Documentos oficiais e narrativas profissionais: Concepções de criança e infância e suas implicações à formação continuada da Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de São José-SC
Concepções de criança e de infância. Formação continuada. Educação Infantil. Rede Municipal de Ensino de São José-SC. Etnografia.
Esta dissertação analisa as implicações das concepções de criança e de infância na formação docente continuada para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de São José-SC, entre os anos de 2000 e 2020, a partir dos documentos oficiais da Rede e dos pontos de vista de profissionais que atuaram/atuam na coordenação do setor da Educação Infantil. De abordagem qualitativa e assente na etnografia (Clifford; Marcus, 2016; Oliveira, 2013, 2023) e etnografia de documentos (Ferreira; Lowenkron, 2020), adota a perspectiva polifônica (Tyler, 2016), considerando os documentos como materialidades compostas por múltiplas vozes. Metodologicamente se utiliza de uma triangulação tramada a partir do levantamento bibliográfico, da análise documental constituída pelos cadernos curriculares municipais e por entrevistas. Tal percurso possibilitou identificar, com base nos estudos da infância (Archard, 1993; Ferreira, 1995; Heywoods, 2004; Sarmento, 2008, 2009; Fernandes; Tomás, 2009; Prout, 2010), a distinção entre “conceito” e “concepção”, assim como, constatar rupturas e permanências nas concepções de criança e de infância nos documentos balizadores da Educação Infantil josefense, no decorrer do período temporal definido, em consonância com o movimento nacional vivido por este nível educativo. Constatou-se, também, que essas concepções expressas nos documentos oficiais influenciam diretamente o processo formativo docente, demonstrando que a formação continuada desta Rede está intrinsecamente ligada às concepções institucionais de criança e de infância. Deste modo, traz contribuições relevantes para o debate acerca das políticas públicas para a Educação Infantil, em especial, no que tange à formação de professores, na direção da consolidação de práticas formativas mais comprometidas com a pluralidade das infâncias e com a valorização profissionais.