Análise do desempenho do sistema de vigilância sanitária animal no surto de doença vesicular em suínos no Estado de Santa Catarina - Brasil
Senecavirus A; síndrome vesicular; SivCont.
A ocorrência de doença vesicular em suínos associada ao Senecavirus A na região produtora de Santa Catarina causou um incremento no número de notificações ao serviço oficial de defesa sanitária animal em 2015. Diante das posteriores recorrências do evento, o objetivo do estudo foi avaliar a evolução do desempenho do sistema de vigilância sanitária animal estadual nos anos subseqüentes ao ano base da primeira manifestação do episódio. Para isto, a base de dados constante no Sistema Continental de Investigação e Vigilância Epidemiológica - SivCont (PANAFTOSA – OPS/OMS) foi utilizada para inferir indicadores de vigilância associados à sensibilidade do processo de notificação e à eficiência dos atendimentos oficiais de modo a se testar hipóteses de diferença de determinados parâmetros observados entre 2015 e anos subsequentes. Assim, quatro modelos estatísticos foram realizados para: testar o efeito do ano sobre o provável início da ocorrência; testar o efeito do ano sobre o tempo de reação do serviço oficial; avaliar se existe associação entre o ano com o tipo de desfecho da investigação oficial (caso provável e caso descartado de doença vesicular); avaliar se existe associação entre o ano com a detecção do RNA de Senecavirus A dentre as análises laboratoriais realizadas nas investigações classificadas como casos prováveis de doença vesicular. Os resultados demonstraram que, em geral, os indicadores avaliados pioraram após 2015 quando comparado com o ano base: as chances de ocorrer notificações com lesões vesiculares tardias (>3 dias) foram similares; o tempo médio de reação (9 horas) do serviço veterinário oficial à notificação aumentou em uma hora; as chances dos casos serem considerados prováveis aumentaram 32,3 vezes, mas a prevalência de casos com detecção molecular de Senecavirus A foi 78% menor. A piora nos parâmetros demonstrou a necessidade de aprimoramento nos procedimentos do sistema de vigilância para abarcar a endemicidade da manifestação de Senecavirus A, sem comprometer o foco sindrômico do seu caráter vesicular.