O expressivo crescimento da população global desde a Revolução Industrial tem desencadeado desafios significativos para a segurança alimentar, impulsionando a necessidade de aumentar a produção de fertilizantes industriais. Contudo, a fabricação desses insumos enfrenta consideráveis desafios devido ao seu impacto ambiental, como o elevado consumo de energia para converter o nitrogênio em fertilizante e a dependência de recursos finitos, como o fósforo extraído da rocha fosfática. Neste contexto, este estudo propõe uma abordagem alternativa e sustentável ao explorar a recuperação de nutrientes do esgoto sanitário por meio da precipitação da estruvita. Utilizou-se um resíduo industrial como fonte alternativa de magnésio, comparando-o ao tradicional cloreto de magnésio. A pesquisa avaliou a aplicabilidade desse processo em uma estação de tratamento de esgoto com sistema RAFA, considerando parâmetros como ponto de coleta, proporções molares de P:N:Mg (1:1:1, 1:1:2, 1:1:3, 1:2:1, 1:3:1, 2:1:1 e 3:1:1) e faixa de pH de 8,0 a 13. Resultados promissores foram obtidos com ambos os reagentes. Em condições ótimas (pH 11 e concentração molar de 1:1:3), o cloreto de magnésio alcançou notáveis 91,25% de remoção de nitrogênio e 37,75% de fosfato. Por outro lado, o resíduo industrial também demonstrou eficácia, sendo crucial destacar que seu uso elimina o custo de destinação. Em condições ideais (pH 13 e proporção 1:1:2), o resíduo atingiu uma remoção de 65,69% de fosfato, enquanto a remoção de nitrogênio amoniacal foi de 4,71%. A condição mais eficaz para a remoção de nitrogênio foi de 59,90% em pH 12 e proporção 3:1:1, com remoção de 31,09% de fosfato. Esses resultados destacam a eficácia do método, abrindo perspectivas para uma gestão ecoeficiente de nutrientes no tratamento de esgoto. A comparação entre o resíduo industrial e o cloreto de magnésio destaca a viabilidade em condições específicas, reforçando a proposta de uma abordagem sustentável na recuperação de nutrientes. A promissora eficiência de ambos os reagentes, sendo o cloreto mais eficiente, mas com custo, e o resíduo eficaz e economicamente vantajoso, ressalta a versatilidade dessas alternativas na busca por soluções sustentáveis.

A produção de água potável é uma atividade de relevante importância para garantia da saúde da população e desenvolvimento econômico. Vista a essencialidade desse serviço, é inevitável dar-se atenção a um dos resíduos inerentes ao processo de tratamento de água conhecido como lodo. Sob essa ótica, o presente trabalho visou caracterizar o lodo de tratamento de água e avaliou-se a viabilidade técnica e financeira da utilização de micro-ondas para secagem do resíduo, comparando o gasto energético necessário para evaporação de água em relação ao custo da disposição final do material em aterro sanitário, destino mais comum de tal material. Além disso, visando a compreensão adequada dos possíveis impactos ambientais do processo de secagem por micro-ondas, avaliou-se ainda as emissões de gases ocorridas durante o processo de secagem, bem como, alterações na toxicidade do material após a submissão do mesmo ao processo de secagem. A caracterização do material mostrou que sua composição de sólidos predominante não é volátil e que a classificação sob a ótica da ABNT 10004 resulta em um resíduo sólido não-perigoso e não-inerte. A viabilidade técnica foi avaliada através de um arranjo de composto central com três fatores: potência, tempo e massa inicial de lodo, onde foram constatadas as correlações estatísticas para os fatores, suas combinações e seus quadrados, bem como, foi construído um modelo matemático da superfície de resposta, para determinação do ponto máxima remoção de água por kWh consumido. Foi observado que o sistema tecnicamente é viável para execução da redução de massa, onde se conseguiu até 44% do aproveitamento da energia consumida para evaporação da água. Em termos financeiros, constatou-se a necessidade de adição de tecnologias de geração de energia, para viabilizar a aplicação de secagem de micro-ondas, visto que o custo da energia ainda é superior ao preço de disposição do material em aterro sanitário. Por fim, em termos ambientais, observou-se que o solubilizado do lodo apresentou redução significativa do fator de toxicidade, comparando-se o resultado antes e depois da submissão do mesmo à secagem por micro-ondas. Além disso, em termos de emissões gasosas, foi constatado que ao realizar-se um controle adequado do tempo de secagem, é possível manter a qualidade do ar dentro dos padrões determinados pela Organização Mundial da Saúde. Definitivamente, em relação aos parâmetros ambientais observados, a secagem por micro-ondas é viável e se associado com uma fonte de energia alternativa (e.g., fotovoltaica), o processo de secagem de lodo por microondas também se torna economicamente viável.

Os resíduos sólidos gerados na manutenção automotiva, frequentemente classificados como Classe I ou perigosos devido à contaminação por óleo lubrificante, podem causar danos ambientais se não forem gerenciados corretamente. O coprocessamento em cimenteiras é a tecnologia no qual o resíduo é utilizado como combustível ou matéria-prima na fabricação do cimento, minimizando passivos ambientais e o uso de recursos naturais. No entanto, o coprocessamento ainda enfrenta desafios técnicos e econômicos envolvendo conformidade regulatória, critérios de qualidade e viabilidade do processo. O objetivo deste trabalho foi determinar um blend dos resíduos sólidos provenientes da manutenção automotiva com as características ótimas para coprocessamento em cimenteiras. Foram classificados os resíduos gerados em onze oficinas mecânicas e a fração combustível foi caracterizada através da determinação de cloro, mercúrio, cinzas, umidade e poder calorífico. A partir dos resultados encontrados foi proposto um blend, por meio de um modelo de otimização, com as proporções ótimas de cada categoria de resíduo atendendo a legislação e os critérios de qualidade da cimenteira do estudo. As conclusões apontaram que o blend de resíduos apresenta viabilidade de utilização como combustível para o coprocessamento reduzindo a disposição desse passivo ambiental em aterros sanitários.

Todas as atividades humanas invariavelmente conduzem à produção de resíduos, refletindo um fenômeno intrínseco à nossa interação com o meio ambiente, na agricultura esta realidade não é diferente, a principal atividade geradora de resíduos, envolve a colheita e o beneficiamento dos produtos agrícolas. A cebola (Allium cepa) é uma espécie mundialmente cultivada, o estado de Santa Catarina é o maior produtor de cebola do país, com uma produção na safra 2022/2023 de 551.540 toneladas em uma área de 17.910 hectares. A região do Alto Vale do Itajaí em sua microrregião da cebola concentra 75,87% da produção de bulbos de cebola de Santa Catarina e tem a capacidade de fornecer cebola ao mercado nacional por aproximadamente 6 meses do ano. Para a realização da comercialização e atendimento dos padrões do mercado consumidor, estes bulbos passam por beneficiamento e classificação mecanizada, momento ao qual se inicia a remoção de solo aderido ao sistema radicular, raízes, corte do pseudocaule ainda fixado ao bulbo e a remoção das películas externas soltas, neste processo temos a geração do principal resíduo agrícola do cultivo de cebola. A gestão deste resíduo tem sido ignorada, elevando o passivo ambiental ao processo produtivo e a sociedade, neste contexto objetivou-se avaliar as características químicas e físicas do resíduo do beneficiamento de cebola para futuro emprego como fertilizante orgânico. A metodologia deste trabalho foi dividida em dois formatos a fim de atender aos objetivos de avaliar quantitativamente o resíduo, determinar doses, e avaliar o incremento nutricional do seu emprego ao solo de cultivo de eucalipto (Eucalyptus sp.). Primeiramente obteve-se amostras individuais de resíduos em diferentes locais, a qual geraram uma amostra composta a qual foi determinado via análise laboratorial, densidade média, matéria seca, umidade, relação carbono: nitrogênio, carbono orgânico e teores nutricionais. Com base nessas informações determinou-se as doses de resíduo a fim de implementar o experimento a campo. Observou-se que com as crescentes doses os macro e micronutrientes apresentaram evolução positiva em suas concentrações no solo, assim como os indicadores de fertilidade pH, CTC pH7.0, soma de bases e saturação apresentaram evolução. Ocorreu ainda mineralizado em 173 dias pelo processo de decomposição natural sem aparentes impactos ambientais. Enfim os resultados mostram que o presente resíduo do beneficiamento de cebola, possui fonte de nitrogênio suficiente sua decomposição natural e apoio ao processo de mineralização do resíduo, podendo ser considerado uma fonte interessante de carbono ao solo, berço para o incremento da microbiota do solo e consequentes ganhos ambientais.

A articulação sistemática de recursos hídricos envolve a utilização de instrumentos técnicos e de gestão capazes de minimizar impactos ambientais com otimização do capital disponível, sendo que as estações de tratamento de esgoto (ETE) são constituídas buscando a maior eficiência na remoção de contaminantes, inclusive microbiológicos, potencializando a qualidade da água a ser lançada nos corpos receptores. Porém, várias análises mostram que, mesmo em sistema de tratamento com altos índices de eficiência, a quantidade de microrganismos que chega ao meio ambiente por meio do efluente tratado é considerada elevada. Na grande maioria destas estações não há tratamento terciário, o que pode não ser eficiente quando se busca a entrega de uma água com qualidade microbiológica satisfatória. Em sistemas em que o tratamento terciário é presente, métodos de desinfecção como cloração e radiação UV são comumente utilizados como polimento final do efluente e o acompanhamento da sua efetividade na desinfecção é extremamente importante para evitar gastos desnecessários, tanto com o consumo de produtos utilizados quanto com o consumo de energia elétrica. O desenvolvimento de novas tecnologias para implementação em tratamento de águas é importantíssimo e está diretamente ligado a qualidade da saúde humana. Deste modo, esta pesquisa buscou analisar a eficiência em desinfecção de amostras de efluente de uma ETE do sistema de saneamento do município de Indaial-SC, utilizando os métodos de ozonização e o processo combinado com a radiação UVC-LED, em escala de bancada, em batelada. A determinação da eficiência dos tratamentos foi realizada pela quantificação de Unidades Formadoras de Colônia (UFC) e as variáveis pH (5, 7 e 9) e tempo de aplicação (10, 20 e 30 min) formaram a configuração da análise. O ponto ótimo de desinfecção foi atingido em 20 min de processo, independente do método de desinfecção. Em tempo 10 min, sempre que a aplicação combinada foi utilizada, apresentou melhora na eficiência em todos os pHs, mais notoriamente em meio alcalino. A aplicação da radiação UV através de diodos emissores de luz (LED) é uma tecnologia recente e por isso vem despertando interesse em pesquisas mundiais. Por este motivo carece de maiores análises em diversas configurações para avaliar melhor seu desempenho em desinfecção, via otimização do tratamento, levando também em conta o consumo de energia elétrica por pedido EEO.

Nas últimas décadas, com o aumento nos sistemas de produção agrícola, houve um aumento no uso de agrotóxicos nos sistemas produtivos, que contribuem para um desequilíbrio ambiental e trazem impactos negativos para a saúde. Estudos com produtos naturais obtidos de plantas, como os óleos essenciais, têm demonstrado resultados promissores no controle de pragas. Os óleos essenciais (OEs) mostram-se como alternativas na busca por produtos menos agressivos e com potencial na agricultura, contribuindo no controle de fitopatógenos. Logo, espécies do gênero Piper L. têm sido estudadas, principalmente, no controle antimicrobiano. O fungo Collethotricum gloeosporioides é o agente causador da antracnose, doença que afeta diferentes cultivares e causa a necrose tecidual de folhas e frutos, trazendo prejuízos ao sistema produtivo. Assim, o objetivo desta pesquisa foi avaliar a composição química e atividade antifúngica in vitro dos óleos essenciais obtidos de folhas e inflorescências de nove espécies de Piper, sendo elas, P. mosenii; P. malacophyllum; P. mollicomum; P. regnelli; P. umbellatum; P. arboreum; P. hispidinervum; P. amplum e P. cernuum, frente ao fungo C. gloeosporioides. Para isso, realizou-se a extração dos OEs em Clevenger e posterior caracterização em Cromatógrafo gasoso acoplado a Espectrôfotometro de Massas (CG-EM) na identificação dos compostos. Para o ensaio antimicrobiano, foi realizado a Concentração Inibitória Mínima (CIM), a fim de verificar a inibição do fungo na menor concentração testada. Após caracterização dos OEs, foi possível observar a predominância de hidrocarbonetos sesquiterpênicos para as folhas e hidrocarbonetos monoterpênicos para as inflorescências, além de serem identificados compostos de outras classes químicas. Alguns compostos majoritários identificados para os OEs foram α-pineno, β-pineno, limoneno, linalol, α-cariofileno, β-cariofileno, β-selineno, (E)-dihidroagarofurano, óxido de cariofileno, (E)-nerolidol, entre outros. Para o teste antimicrobiano, observou-se atividade antifúngica para os OEs das folhas de P. mollicomum, P. arboreum e P. hispidinervum, tendo a melhor CIM para P. mollicomum. Em relação aos OEs das inflorescências, observou-se atividade antifúngica para P. mosenii e P. mollicomum, tendo também a melhor CIM para P. mollicomum. A atividade antifúngica apresentada nas espécies de Piper pode ser explicada pela composição química dos OEs, que sinergicamente atuam na inibição do fungo, além dos compostos majoritários, como o linalol, predominantemente encontrado na espécie P. mollicomum, estar diretamente relacionado a menor CIM para o fungo testado, mostrando-se ser um composto natural promissor no controle antifúngico.

Indústrias de cosméticos geram grande volume de efluente através de seus processos produtivos. O tratamento convencional realizado por elas não é eficaz para a descontaminação deste efluente quanto a presença de filtros solares. Este trabalho teve como objetivo avaliar a eficiência da ozonização como processo oxidativo avançado na degradação do fotoprotetor hidrossolúvel ácido sulfônico fenilbenzimidazol presente em efluente gerado por uma indústria de protetores solares. Inicialmente os testes foram realizados em escala de bancada com soluções aquosas na concentração de 10 mg/L do composto no pH natural da solução (4,68) e nos pHs 7,0, pH 9,0, pH 10,0 e pH 11,0, em exposição ao ozônio por um período de 60 minutos. Os resultados dessa etapa foram avaliados através da espectrofotometria, já que o composto tem absorbância de 302 nm. pHs alcalinos tiveram os melhores resultados de degradação, sendo que no pH 11, após apenas 10 minutos da ozonização, a concentração do composto já havia sido reduzida para menos que 25%. Após definida a melhor condição para a degradação do composto, o efluente industrial foi caracterizado quanto aos parâmetros DBO, DQO, fósforo, materiais solúveis em hexanos (óleos e graxas) nitrogênio amoniacal, pH, substâncias tensoativas (surfactantes aniônicos) e o doseamento do ácido sulfônico fenilbenzimidazol. O mesmo foi submetido a melhor condição da ozonização e posterior análises dos mesmos parâmetros. Compreendeu-se que houve diferenças significativas entre a escala de bancada e o efluente bruto real, porém no geral o tratamento por ozonização gerou um efluente de melhor qualidade e mais seguro para ser liberado para o corpo receptor, quando comparado com o tratamento convencional realizado.

Este trabalho teve como objetivo analisar o desempenho inicial de modelos de restauração florestal em Áreas de Preservação Permanentes hídricas de uma pequena propriedade rural em São Bento do Sul-SC, considerando ainda o efeito de doses de fertilizante de liberação lenta (FLL) nas espécies nativas. O delineamento experimental dos modelos de restauração foi em blocos casualizados com cinco tratamentos e três repetições. Os cinco tratamentos foram: (T1) Restauração passiva - abandono (controle); (T2) Plantio de mudas de árvores nativas pioneiras e secundárias sem fertilizantes e implantação de um poleiro; (T3) Plantio de mudas de árvores nativas pioneiras e secundárias com 40g FLL/cova e transposição de 2 m² de serrapilheira advindos de um remanescente florestal próximo; (T4) Plantio de mudas de árvores nativas pioneiras e secundárias com 80g FLL/cova e transposição de galharias e (T5) Plantio de mudas de árvores nativas pioneiras e secundárias com 120g FLL/cova. O efeito das doses de FLL foi estudado em esquema de parcela subdividida, com o fator doses na parcela e as espécies na subparcela. As espécies arbóreas foram: Alchornea glandulosa (tanheiro), Inga marginata (ingá-feijão), Handroanthus albus (ipê amarelo), Campomanesia xanthocarpa (guabiroba), Allophylus edulis (chal-chal) e Ocotea puberula (canela-guaicá). Após 24 meses de implantação do experimento foram avaliadas as variáveis biométricas e alguns parâmetros fitossociológicos. Nas condições do estudo o adubo FLL não proporcionou desenvolvimento superior das espécies nativas implantadas por mudas. Foram registradas 445 indivíduos lenhosos, pertencentes a 31 espécies, 29 gêneros e 18 famílias botânicas. Destas espécies, 29 são arbóreas e 2 são arbustivas, resultando em 80,64% das espécies se estabeleceram a partir da regeneração natural, tanto através da transposição de solo e do banco de sementes, ou através da dispersão de sementes pelos pássaros, impulsionado pelos poleiros naturais instalados nas unidades amostrais, ou pela dispersão de sementes anemocóricas considerando a proximidade dos remanescentes florestais, uma fonte de propágulos. A utilização do modelo conjugado de técnicas de nucleação (poleiros, transposição de solo) com o plantio de mudas de árvores é muito eficiente, proporcionando alta diversidade de espécies, maior riqueza, formação de fina camada de serapilheira (matéria orgânica e folhas secas). O abandono e isolamento da área não foi ecologicamente eficiente, visto que o estabelecimento das gramíneas herbáceas é predominante, não favorecendo a riqueza de espécies. Para fins de rápido recobrimento do solo, a transposição da serrapilheira do T3 mostrou-se eficiente pela maior riqueza entre os tratamentos e uma técnica muito barata de implantação em áreas que não estejam com o solo compactado.

A presente proposta tem como principal objetivo desenvolver um material didático de fácil acesso, que seja usado como auxílio de aula prática e interdisciplinar, abrangendo conceitos e a inserção do estudante no mundo científico, com a proposta estratégica futura de implementação de um material digital na forma de aplicativo. Inicialmente o documento apresenta uma abordagem com contextualização histórica das práticas pedagógicas no ensino de ciências, além das mudanças no entendimento metodológico a ser repensado como vivência prática. Estão descritas também, as principais metodologias e técnicas atualmente usadas em sala de aula, como: expositiva dialogada, prática ou experimental, aula invertida, ensino rotativo e o ensino hibrido, a inclusão e além destas estratégias, são abordadas as principais dificuldades enfrentadas pelos profissionais da área e também perspectivas para um futuro próximo. O desenvolvimento deste material didático/pedagógico, na forma de roteiro de aulas práticas, com a proposta de desenvolvimento de um aplicativo interativo, mostra-se uma ferramenta inovadora no âmbito escolar, pois propõe uma alternativa de incluir novas estratégicas de ensino-aprendizagem, na alfabetização cientifica e multidisciplinar.

O uso intensivo de defensivos químicos na agricultura brasileira tem causado diversos impactos negativos ao meio ambiente e à saúde humana. Substâncias derivadas de plantas bioativas da Mata Atlântica apresentam potencial para o controle sanitário de pragas e doenças na agricultura, sendo uma alternativa ecológica e economicamente sustentável, com baixo impacto. As espécies de Baccharis apresentaram diversas propriedades biológicas. O presente estudo teve como objetivo caracterizar e avaliar a atividade inseticida e fungicida de substâncias obtidas das espécies Baccharis articulata, Baccharis calvescens e Baccharis milleflora. O óleo essencial (OE) e o hidrolato (HD) foram obtidos por extração a vapor por 3 horas. Os constituintes do OE foram identificados por cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas (GC/MS). A atividade inseticida foi avaliada contra Anticarsia gemmatalis, Sitophilus oryzae, Sitophilus zeamais e Lucilia cuprina. Já a atividade fungicida dos OEs e HDs foi avaliada pelo método de contato e volatilização contra Aspergillus flavus, Aspergillus nomius, Aspergillus niger, Fusarium culmorum e Fusarium graminearum. 7, 16 e 27 compostos foram identificados nas amostras de OEs de B. articulata, B. calvescens e B. milleflora¸, respectivamente. Todas as espécies demonstram alta ação inseticida contra A. gemmatalis e L. cuprina, com maior toxicidade. Apenas a espécie B. articulata causou alta mortalidade para S. oryzae e S. zeamais em altas concentrações. Na avaliação da atividade fungicida, os OEs e HDs das espécies de Baccharis demonstraram eficácia apenas pelo método de contato para todos os isolados fúngicos, com variação na inibição do crescimento entre as espécies. O presente estudo demonstra perspectivas para o uso de Baccharis sp. e seus constituintes como substâncias alternativas naturais aos defensivos químicos, contribuindo para uma produção mais sustentável da agricultura brasileira.

O Brasil é o maior produtor mundial de maracujá. Grande parte dessa produção é destinada à indústria de processamento de maracujá que gera uma quantidade significativa de cascas e sementes muitas vezes descartadas de forma inadequada provocando prejuízos ambientais. A casca é rica em pectina, utilizada como gelificante e estabilizante. As sementes sãofonte de lipídios ricos em ácidos graxos essenciais. Esse trabalho teve como objetivo o aproveitamento e a agregação de valor de subprodutos da industrialização do maracujá. As cascas de maracujá foram desidratadas e moídas até obtenção de farinha que foi caracterizada quimicamente e utilizada como matéria-prima para extração de pectina. Foram extraídas pectinas de alto grau de esterificação e de baixo grau de esterificação, sendo que a última apresentou o maior rendimento de 19%. As sementes, previamente desidratadas e moídas, tiveram sua composição química determinada, e foram submetidas à extração do óleo em extrator Soxhlet, com rendimento de 27,43%. O óleo da semente de maracujá foi caracterizado através da cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas e apresentou 59,9% de ácidos graxos insaturados com predominância do ácido linoleico (ômega 6). As pectinas extraídas da casca do maracujá foram utilizadas em combinação com o alginato de sódio no desenvolvimento de microcápsulas contendo óleo da semente de maracujá. As formulações apresentaram um rendimento de encapsulação de 71,94 a 85,34%, indicando que a pectina e o alginato foram eficazes como materiais de parede na formação de microcápsulas contendo óleo da semente de maracujá.

A atividade ervateira tem uma grande importância social, histórica, cultural, econômica e
ambiental para o Planalto Norte Catarinense. Pelo conjunto desses importantes aspectos
vinculados ao território, é que se fundamentou o pleito junto ao INPI – Instituto Nacional de
Propriedade Intelectual, para registro de uma Indicação Geográfica, na modalidade DO –
Denominação de Origem. Em 2022, no mês de maio, o INPI deu parecer favorável à petição e
concedeu registro para o uso da distinção aos produtos da erva-mate. Para viabilizar o pós-
registro, devem ser atendidas as condições estabelecidas no Regulamento de Uso, um item do
Caderno de Especificações Técnicas, que necessita ser regulamentado através de normas
próprias para a produção primária. Neste contexto, o objeto deste trabalho visa definir
procedimentos e manejos da erva-mate nas propriedades rurais, a fim de atender as normas e
tenha possibilidade de classificação como produto com Denominação de Origem. O presente
trabalho, na primeira parte, revisita a literatura, visando compreender as motivações para o
pedido de registro da DO, analisando aspectos históricos, sociais, culturais, econômicos e
ambientais e as descrições já publicadas sobre os sistemas de produção da erva-mate, de
forma a se ter um embasamento para, na segunda parte, propor um Manual de Boas Práticas
de Produção de Erva-Mate no sistema tradicional ou sistema sombreado.

Os moluscos bivalves são organismos filtradores e possuem capacidade de bioacumular metais pesados. A espécie Perna perna, é capaz de bombear entre 0,5 a 4 litros de água por hora. Para este estudo foram realizadas coletas entre março de 2017 a junho de 2023 em 05 pontos amostrais, sendo 04 localizados na Baia Babitonga e um ponto controle no município de Penha. Para correlação dos dados foram realizadas coletas da água superficial e sedimento. A amostra de sedimento do ponto 2 na campanha de agosto de 2020 indicou para limite de chumbo acima do nível 1 da Resolução CONAMA Nº 454/2012, porém, valor abaixo do nível 2 (limite acima do qual há maior probabilidade de efeitos adversos à biota). Portanto nas amostras de água e mexilhão desta amostragem os valores de chumbo ficaram dentro do estabelecido pela legislação. Nas amostras de mexilhões foram encontradas concentrações de cromo e arsênio acima do limite legal para consumo humano nas áreas estudadas em mais de uma amostragem contemplando os 5 pontos amostrais. Chumbo também apresentou amostragens acima do limite legal na amostragem de dezembro de 2018 no ponto 3 (área de cultivo - AMAPRI) e ponto 5 (ponto controle em Penha). Zinco apresentou um pouco acima do limite que é 50,000 (mg/kg) no ponto #4 na amostragem de dezembro de 2018 com resultado de 50,927 (mg/kg). Os resultados obtidos nestas campanhas indicam que não está ocorrendo acumulação de HPAs pelos organismos biomonitores, porém, valores mais elevados de BTX foram encontrados nas amostras dos tecidos de mexilhões esporádica e pontualmente. Para estes compostos não há limites legais, porém, pelo seu caráter tóxico é extremamente importante continuar este monitoramento e acompanhar o seu comportamento nas diferentes matrizes analisadas.

Este estudo buscou compreender o papel das hortas em ambientes escolares, levando-se em consideração aspectos que remetem a sua implementação e seu vínculo com a proposta pedagógica. O objetivo foi ressaltar a importância do trabalho interdisciplinar com hortas e verificar as distintas visões de professores que atuam no ensino fundamental sobre essa prática extraclasse para identificar os desafios de transformar a horta escolar em ambiente sustentável. O trabalho contou com a participação de 86 professores vinculados a 15 unidades escolares de ensino fundamental de Joinville-SC. Os participantes deram suas contribuições ao relatarem suas experiências com hortas pedagógicas. Foram utilizados três métodos de abordagem: i) um questionário estruturado para coletar dados pessoais e profissionais, tais como gênero, função na escola, tempo de profissão e formação acadêmica; ii) um questionário com aplicação da Escala Likert com a finalidade de mensurar o grau de concordância dos participantes frente as conjunturas do cotidiano escolar; e por último um iii) questionário com questões abertas em que se aplicou o método da Análise de Conteúdo para interpretar dados descritivos e subjetivos dos respondentes. De acordo com os resultados obtidos os indicadores mais expressivos foram à necessidade de institucionalizar o tema horta pedagógica à matriz curricular e a percepção dos professores por assumir estratégias mais coletivas e didáticas quanto aos trabalhos desenvolvidos em aulas extraclasses. Por fim, este estudo verificou as viabilidades das hortas pedagógicas enquanto instrumentos de ensino, sendo propostas intrínsecas a educação ambiental e a consciência da alimentação saudável.

O tratamento de efluentes a partir de sistemas anaeróbios (Reator UASB) resultam na geração de subprodutos, como lodo e biogás. Escolha de alternativas interessantes na perspectiva de gerenciamento destes subprodutos, pode levar a autossuficiência energética das estações. Diante disto, este trabalho teve como objetivo contribuir com a avaliação do potencial energético do biogás e do lodo desaguado e com o estudo de alternativas de aproveitamento energético desses subprodutos gerados na ETE localizada em Indaial (SC). Para isto, foi realizado caracterização do potencial energético do lodo (avaliação do poder calorífico, análise imediata e elementar), bem como caracterização do biogás (qualitativa e quantitativa). Para o biogás foi proposto dois cenários de aproveitamento energético, sendo avaliado no primeiro cenário, o uso do biogás para secagem térmica do lodo desidratado, enquanto no segundo foi avaliado a cogeração com vistas a geração de energia elétrica e secagem do lodo. Dentre os principais resultados, pode-se apontar que o biogás apresenta viabilidade para emprego como fonte de energia, apresentando potencial energético de 1.462,06 Kwh/d. Ambos os cenários propostos apresentaram economia em relação aos custos atuais, com destaque para o segundo, que além de apresentar redução na massa de lodo, indicou auto suprimento energético de 83,17%, levando a economia de R$ 143.378,92 ao ano. O potencial energético apresentado pelo lodo, foi de 342,40 Kwh/d, representando que apesar de ser um potencial energético menor do que o encontrado para o biogás, pode-se utilizar o lodo para produção de energia elétrica, ou a partir da cogeração com outros combustíveis, sendo possível atingir uma economia próxima a R$ 49.363,00 anual.

Entre os inúmeros fatores associados às recorrentes crises hídricas observadas em anos recentes no Brasil, a degradação de nascentes certamente merece um papel de destaque. Caracterizar o estágio de degradação das nascentes de água é uma importante ferramenta para a aplicação de ações para sua recuperação. No entanto, é fundamental o uso de ferramentas como os Protocolos de Avaliação Rápida (PAR) que sejam de fácil aplicação e com participação social. Além da caracterização de problemas ambientais como a degradação de nascentes, compreender o cenário socioambiental das comunidades rurais onde as nascentes se localizam deve contribuir para uma caracterização mais aprofundada do contexto e na elaboração de políticas públicas para sua solução. Neste sentido, essa pesquisa teve por objetivo realizar a caracterização do estado de conservação de 18 nascentes de água existentes no Córrego Barra Grande, pertencente à bacia hidrográfica do Rio Canoinhas, no Município de Canoinhas/SC, por meio de um PAR, associado à realização de um diagnóstico dos indicadores das quatro dimensões da sustentabilidade: integridade ambiental, resiliência econômica, qualidade de vida (social) e boa governança (institucional), através da ferramenta SAFA/FAO (SustainabilityAssessment of Food and AgricultureSystems) versão Smallholders 2.0.0. Para a realização do PAR foram utilizados 14 parâmetros ambientais e de uso da área, aos quais foram atribuídas notas, cuja somatória gerou cinco índices de conservação das nascentes: A (ótima); B (bom); C (razoável), D (ruim) e E (péssima). Das 18 nascentes nenhuma se enquadrou na classe ótima, 17% foram classificadas como boas, 39% como razoáveis, 28% como ruins e 17% como péssimas, indicando gravidade na situação de conservação das mesmas. Os parâmetros que contribuíram significativamente para a caracterização das nascentes foram vegetação na APP, manutenção da APP, erosão no leito das nascentes e deposição de sedimentos. Para o diagnóstico da análise da sustentabilidade foram utilizadas 70 questões da ferramenta SAFA/SH, divididas entre as 4 dimensões, 20 temas e 32 indicadores e aplicadas em 22 famílias moradoras do entorno do córrego Barra Grande. O uso da ferramenta SAFA/SH indicou que o padrão de sustentabilidade geral das propriedades é bom, sendo que quatro famílias alcançaram níveis ótimos de sustentabilidade. As dimensões que apresentaram pontuações mais baixas estão relacionadas à Boa Governança, com baixa organização e participação social das famílias e a dimensão Ambiental, justamente na questão dos recursos hídricos. De um modo geral, a ferramenta foi de fácil utilização e a forma de saída dos resultados, com uma apresentação visual gráfica de fácil compreensão, tende a facilitar o diálogo com os atores sociais envolvidos no processo.

A acidez é um dos principais fatores degradantes do potencial produtivo do solo sendo os carbonatos de Ca e Mg os mais utilizados na correção desse problema. Resíduos industriais, ricos em tais elementos, podem ser alternativas viáveis. Neste trabalho avaliou-se o potencial do resíduo da produção de magnésio na melhoria dos atributos químicos do solo. Substratos de 1 dm3 foram coletados em área rural de Balneário Barra do Sul/SC, a 20 cm de profundidade, e armazenados em sacos de polietileno. Testou-se dois corretivos, de acordo com o PRNT (CaO e MgO): i) resíduo industrial da planta da B&L-MAG de Balneário Barra do Sul/SC; e ii) calcário comercial agrícola. Os experimentos ocorreram em blocos casualizados com arranjo fatorial 2 x 4 x 4. Avaliou-se os atributos químicos do solo, tais como: pH em água e em KCl, o índice SMP, Ca, Mg, H+Al, CTC pH7, saturação de CTC e soma das bases. As análises ocorreram em software Statistical Analysis System. Aplicou-se os testes de Shapiro-Wilk e Levene para verificar, respectivamente, a normalidade dos dados e a homogeneidade dos corretivos e o teste de Tukey para a comparação das médias. Na avaliação dos efeitos da dose de corretivo e do tempo de incubação, os dados foram submetidos à análise de regressão. Para a variável pH-KCl os tempos de ação considerados foram de 15, 30, 45, 60, 75, 90 e 120 dias. Diferenças estatísticas significativas foram consideradas quando P<0,05. Os resultados mostraram que a aplicação do resíduo industrial melhorou todos os atributos químicos do solo estudados. Apesar do calcário comercial agrícola apresentar maior rendimento que o resíduo industrial, a aplicação do resíduo mostrou-se viável estratégica e economicamente.

Avanços no conhecimento científico sobre as espécies da Mata Atlântica estão permitindo o uso de frutíferas com características promissoras em cultivos e outros processos de conservação. A produção de mudas nativas em viveiros florestais tem sido desafiadora e diferentes produtos estão surgindo e sendo incorporados aos substratos. Foram testadas três tecnologias de fertilização para a produção de mudas de Acca sellowiana e Eugenia pyriformis: fertilizante de liberação lenta (FLL); composto orgânico agroindustrial (FCO); e, Bokashi (FBO) em quatros dosagens diferentes. O delineamento utilizado foi inteiramente casualizado para cada espécie com treze tratamentos e quatro repetições, tendo nove plantas como unidade experimental avaliadas aos 270 dias. O desenvolvimento foi mensurado através das variáveis altura da parte aérea (H), diâmetro do colo (DC), índice SPAD, biomassa fresca da parte aérea (BFPA), biomassa seca da parte aérea (BSPA), biomassa seca da raiz (BSR), biomassa seca total (BST) e, posteriormente calculados os índices de qualidade de muda relação altura e diâmetro do colo (H/DC), índice de qualidade Dickson (IQD) e dose máxima de eficiência técnica (DMET). Observamos que mudas de A. sellowiana e E. pyriformis produzidas em vasos de 280 cm³, respondem positivamente ao uso do fertilizante de liberação lenta e ao uso de composto orgânico agroindustrial porém não apresentaram bons resultados para o bokashi.

As sementes crioulas preservam variações genéticas de grande importância e utilidade para a agricultura. Dentre as espécies cultivadas, o milho se destaca com a sua interação no processo histórico de estruturação da civilização humana e sua aplicação na alimentação devido ao seu valor nutricional, além de apresentar alta variabilidade genética e adaptativa. Compreendendo as demandas atuais da agricultura, o presente projeto teve como objetivo coletar e avaliar variedades de milho crioulo da região Norte de Santa Catarina através de feiras e visitas técnicas, com auxílio do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR). Para verificar o potencial produtivo das variedades coletadas, estas foram submetidas ao teste de estresse hídrico utilizando diferentes doses do polietilenoglicol 6000, avaliando: teor de germinação; qualidade das plântulas; tamanho do sistema radicular; peso fresco da parte aérea; peso seco da parte aérea; peso fresco do sistema radicular; e peso seco do sistema radicular. Todo o experimento foi conduzido no laboratório de Química Analítica do Instituto Federal Catarinense (IFC), Campus Araquari. Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância (5% de probabilidade pelo teste F), salientando que o comportamento dos genótipos estudados foram semelhantes aos potenciais de -0,6 e -0,8MPa. Através do teste de médias por Tukey, o milho de Pipoca Preto obteve destaque sob os potenciais osmóticos -0,2 e -0,4MPa. Ressalta-se a necessidade de novas pesquisas, atribuídas a diferentes linhas de projeto que abordem o resgate dos conhecimentos tradicionais associados das sementes coletadas e as demais espécies de interesse agrícola.

A batata-doce é uma espécie da família das convolvuláceas, com origem provável entre o México e o Norte da América do Sul. Dentre os genótipos com potencial econômico destaca-se a cultivar biofortificada Beauregard (Ipomoea batatas), por apresentar rusticidade e fácil manejo. Os fertilizantes de liberação controlada foram utilizados em sua maioria em trabalhos desenvolvidos em outros países, sendo necessário o seu estudo em condições edafoclimáticas brasileiras. Este estudo teve como objetivo avaliar o desenvolvimento da cultivar biofortificada Beauregard, submetida a diferentes tecnologias de fertilização em sistema de cultivo vertical. Aos 180 dias foram avaliados parâmetros biométricos e de produção. A aplicação do fertilizante de liberação controlada apresentou efeito positivo na produção da cultivar estudada, favorecendo o desempenho das plantas e promovendo o incremento especialmente em altura, comprimento de ramos e número de folhas. A aplicação de base do fertilizante de liberação controlada e a de fertilizante NPK tradicional promovem maiores produtividades de massa seca de parte aérea e de raiz quando comparadas a plantas não fertilizadas no cultivo de batata-doce em sistema vertical.

Diante da problemática ambiental tanto no meio rural, quanto urbano, a escassez dos recursos hídricos vem se tornando cada vez mais frequente. As atividades agroalimentares, estão se tornando cada vez mais intensas diante das necessidades atuais globais, alterando o meio ambiente, desta forma, torna-se necessário estudar alternativas, medidas de manejo e gerenciamento adequado dos resíduos oriundos da atividade de suinocultura, pois a falta dele impacta o meio ambiente, como a poluição dos recursos hídricos, contaminação do solo, lençol freático etc. No intuito de otimizar o gerenciamento desses resíduos, despertou-se o interesse em diagnosticar os impactos ambientais ainda gerados, com objetivo de buscar soluções, alternativas tecnológicas no controle da poluição de modo a minimizar, reduzir esses impactos recorrentes na atividade da suinocultura. Nesse sentido, esse estudo teve como objetivo estudar a partir de uma revisão as espécies de plantas já utilizadas como fitorremediadoras em efluentes de suinocultura, analisando seus principais parâmetros físico-químicos e biológicos de remoção de poluente. Além da revisão, também implantou um sistema experimental de pós-tratamento de efluentes suinícolas, baseado no plantel existente da Unidade de Ensino e Aprendizagem do IFC - Campus Araquari SC, através de fitorremediação, sistemas Alagados Construídos, também denominados Wetland, utilizando as espécies Brachiaria do brejo (Brachiaria arrecta) e a Trapoeraba (Commelina benghalensis). Foram avaliados os parâmetros físico-químicos como: DBO, DQO,N, P, Temperatura e pH e ainda comparando com a atividade enzimática ocorrida durante o processo de degradação, através da análise FDA.

São inúmeras as pesquisas cientificas publicadas ao longo dos anos por estudiosos e instituições de renomes mundiais, demonstrando que as fontes de energia tradicionais como petróleo, gases, entre outras, além de serem finitas trazem um prejuízo ambiental enorme ao planeta. Desta forma, é necessário pensar em alternativas antagônicas a esta trajetória autodestrutiva, que nações vem seguindo nos últimos séculos. A luz provinda do sol é gratuita e se apresenta em abundância na superfície terrestre. Além disso, a ciência que estuda a transformação dessa energia em eletricidade, já existe à pelo menos um século. Portanto, quais são os motivos deste tipo de energia ainda não ser difundida? Dentre os vários motivos, que vão desde a falta de interesse dos grandes grupos globais em detrimento da prioridade aos combustíveis fosseis, ao alto custo de produção e importação dos elementos que constituem um sistema de geração de energia fotovoltaico. Além destes, outro fator a se considerar é a ausência de contato da população com este tipo de tecnologia. Levando em consideração este último fator, o presente trabalho objetivou o desenvolvimento de uma maleta didática de baixo custo, em relação as existentes no mercado, para sua utilização no ensino e futura apresentação na comunidade. A maleta também será um centro de conhecimento, tanto para os profissionais em formação nas instituições e nas escolas. O presente trabalho descreve o método de dimensionamento, montagem e outras atividades relacionadas ao desenvolvimento deste produto. A maleta também poderá ser replicada em outros centros de ensino, além de futura inclusão em incubadora institucional, com a finalidade na criação de protótipos de baixo custo para as instituições de ensino.

As unidades de conservação como as Reservas Particulares de Patrimônio Natural (RPPN) demandam informações sobre suas áreas protegidas. Neste sentido, mapa da vegetação são de grande importância para a sistematização dos dados e estudos da biogeografia a ser protegida. No entanto, as dimensões dos fragmentos florestais impõem um desafio metodológico na identificação de outras classes temáticas não contempladas, visto que foram generalizadas ou mesmo não representadas em função da escala dos mapas oficiais. Para isto é oportuno discutir metodologias que possibilitem o reconhecimento da heterogeneidade em fragmentos florestais a partir da combinação de imagens de satélite e imagens de drone, todas multiespectrais. O presente trabalho aborda técnicas de processamento de imagens, uma proposta de determinação da heterogeneidade da vegetação em um fragmento florestal em uma área de Floresta Ombrófila Densa (FOD), do bioma da Mata Atlântica no litoral norte de Santa Catarina. A partir deste estudo de caso, identificou-se três padrões diferentes de vegetação em uma área classificada como FOD. A metodologia se mostrou oportuna para os estudos com poucas áreas amostrais o que pode ainda pode direcionar futuras expedições mais assertivas, a partir de informações obtidas remotamente.

Somente no estado de Santa Catarina, entre junho de 2016 e maio de 2017, foram produzidas 5.196.924 toneladas de resíduos sólidos industriais. O coprocessamento é uma tecnologia de destinação deste material em alternativa ao aterro industrial de forma a utilizar o resíduo como matéria prima e combustível alternativo ao cimento introduzindo uma economia circular aos diversos processos. Porém, por questões de qualidade do produto, a indústria cimenteira ao introduzir estes materiais em seu processo, necessita de algumas medidas de controle, como teores de poder calorífico, cloro e mercúrio. Algumas indústrias intermediárias, chamadas de Unidades de Blendagem, realizam o preparo e mistura deste material e fazem o processo de controle da qualidade dos parâmetros citados como também de granulometria e umidade. Porém, devido a estas diversas características, nem todo resíduo pode ser utilizado na indústria cimenteira e, portanto, há a necessidade do melhor entendimento do material de cada tipo de indústria para destino para coprocessamento. Para o presente trabalho, a indústria de escolha foi a moveleira, visto que a Unidade de Blendagem de estudo está localizada em um polo deste setor no Brasil e grande porcentagem do material destinado vem dela. Assim, seis resíduos desta indústria foram analisados e serviram de base para um sistema de dados que será utilizado para tomada de decisão na criação do blend de resíduos produzido para envio para coprocessamento. As conclusões se deram que, partindo do ponto de legislação, o resíduo moveleiro cumpre todas as características necessárias, mas quando comparado a critérios internos das cimenteiras, o material moveleiro ainda pode ser melhorado misturando-se com outros de indústrias diversas.

O crescimento populacional e a alteração no estilo de vida das pessoas acarretam o aumento na geração de resíduos sólidos, tornando a sua destinação, um grande desafio. A reciclagem do ferro, processo de transformação de resíduos que envolve a alteração de suas propriedades com vistas à transformação em insumos ou novos produtos, cresce na medida que o consumo deste metal também aumenta. O resíduo fino (<8mm) gerado no processo de beneficiamento da sucata metálica ferrosa apresenta aspecto de solo e atualmente é destinado ao aterro industrial. A proposta deste trabalho foi utilizar o resíduo fino gerado no pátio de sucata da empresa Coretrans Comercial Ltda, na produção de blocos de concreto para pavimentação do tipo Paver. Na primeira etapa da pesquisa, foi realizada a caracterização físico-química para determinar a classificação do resíduo. Na segunda etapa, o resíduo classificado como classe IIA não inerte e não tóxico foi utilizado para análises de granulometria e massa específica para avaliar a viabilidade de utilização como um agregado da construção civil e escolher o componente mais adequado para substituição na construção do protótipo. A partir dos resultados obtidos, foram produzidos blocos de concreto substituindo o pó de brita pelo resíduo em 5% e 15%. Os ensaios químicos realizados demonstraram o encapsulamento dos contaminantes nos blocos de concreto que, ainda, apresentaram desempenho mecânico e físico semelhantes ao referencial comercial. Desta forma, os testes demonstraram a viabilidade da fabricação de blocos de concreto para pavimentação utilizando o resíduo fino em substituição de 15% ao pó de brita, evidenciando sua aplicabilidade na construção civil.

As fragilidades vinculadas ao inadequado uso e ocupação do solo, assim como a ausência de planejamento territorial tem ocasionado áreas com fragilidades ambientais nos municípios. Essa problemática torna-se ainda maior quando as áreas urbanizadas são expostas a elevados e rápidos crescimentos, demandados pelo desenvolvimento econômico e que trazem em consequência um resultado de ocupações em áreas de vulnerabilidade ambiental. Por outro lado, temos o setor público que, necessita demandar ações para melhorar e minimizar os danos relacionados ao não planejamento territorial ambiental. O presente estudo teve como objetivo desenvolver uma matriz de risco ambiental do uso e ocupação do solo para um município de até 50 mil habitantes. O processo metodológico para elaboração da matriz de risco, estabeleceu indicadores ambientais em dois eixos: serviços ecossistêmicos e socioambientais. Os indicadores foram definidos com validação da legislação e com as metas estabelecidas nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) e Programa Cidades Sustentáveis (PCS). Para cada indicador ambiental foram estabelecidos critérios de intensidade em função de diferentes referências. Para a elaboração da matriz de risco, os critérios de intensidade ambiental foram somados com a magnitude e a importância de dano ambiental definidos na ferramenta de avaliação de impactos ambientais da matriz de Leopold, propondo uma pontuação de risco ambiental. A associação dessas características possibilitou criar uma matriz menos subjetiva com potencial para identificar os indicadores de maior relevância para o planejamento territorial de um município.

A coturnicultura é uma atividade que demanda baixo investimento e rápido retorno, por apresentar uma alta produção de ovos, sendo estes os principais produtos em escala industrial, já que a carne ainda é considerada exótica pelos consumidores. A utilização dos dejetos para a geração de energia por biodigestão anaeróbica pode significar uma tecnologia viável e promissora para obtenção de biogás originado dos sistemas de produções de animais confinados que demandam um elevado consumo de eletricidade. A crescente demanda por energia faz com que novas fontes energéticas sejam mais aproveitadas. Uma grande alternativa para o crescimento de novas fontes pode ser a utilização da biomassa em sistemas de biodigestão anaeróbica, em que o substrato orgânico é degradado e transformado em energia e biofertilizante. O estudo buscou investigar a utilização do dejeto líquido da coturnicultura (DLC) com sistema de tratamento de lâmina d´água e o seu potencial de produção de biogás e de geração de energia elétrica em biorreatores anaeróbicos de batelada. Nos resultado obtidos, utilizando o método de ensaio BMP, através de biorreatores em bancada de volume de 250 mL, e em condições mesófilas, foi constatado que a melhor monodigestão utilizada foi inóculo + substrato de 30 dias de deposição, com tempo de retenção hídrica de 45 dias, o qual apresentou maior produção de biogás (0,00078476 Nm³) e metano (0,000575 Nm³). Quando comparados a proporção de 1 m³ de biomassa do DLC, resultou numa produção 4,36 m³ de biogás a cada 45 dias de retenção no biorreator. E quando convertido em energia elétrica através do uso de um motogerador utilizando como combustível o biogás produzido pelo DLC, obtêm-se o valor de 9,30 kwh/dia ou 104,64 kwh/45 dias.

Como efeito do crescimento urbano desordenado, as cidades encontram problemas associados ao risco e degradação ambiental, os quais afetam diretamente a população com baixo poder econômico. Não sendo possível avaliar isoladamente a situação de vulnerabilidade social e ambiental, considerando que há um vínculo territorial pela posição financeira, a presente pesquisa teve como objetivo mapear as áreas de vulnerabilidade socioambiental de Joinville-SC. Os procedimentos metodológicos utilizados consistem na aplicação de 15 indicadores sociais e ambientais nos 770 setores censitários, incorporados a técnicas de geoprocessamento e ao método Analytical Hierarchy Process (AHP). Como resultado teve-se que 3,66% da extensão da área de estudo está em baixa vulnerabilidade, 8,87% em média e 87% em alta, associado ao fato que o Centro e os bairros adjacentes não abrem espaço para a população pobre se inserir, havendo uma contínua expansão desordenada, com novas comunidades se estabelecendo em áreas de vulnerabilidade ambiental. Para apresentar os resultados obtidos, o presente relatório contém oartigo final submetido para publicação na revista Saúde e Sociedade e o Atlas de VulnerabilidadeSocioambiental de Joinville-SC. Por fim, conclui-se que a análise utilizando o método multicritério em SIGproporcionou resultados satisfatórios para a identificação das áreas de vulnerabilidade.

A ovariohisterectomia é um procedimento importante tanto para a saúde e o bem-estar animal quanto para a sociedade. Há, no entanto, uma predisposição do animal a hipotermia, decorrente do procedimento anestésico. Com o objetivo de estudar o efeito do piso radiante hidráulico na temperatura corporal de cadelas durante a recuperação anestésica foram observados 130 animais submetidos à ovariohisterectomia, todos provenientes do Centro de Castração e Identificação Animal de Araquari (CCIAA). Avaliou-se parâmetros fisiológicos, tais como coloração da mucosa oral, temperatura retal, frequência respiratória e cardíaca em animais alojados em baia com piso radiante hidráulico (CP) e baia com cobertor (SP). As avaliações ocorreram entre o período de entrada do animal (T0) no CCIAA até o retorno dele ao lar (T4). Para análises da relação dos parâmetros fisiológicos com as condições físicas dos animais foram criados dois subgrupos: um baseado no tamanho (pequeno, médio e grande) e outro na idade (jovens e adultos). A relação entre os parâmetros fisiológicos e a temperatura ambiente foi estudada dividindo-se o período experimental em dias frio, moderado e quente. Os resultados foram submetidos à análises de qui-quadrado e variância para dados não normais. As análises foram feitas ao nível de 5% de probabilidade de erro. O piso radiante hidráulico mostrou-se mais eficiente na recuperação anestésica dos animais, independente de porte e idade. Além disso, observou-se maior necessidade do sistema de aquecimento em dias com temperaturas baixas. Portanto, o piso radiante hidráulico é uma medida eficaz e segura no método de aquecimento na prevenção da hipotermia no pós operatório.

Os cemitérios são atividades potencialmente causadoras de impactos ambientais. Sua instalação em ambiente com meio físico adequado é fator determinante para evitar impactos, principalmente com relação a deterioração da qualidade da água subterrânea. Nesse sentido, a Resolução do CONAMA nº 335/03 estabelece alguns critérios técnicos voltados a geologia e hidrogeologia que devem ser respeitados no projeto e execução desses espaços. Desta forma com objetivo de estudar o meio físico da área onde está instalado o cemitério municipal de Araquari-SC, principalmente com relação ao coeficiente de permeabilidade do solo, índice de infiltração e nível freático, foram realizadas perfurações para coleta de material e instalações de poços de monitoramento viabilizando a determinação do nível freático e a coleta de amostras de água subterrânea. Os resultados levaram-nos a concluir que o meio físico da área objeto de estudo é inadequado para a instalação de cemitérios e por consequência há contaminação de água subterrânea por necrochorume. Diante da ausência de programas públicos voltados a informar os gestores de cemitérios sobre a importância de regularizar esses espaços, o presente trabalho oferece como produto final um Manual Digital de Regularização Ambiental de Cemitérios com finalidade de fornecer informações de forma objetiva e em linguagem acessível de como regularizar esta atividade potencialmente poluidora.