, distribuição geográfica e forma de diagnóstico. Em cada hospedeiro (bovino, cão, caprino, equino, galinha doméstica, gato, ovino e suíno), os parasitos foram separados por classes (Nematoda, Cestoda, Trematoda, Acanthocephala, Arachnida, Insecta, Sporozoa). As publicações referentes aos vetores temporários, como moscas e mosquitos hematófagos, não foram incluídos neste trabalho. A presente revisão consta com 100 estudos, sendo que 21 se referem aos parasitos de bovino, 20 de caninos, oito de caprinos, 12 de equinos, oito de galinhas domésticas, dez de gatos, dez de ovinos e 12 de suínos. O primeiro registro de parasito em animais domésticos no Estado de Santa Catarina foi feito em 1918, quando se relatou a alta incidência de Eurytrema pancreaticum em bovinos.

Resumo não disponível por se tratar de banca fechada.

O confinamento de bovinos de corte é estratégico e o investimento em animais e alimentação são os dois maiores custos do sistema e a utilização dos melhores animais e do máximo aproveitamento dos alimentos são os fatores chaves para o sucesso da atividade. A eficiência de ganho pode ser avaliada por metodologias distintas, entre elas o peso vivo (PV) x idade, ganho de peso diário (GPD), conversão alimentar (CA), eficiência alimentar (EA) ou o consumo alimentar residual (CAR) entre outros. Qualquer um dos parâmetros a serem utilizados, possuem pontos positivos ou negativos inerentes a cada método de avaliação. Para o experimento optou-se pela eficiência alimentar, por ser um método objetivo, de confiança, já utilizado em melhoramento genético, de fácil replicabilidade, associado também à qualidade de carne. O estudo buscou verificar a existência de fatores com possibilidade de relação com a EA e que podem potencialmente serem utilizados para auxiliar na identificação de animais mais eficientes. Avaliou-se as medidas de desempenho, como o GPD, consumo de matéria seca (CMS), mensurando também alguns metabólitos sanguíneos (eritrócitos, hemoglobina, hematócrito, leucócitos, colesterol, glicose, albumina e ureia) e o teor de amido nas fezes e a digestão aparente do amido. O ensaio científico foi realizado Santa Catarina, Brasil, avaliando no sistema de confinamento, 14 bovinos, machos não castrados, em fase de crescimento, cruzamento industrial comercial de raças europeias, com peso médio 285±25,17 kg, em condições de igualdade de ambiente e manejo, alimentados com dieta baseada em alta relação concentrado x volumoso (80:20), por um período de 42 dias. Como resultados observou-se que os animais se distribuíram em dois grupos em relação à eficiência alimentar, sendo os animais de alta eficiência (AE) e os animais de baixa eficiência (BE). Encontrou-se diferença entre os grupos nos parâmetros GPD (p=0,02), CA (p=0,03) e CMS (p=0,07). A EA teve como principais correlações positivas o GPD, AF, glicose e o CMS, e como principais correlações negativas a ureia, colesterol e digestão aparente do amido. Quanto aos modelos discriminantes para os grupos de AE e BE o modelo mais viável foi o conjunto: eritrócito, hemoglobina, hematócrito, glicose, leucócito, albumina, colesterol e ureia (p=0,17, classificação 100%). O estudo encontrou evidências da existência de correlações entre a EA e os índices zootécnicos, metabólitos sanguíneos e o amido fecal, mostrando desta forma potencialidade para maior aprofundamento nas investigações na área, para então utiliza-los como ferramentas auxiliares na seleção e melhoramento genético, identificando com maior facilidade e acurácia a animais mais eficientes em conversão alimentar, proporcionando diminuição de riscos e aumentos na rentabilidade dos confinamentos de bovinos de corte.

O objetivo do estudo foi correlacionar a concentração da ureia sanguínea com os parâmetros bioquímicos do cálcio total, magnésio e a influência desses na hipocalcemia subclínica em vacas leiteiras, forma utilizadas vinte e sete vacas multíparas da raça Holandesas, submetidas no pré-parto a pastagens adubada com dejetos suínos. Foram realizadas coletas em cada animal de amostras sanguíneas para a obtenção de soro no período pré-parto (5 a 10 dias antes do parto) e 24, 48 e 72 horas pós-parto. Foram coletados dados do escore corporal, peso, idade, números de partos das vacas e do pH da urina no pré parto. Os parâmetros bioquímicos que apresentaram correlação positiva (P<0,05) foram a pré-ureia com a ureia24 (r=0,34), ureia24 com ureia48 (r=0,48), a ureia24 com o Cálcio24 (r=0,49), ureia24 com Ph urina (r=0,38) e ureia24 com Magnésio24 (r=0,54). Outras correlações positivas (P<0,05) foram verificadas com o pré-Magnésio e o pré-Cálcio (r=0,85), com o Magnésio24 e o Cálcio24 (r=0,73), pré-Cálcio com o Cálcio72 (r=0,78). Correlações negativa (P<0,05) foram observadas para o pH urina com pré-Cálcio (r=-0,45), pH urina com Cálcio48 (r=-0,41), Magnésio48 com Cálcio72 (r=-0,40). Houve influência das concentrações séricas de ureia para o Mg e o Ca 24 horas pós parto.