OS ORGANISMOS MULTILATERAIS E AS RECOMENDAÇÕES SOBRE GÊNERO NO CONTEXTO LATINO-AMERICANO: UM OLHAR PARA ARGENTINA, BRASIL E CHILE
Gênero; Organismos Multilaterais; América Latina; Políticas Educacionais de Gênero.
Esta dissertação está vinculada a Linha de Pesquisa Processos Educativos e Inclusão, do Programa de Pós-graduação em Educação, do Instituto Federal Catarinense - Campus Camboriú. Tendo em vista as crescentes discussões em torno das temáticas de gênero, esta pesquisa se propõe a analisar como as recomendações dos Organismos Multilaterais (OMs), voltadas ao gênero, influenciam a elaboração das políticas educacionais na Argentina, Brasil e Chile. A temática das questões de gênero foi definida em virtude da opressão e silenciamento vivenciados por mulheres e meninas latino-americanas desde o momento da invasão e colonização de seus países e que, além das violências de gênero, ainda sofrem com xenofobia, racismo e homofobia, por não estarem inseridos nos padrões eurocêntricos. Dessa forma, a pesquisa ancora-se na abordagem, qualitativa, interpretativa e analítica (STAKE, 2011), na qual, a metodologia de coleta de dados utilizada foi a bibliográfica e documental, onde analisamos documentos referentes às recomendações dos organismos multilaterais: ONU (1979), Banco Mundial (2003; 2012; 2020), Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL, 2019) e Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO, 2019), selecionados por conterem núcleos de discussão e orientações específicas a respeito da promoção da igualdade de gênero. As análises foram realizadas por meio da triangulação entre os documentos dos organismos multilaterais, as políticas educacionais dos países selecionados e as pedagogias decoloniais, principalmente a luz dos autores Lugones (2014), Espinosa-Miñoso (2014), Walsh (2014), Quijano (2000; 2005), Maldonado-Torres (2018) e Mignolo (2008), por evidenciarem a colonização como marco da marginalização e desumanização dos povos colonizados, sobretudo, daqueles considerados socialmente como minorias, a exemplo das mulheres, foco desta pesquisa. Com base no levantamento dos dados a respeito dos OMs, observamos a ideia centrada no desenvolvimento econômico, ligada à produtividade feminina e ao retorno financeiro gerado com a inserção de mais mulheres no mercado de trabalho. Esta perspectiva dos OMs está presente nos documentos selecionados dos três países, no entanto percebemos que a luta dos movimentos de mulheres tem impactado nas políticas públicas para além do viés mercadológico e também na igualdade de gênero nas diferentes esferas sociais, com olhar interseccional cada vez mais presente, reforçando a importância de entendermos os sujeitos como um todo.