O acesso de mulheres surdas aos serviços públicos em Santa Catarina: Políticas Linguísticas para emancipação
Mulher surda, política linguística, acessibilidade, serviços públicos.
Vivemos em um país multilíngue, e apesar de constitucionalmente termos a Língua Portuguesa como língua oficial, ainda há mais de 200 línguas em uso, nas comunidades linguísticas originárias, e na comunidade surda. Os surdos sempre estiveram na sociedade, porém por mais de um século foram (são) socialmente invisíveis, foram tratados como incapazes, menosprezados, institucionalizados e excluídos, por muito tempo passivos de pena, não de cidadania. No Brasil, a Língua Brasileira de Sinais foi reconhecida como meio legal de comunicação e expressão apenas no ano de 2002, pela Lei 10.436. No entanto, apesar da legitimação da língua, cultura e identidade do povo surdo, ainda são muitas as barreiras encontradas pela pessoa surda, passando em todos os âmbitos da sua vida, inclusive ao acesso dos serviços públicos como saúde, educação e segurança. Sendo assim, esta pesquisa ainda terá um recorte de gênero – mulheres, e por fim, mulheres Surdas, objetivo foi analisar como as políticas linguísticas garantem o acesso aos serviços públicos de saúde, educação e segurança às mulheres Surdas. Foram convidadas mulheres Surdas acima de 18 anos, que utilizam a Libras como meio de comunicação e que moram na região da AMFRI (Associação dos Municípios da Região do Foz do Rio Itajaí), foram entrevistadas colocando-as como protagonistas das suas próprias histórias. Por meio de entrevista semiestruturada de forma presencial e remota, de forma que respeitando sua língua as entrevistas foram feitas por meio da Libras, possibilitando as mulheres Surdas, um espaço que elas se sentissem confortáveis para expor suas problemáticas, podendo falar sobre suas experiências de acesso aos serviços públicos em Santa Catarina. A pesquisa tem como pressuposto teórico-metodológico o materialismo histórico dialético (CUNHA, JESUS, PALUDO E VITÓRIA, SCHLESENER, , RODRIGUEZ) e baseia-se nos estudos linguísticos (CALVET, LAGARES, SEVERO, KARNOPP, QUADROS) que discorrem sobre linguagem e políticas linguísticas. A entrevista semiestruturada constitui-se como instrumento de coleta de dados, juntamente com a análise documental. Por fim, buscaremos, a partir da pesquisa, problematizar as desigualdades sociais em decorrência da falta de acessibilidades linguísticas e atitudinais nos espaços públicos e como elas impactam no cotidiano da mulher surda, a partir das indagações, existem políticas linguísticas no Brasil e no estado de Santa Catarina? Como elas se aplicam nos espaços públicos garantindo o acesso da mulher Surda aos serviços estatais?