Identificação de parasitos encontrados em animais silvestres da região norte catarinense.
Degradação ambiental; Hospedeiros; Aves; Mamíferos; Sinantrópico.
As mudanças ambientais ocasionadas pela degradação dos biomas brasileiros vêm causando grande impacto na fauna silvestre, aumentando a proximidade de espécies silvestres com animais domésticos e o homem, favorecendo a disseminação de doenças parasitárias e infecciosas. O objetivo do estudo foi identificar os parasitos encontrados em animais silvestres de vida livre atendidos em uma clínica veterinária particular. Foram coletadas amostras de fezes, sangue e ectoparasitos de animais silvestres no período de dezembro de 2019 a junho de 2020. Para a identificação realizou-se coproparasitológico e coleta de vermes adultos em necropsia, esfregaço sanguíneo e coleta de ectoparasito. Foram utilizados 87 animais silvestres (58 aves e 29 mamíferos), correspondendo a 34 espécies diferentes de aves e quatro de mamíferos. Destes animais, 44 (50,57%) apresentaram resultado positivo para algum tipo de parasitismo (gastrointestinal ou ectoparasito). Dos positivos, 18 apresentaram parasitismo apenas por ectoparasitos, 13 apenas por parasitos gastrointestinais e 13 por ambos. Animais mais debilitados apresentaram maior infestação e infecção parasitária do que animais sadios. Os ectoparasitos em aves foram piolhos malófagos em filhotes de passeriformes e indivíduos debilitadas (60%), moscas do gênero Pseudolynchia em rapinantes (24%), e Amblyomma sp. em pálpebra de Araçari-poca (Selenidera maculirostris) (4%). Nos mamíferos foram coletados carrapatos do gênero Amblyomma sp. em Gambá-de-orelha-preta (Didelphis aurita), Graxaim (Cerdocyon thous) e Capivara (Hydrochoerus hydrachaeris). Dois espécimes de Gambá-de-orelha-preta e dois de Graxaim apresentaram puliciose por Ctenocephalides felis e um gambá parasitado por uma espécie silvestre de Siphonaptera (em processo de identificação). Dentre as aves, 53,3% apresentaram infecção gastrointestinal por protozoários do gênero Eimeria e Isospora e 46,7% por vermes nematódeos (Capillaria sp., Heterakis sp. e estrongilídeos). No grupo dos mamíferos Gambás-de-orelha-preta apresentaram infecção intestinal por Cruzia tentaculata, Ancylostoma sp. e Toxocara sp. Os Graxains tiveram resultado positivo para Ancylostoma sp. e Trichuris sp. e a Capivara obteve resultado negativo. Saguis-de-tufo-preto resgatados em região peridomiciliar (sinantrópicos) apresentaram parasitismo por ascarídeo (Toxocara sp. e um a identificar), sendo potenciais transmissores de toxocaríase para os animais domésticos. Indivíduos de Mocho-diabo (Asyo stygius) parasitados por Pseudolynchia sp. apresentaram, concomitantemente, infecção por hematozoário Haemoprotheus sp., destacando a importância desta mosca como um vetor na transmissão de hematozoários. Espera-se uma diversidade da fauna parasitária nos hospedeiros silvestres devido à diversidade de hábitos alimentares e ambientes em que circulam. A presença de parasitos de hospedeiros domésticos em animais silvestres indica uma proximidade destes animais e a ocorrência de contaminação cruzada.