EDUCAÇÃO DAS MULHERES PARA O TRABALHO: Interlocuções entre o ensino primário e a formação de professoras na história da educação brasileira
Currículo. Educação. Mulheres. Professoras. Trabalho.
Esta dissertação, vinculada à linha de pesquisa Processos Formativos e Políticas Educacionais, do Programa de Pós-Graduação em Educação do Instituto Federal Catarinense – IFC, Campus Camboriú, investiga a educação das mulheres para o trabalho no contexto da República entre os anos de 1889 e 1946. O estudo tem como objetivo investigar a educação das mulheres para o trabalho, a partir da República, tendo em vista a organização curricular da escolarização da infância e da formação de professoras, em articulação com as políticas educacionais no contexto do desenvolvimento socioeconômico-político brasileiro. A pesquisa pauta-se na análise documental do currículo prescrito da escolarização da infância e da formação de professoras com foco nas concepções de educação para os trabalho presente nas políticas nacionais do período. Os procedimentos metodológicos abrangem a pesquisa bibliográfica e documental, numa perspectiva analítica crítica, com abordagem qualitativa. O referencial teórico-metodológico fundamenta-se no materialismo histórico-dialético, considerando que este possibilita compreender as relações sociais de produção que caracterizam a estrutura material da sociedade capitalista. As categorias analíticas da totalidade, contradição e mediação orientam a interpretação dos dados, em diálogo com outras como trabalho, modo de produção, Estado, luta de classe e hegemonia. As fontes documentais mobilizadas para a pesquisa, consistem em legislações nacionais promulgadas no período republicano - constituições, leis orgânicas e decretos - que regulamentam a organização do ensino primário e a formação de professoras no Brasil. A análise dessas fontes é orientada por uma perspectiva teórico-crítica, fundamentada na produção de autoras e autores como Maria Ciavatta, Solange Zotti, Gisele Masson, Maria Luisa Santos Ribeiro, Rosa Fátima de Souza, e da produção de Karl Marx e Friedrich Engel, cujos conceitos fornecem subsídios para a compreensão das determinações estruturais e das contradições inerentes às políticas educacionais no âmbito da sociedade capitalista. O estudo se deu no ato de olhar historicamente para ver que as coisas mudaram, refletindo quando e como mudaram ao longo da história, na perspectiva de que cada espaço e tempo histórico tem suas especificidades e influências. A pesquisa nos permite afirmar que o currículo prescrito é a expressão do contexto social, histórico, econômico e político de um tempo. Os documentos oficiais das políticas educacionais evidenciam as ideologias da classe dominante e seus interesses nas variadas conjunturas da República brasileira e antes dela.