Perfil pancreático na euritrematose bovina de acordo com a carga parasitária
amilase; Eurytrema coelomaticum; insuficiência pancreática; lipase; pancreatite.
Euritrematose bovina é causada pelo Eurytrema coelomaticum, um trematódeo de ductos pancreáticos de ruminantes, predominantemente nos estados do sul do Brasil. Lesões pancreáticas macroscópicas foram relacionadas à atrofia pancreática, pancreatite intersticial fibrosante e obliteração total ou parcial dos ductos pancreáticos. Conjectura-se que possam ocasionar transtornos nas funções secretoras do pâncreas, processos digestivos e metabólicos dependentes destas. O objetivo deste trabalho foi determinar se há diminuição na digestibilidade de nutrientes, alterações séricas, hematológicas e fecais em bovinos parasitados correlacionados a carga parasitária. Foram utilizados pâncreas e respectivas amostras de sangue e fezes de 119 bovinos, machos e fêmeas, pertencentes a diferentes raças e oriundos de diferentes propriedades rurais, provenientes de abatedouro municipal de Concórdia-SC. As amostras de fezes foram mantidas em geladeira à 4ºC, até o momento de serem submetidas aos testes de digestão da gelatina em tubo e digestão de filme radiográfico. Foram realizados os seguintes exames bioquímicos: amilase, lipase, glicemia, frutosamina, colesterol, triglicerídeos, proteínas totais, albumina e globulinas. Após isto, as análises bioquímicas foram correlacionadas com a quantidade numérica de parasitas encontrados no pâncreas (post-mortem). A prevalência da euritrematose na região foi de aproximadamente 60%. Houve maior quantidade de testes negativos (digestão do filme radiográfico e prova de digestão da gelatina) nos animais com alta carga parasitária (p<0.001), quando comparados aos animais não parasitados e com com baixa carga parasitária. Portanto, os exames supracitados se alteram somente se a quantidade de parasitas for significativamente alta. As atividades das enzimas amilase e lipase foram significativamente maiores nos animais que apresentavam baixa parasitemia (p<0.05), em comparação com os animais com alta carga parasitária e não parasitados. Ainda, os animais altamente parasitados pelo E. coelomaticum demonstraram hiperproteinemia por hiperglobulinemia (p<0.05), correlacionando-se isso a resposta inflamatória com formação de anticorpos. Conclui-se que em quadros de alta parasitemia, há alteração significativa nos testes de digestão nas fezes, e que em quadros de baixa parasitemia há alterações significativas nos valores de amilase e lipase séricas, ambos comprovando alterações bioquímicas no perfil pancreático, de acordo com o quadro de parasitemia.